A propósito da Colecção digitalizada de revistas porno portuguesas (à qual o servidor onde as tenho bloqueou o acesso por excesso de tráfego), comentou o Triângulo Felpudo:
"Lá se foi a oportunidade. E eu que estava prestes a fazer uma edição de autor, de capa dura, páginas convenientemente plastificadas e em vários tomos da Gina...
E os jornais? Era algo que me fascinava quando era miúdo e me acercava dos quiosques forrados com títulos como «Sexy Club» e «Sexus»: como seria a redacção desses jornais? Qual era a periodicidade dos mesmos? Teria uma secção com correio dos leitores? Imaginava uma reunião do conselho editorial, escolhendo as peças, decidindo reportagens, montando a capa... Invejava a arte do jornalismo. Claro que o mamaçal em barda, cricas que pareciam castores cantando tirolês e os títulos onde a palavra 'orgasmo' abundava, eram também focos de atracção para o petiz que fui. Que é feito do jornal porno? Toda a gente lamenta o definhar da revistinha canholeira, mas... e o periódico do refustedo, o saudoso Sexy Club?
... Onde tornaremos a ler textos que começam com «Lothar estava a ter um dia difícil, quando bateram à porta»?
Numa recente tertúlia em pelota com uma delegação escandivana, durante o intervalo dos trabalhos, defendi a minha convicção de que atravessamos uma idade média na pornografia, não obstante a abundância e facilidade de acesso. Depois não pude desenvolver, por não ser capaz de simultaneamente me entregar ao espasmo e à metafísica (Escandinava, obviamente)."
29 outubro 2013
«Quadrifólio» - Susana Duarte
Nascem trevos das pontas dos teus dedos, e de teus trevos nascem flores
azuis. Dedilhando canções ou…trocando segredos, as flores são sonhos,
as flores são medos, litania cantada em noite de trovoada e as palavras…segredos
( de noites sem fim).
Segredos sussurrados onde demos a mão e seguimos na eira, povoada
por fantasmas de outra canção. Saio de ti, em ti saio de mim, e entro na água
que me percorre, no seio da lua onde deixei a Luz incerta abrigada
(e os trevos me deram a mão).
As barcarolas seguem caminho onde sonhei… nascem segredos da ponta
dos dedos. Fico de mão dada contigo, e de ti leio sinais. Sinais de passagem,
sinais de ilusão… sinais de sinais na ponta da mão onde o sol desponta
(e a noite entoa-te em mim).
Nas palmas, nas palmas das mãos, tens trovas invulgares e séculos de paixão,
cantados num Cancioneiro onde agitei a luz e te disse que estou aqui, de vento
na lua e dedos na alma, onde um sábio guerreiro parou e lavou a voz da solidão
(de trevos que nascem da tua, de trevos que nascem da minha mão).
És o Romanceiro onde o sol flutua e a noite é a voz que acalma o canto
da coruja. Pois és vida e saber, reflectidos na água, sussurrados na planície
onde a estrela branca do dia encantou e sussurrou a promessa e o encanto.
(E ali, jurou… ).
E da jura, nas pontas dos dedos nasceram trevos. Erva-do-amor. Flor
eterna, eterno trovador, que as asas do sol e o azul do mar, fizeram terna luz.
(Nascem trevos)
…………………das pontas dos teus dedos……………………
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
azuis. Dedilhando canções ou…trocando segredos, as flores são sonhos,
as flores são medos, litania cantada em noite de trovoada e as palavras…segredos
( de noites sem fim).
Segredos sussurrados onde demos a mão e seguimos na eira, povoada
por fantasmas de outra canção. Saio de ti, em ti saio de mim, e entro na água
que me percorre, no seio da lua onde deixei a Luz incerta abrigada
(e os trevos me deram a mão).
As barcarolas seguem caminho onde sonhei… nascem segredos da ponta
dos dedos. Fico de mão dada contigo, e de ti leio sinais. Sinais de passagem,
sinais de ilusão… sinais de sinais na ponta da mão onde o sol desponta
(e a noite entoa-te em mim).
Nas palmas, nas palmas das mãos, tens trovas invulgares e séculos de paixão,
cantados num Cancioneiro onde agitei a luz e te disse que estou aqui, de vento
na lua e dedos na alma, onde um sábio guerreiro parou e lavou a voz da solidão
(de trevos que nascem da tua, de trevos que nascem da minha mão).
És o Romanceiro onde o sol flutua e a noite é a voz que acalma o canto
da coruja. Pois és vida e saber, reflectidos na água, sussurrados na planície
onde a estrela branca do dia encantou e sussurrou a promessa e o encanto.
(E ali, jurou… ).
E da jura, nas pontas dos dedos nasceram trevos. Erva-do-amor. Flor
eterna, eterno trovador, que as asas do sol e o azul do mar, fizeram terna luz.
(Nascem trevos)
…………………das pontas dos teus dedos……………………
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
«The sensation of the Aquacade» - Tijuana bible
Tijuana bibles - bíblias de Tijuana (também conhecidas como eight-pagers, bluesies, gray-backs, Jiggs-and-Maggie books, jo-jo books, Tillie-and-Mac books e two-by-fours) eram pequenos livrinhos de banda desenhada pornográfica produzidos nos Estados Unidos da América entre os anos 1920 e início dos anos 1960.
Para quem tiver curiosidade em saber mais, recomendo o livro «Tijuana Bibles» de Bob Adelman publicado pela editora Taschen (que tenho na minha colecção).
Tenho dois exemplares. Este é um deles.
Para quem tiver curiosidade em saber mais, recomendo o livro «Tijuana Bibles» de Bob Adelman publicado pela editora Taschen (que tenho na minha colecção).
Tenho dois exemplares. Este é um deles.
28 outubro 2013
Anúncio de 1995 da Guinness que foi censurado - «Homens e mulheres não deviam viver juntos»
Este anúncio foi produzido em 1995 pela Ogilvy & Mather de Londres.
Grupos anti-homossexuais ficaram indignadíssimos e a Guinness retirou-o.
Grupos anti-homossexuais ficaram indignadíssimos e a Guinness retirou-o.
«conversa 2025» - bagaço amarelo
Ela 1 - Até dava umas voltas contigo, ó jeitoso!
Ela 2 - Foda-se! Não vês que ele é um velho?!
Ela 1 - É velho, mas não é como o teu pai.
Ela 2 - E tu já comeste o meu pai?
Ela 1- Não, mas ele está sempre a fazer ao piso, o cabrão.
Eu (só em pensamento) - Socorro!
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Luís Gaspar lê «Hino à beleza» de Charles Baudelaire
Virás do céu profundo ou surges do abismo,
Beleza?! o teu olhar, infernal e divino,
Gera confusamente o crime e o heroísmo,
E podemos, por isso, comparar-te ao vinho.
Conténs no teu olhar o poente e a aurora;
Expandes os teus odores qual noite de trovoada;
Teus beijos são um filtro e uma ânfora, a boca,
Tornando o herói cobarde e a criança arrojada.
Vens da treva mais negra ou descerás dos astros?
Encantado, o Destino é um cão que te segue;
Semeias ao acaso alegrias, desastres,
E por dominares tudo é que nada te interessa.
Caminhas sobre os mortos, que são o teu gozo;
Das tuas joias, o Horror é das que mais fascina,
E entre tais enfeites, o próprio Assassínio
Vai dançando feliz no teu ventre orgulhoso.
O insecto, deslumbrado, procura-te a chama,
Arde, crepita e diz: Benzamos esta luz!
O apaixonado trémulo, aos pés da sua dama,
Parece um moribundo a afagar o sepulcro.
Mas que venhas do céu ou do inferno, que importa,
Beleza! monstro ingénuo, assustador, excessivo!
Se o teu olhar, teus pés, teu riso, abrem a porta
De um Infinito que amo e nunca conheci?
De Satanás ou Deus, que importa?
Anjo ou Sereia, Se tu tornas – ó fada de olhos de veludo,
Ritmo, perfume, luz, ó rainha perfeita!
-Mais leve cada instante e menos feio o mundo?
(Tradução de Fernando Pinto do Amaral)
Charles Baudelaire
(Paris, 9 de abril de 1821 — Paris, 31 de agosto de 1867) foi um poeta e teórico da arte francesa. É considerado um dos precursores do Simbolismo e reconhecido internacionalmente como o fundador da tradição moderna em poesia, juntamente com Walt Whitman, embora se tenha relacionado com diversas escolas artísticas.
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Beleza?! o teu olhar, infernal e divino,
Gera confusamente o crime e o heroísmo,
E podemos, por isso, comparar-te ao vinho.
Conténs no teu olhar o poente e a aurora;
Expandes os teus odores qual noite de trovoada;
Teus beijos são um filtro e uma ânfora, a boca,
Tornando o herói cobarde e a criança arrojada.
Vens da treva mais negra ou descerás dos astros?
Encantado, o Destino é um cão que te segue;
Semeias ao acaso alegrias, desastres,
E por dominares tudo é que nada te interessa.
Caminhas sobre os mortos, que são o teu gozo;
Das tuas joias, o Horror é das que mais fascina,
E entre tais enfeites, o próprio Assassínio
Vai dançando feliz no teu ventre orgulhoso.
O insecto, deslumbrado, procura-te a chama,
Arde, crepita e diz: Benzamos esta luz!
O apaixonado trémulo, aos pés da sua dama,
Parece um moribundo a afagar o sepulcro.
Mas que venhas do céu ou do inferno, que importa,
Beleza! monstro ingénuo, assustador, excessivo!
Se o teu olhar, teus pés, teu riso, abrem a porta
De um Infinito que amo e nunca conheci?
De Satanás ou Deus, que importa?
Anjo ou Sereia, Se tu tornas – ó fada de olhos de veludo,
Ritmo, perfume, luz, ó rainha perfeita!
-Mais leve cada instante e menos feio o mundo?
(Tradução de Fernando Pinto do Amaral)
Charles Baudelaire
(Paris, 9 de abril de 1821 — Paris, 31 de agosto de 1867) foi um poeta e teórico da arte francesa. É considerado um dos precursores do Simbolismo e reconhecido internacionalmente como o fundador da tradição moderna em poesia, juntamente com Walt Whitman, embora se tenha relacionado com diversas escolas artísticas.
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Bullying masculino
Não importa a idade. Não importa a área. Sempre haverá piadas com bengas.
“HAHAHAHA, muito engraçado, Gerd! Só dá pra ver um pedaço porque o resto tá na sua mãe.”
Capinaremos.com
“HAHAHAHA, muito engraçado, Gerd! Só dá pra ver um pedaço porque o resto tá na sua mãe.”
Capinaremos.com
27 outubro 2013
Porta-Curtas - «Mentira»
Comédia
Director: Flávia Moraes
Elenco: Ellen Helene, Roney Fachini
Duração: 9 min
Ano: 1989
Sinopse: Um marido pacato e fiel percebe que uma mentira cabeluda pode ser mais segura que a verdade inocente. Baseado num conto de Luis Fernando Verissimo.
Director: Flávia Moraes
Elenco: Ellen Helene, Roney Fachini
Duração: 9 min
Ano: 1989
Sinopse: Um marido pacato e fiel percebe que uma mentira cabeluda pode ser mais segura que a verdade inocente. Baseado num conto de Luis Fernando Verissimo.
Contornos do calor
Lá íamos nós a chinelar da praia para o apartamento, tchec tchec tchec naquele passo amolecido que o sol e a água da praia provocam. É como se o esforço de exalar calor por cada poro da pele durante horas me fizesse desfalecer. E no entanto este aumento da temperatura corporal ao distribuir facilmente o sangue por cada canto de mim também me aumenta a energia como se acabadinha de sair de um aparelho de ginásio mesmo que naquele dia só lá estivessem barrigudos para lavar as vistas. É assim a modos como encher o peito de ar e, as mamas estivessem de dedinho no ar a gritar eu quero, eu quero uma massagem com o refresco da saliva que nestas ocasiões faz muito bem as vezes de um cubinho de gelo.
Ele continuava calado como se o peso da toalhita lhe retirasse o fôlego e avancei que talvez fosse bom lancharmos para ele arrebitar e porque o mar abre sempre o apetite. Ele concordou, pediu-me as chaves para abrir a porta e perguntou-me o que é me estava a apetecer. Dei-lhe as chaves na mão enquanto o pressionava contra a porta e fazia descair a minha mão direita que não sou canhota para o seu centro de gravidade, abrindo bem os dedos para abarcar todo o volume das massas em causa e lhe dizer que desde que proibiram as bolas de Berlim na praia mais vontade tenho delas com um niquito de leite fresco.
Ele continuava calado como se o peso da toalhita lhe retirasse o fôlego e avancei que talvez fosse bom lancharmos para ele arrebitar e porque o mar abre sempre o apetite. Ele concordou, pediu-me as chaves para abrir a porta e perguntou-me o que é me estava a apetecer. Dei-lhe as chaves na mão enquanto o pressionava contra a porta e fazia descair a minha mão direita que não sou canhota para o seu centro de gravidade, abrindo bem os dedos para abarcar todo o volume das massas em causa e lhe dizer que desde que proibiram as bolas de Berlim na praia mais vontade tenho delas com um niquito de leite fresco.
26 outubro 2013
«Da falácia» - João
"Do casamento fica a amizade. A paixão vai-se, e o amor também vai desaparecendo, ficando uma amizade que mantém as pessoas unidas ao longo de uma vida. Quantos de vós ouviram a frase que acabei de escrever? Eu ouvi. E conheço outras pessoas que ouviram o mesmo, normalmente dita pelos pais, sobrevivendo eles mesmos em casamentos de várias dezenas de anos. A mim foram os meus pais que mo disseram, que do casamento apenas sobra a amizade. Estou seguro que, antes deles, também os seus pais lhes disseram o mesmo. E sempre assim, recuando no tempo, esta ideia que, bem espremida, significa apenas isto “contenta-te. Vão desaparecer-te as borboletas mas aguenta-se, que é mesmo assim”.
Acho criminoso. Poderá ser bem intencionado. Não duvido disso. Mas é criminoso. É uma ideia tóxica, que mata, que reduz, que amarrota o prazer da vida, que desde muito cedo nas nossas existências nos faz pensar que é normal, expectável, porventura até desejável, que a vida se desenrole assim, com paixões, amores, e suaves amizades que no fim se sobrepõem às primeiras. Obviamente não discuto o valor da amizade. A amizade tem de existir. As pessoas não podem ser apenas fodilhonas umas perante as outras. Tem de existir carinho, tem de existir preocupação. Tem de existir a genuína vontade do “bem” do outro, tudo isso é verdade. É verdade, também, que numa vida longa o corpo dará lugar à mente, e esta lembrará com saudade as coisas que o corpo outrora permitia. Mas tudo isso tem um lugar e um tempo. E só precisa acontecer se a matéria se debilitar de uma forma desajustada ao desejo. De outro modo, vender aos filhos a ideia de que vão casar para viver com amigos, é, repito, tóxico.
Temos a obrigação de fazer diferente enquanto pais. Um dia, mais tarde, quando tiver de falar sobre casamento à minha descendência, tentarei explicar que um casamento exige investimento, exige trabalho. Que as borboletas, para se manterem, exigem investimento contínuo ao longo da vida, quando existe sintonia, quando existe encontro, entre as pessoas. E que, se essa sintonia não existir, nenhum investimento dará fruto. Mas nunca, jamais, em tempo algum, direi “olha, no fim, fica a amizade”. Não. Direi, da forma que melhor me aprouver, que cultivem o tesão, que se fodam enquanto existir corpo, que se comam com os olhos, que se valorizem, e que embora devam ter carinho (aquele carinho que sustenta os velhos do nosso mundo, a quem idade deixou de sorrir), nunca devem perder a malícia do olhar e dos trocadilhos com as palavras. Mesmo quando os gestos já não forem iguais."
João
Geografia das Curvas
Acho criminoso. Poderá ser bem intencionado. Não duvido disso. Mas é criminoso. É uma ideia tóxica, que mata, que reduz, que amarrota o prazer da vida, que desde muito cedo nas nossas existências nos faz pensar que é normal, expectável, porventura até desejável, que a vida se desenrole assim, com paixões, amores, e suaves amizades que no fim se sobrepõem às primeiras. Obviamente não discuto o valor da amizade. A amizade tem de existir. As pessoas não podem ser apenas fodilhonas umas perante as outras. Tem de existir carinho, tem de existir preocupação. Tem de existir a genuína vontade do “bem” do outro, tudo isso é verdade. É verdade, também, que numa vida longa o corpo dará lugar à mente, e esta lembrará com saudade as coisas que o corpo outrora permitia. Mas tudo isso tem um lugar e um tempo. E só precisa acontecer se a matéria se debilitar de uma forma desajustada ao desejo. De outro modo, vender aos filhos a ideia de que vão casar para viver com amigos, é, repito, tóxico.
Temos a obrigação de fazer diferente enquanto pais. Um dia, mais tarde, quando tiver de falar sobre casamento à minha descendência, tentarei explicar que um casamento exige investimento, exige trabalho. Que as borboletas, para se manterem, exigem investimento contínuo ao longo da vida, quando existe sintonia, quando existe encontro, entre as pessoas. E que, se essa sintonia não existir, nenhum investimento dará fruto. Mas nunca, jamais, em tempo algum, direi “olha, no fim, fica a amizade”. Não. Direi, da forma que melhor me aprouver, que cultivem o tesão, que se fodam enquanto existir corpo, que se comam com os olhos, que se valorizem, e que embora devam ter carinho (aquele carinho que sustenta os velhos do nosso mundo, a quem idade deixou de sorrir), nunca devem perder a malícia do olhar e dos trocadilhos com as palavras. Mesmo quando os gestos já não forem iguais."
João
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