09 novembro 2013

«Enlevo» - João

"Numa fila onde me detenho, observo um casal que alguns metros à frente se abraça e beija. Vejo-me tomado por um sorriso, e sem saber exactamente porquê, bebo dessa cena e deixo-me enlevar pelos sorrisos deles, pelo beijo que partilham, pelos corpos que se aquecem. Ou, noutro momento, vejo uma mulher bonita, com umas coxas de que gosto e que me despertam memórias, e novamente sorrio. Porque não sorrir, afinal. O sorriso começa fraco, mas eis que noto que se expande, que a boca se alonga, que os dentes espreitam, e a dado instante estou quase mergulhado nas minhas ideias, nas coisas que pulam em mim, as sinapses rebeldes.
Observo um copo de Gin, vejo os barcos ondulantes, o sol nas águas azuis, eu na sombra e o gelo que derrete devagar, as gotas que escorrem no copo, e penso no outro lado da esquina, nas pernas das mesas, deixo-me embalar pelos ruídos das gentes que falam longe, da brisa que me beija os ouvidos, e sossego. Percebo que não há tempo, que o relógio é só adorno, mecânica vazia, que importa sempre chegar, nem que seja em último. Mas chegar, chegar lá, cruzar mesmo a linha, saber que se conseguiu.
Das dificuldades vamos encontrando maneiras de respirar. As portas que se fecham, ou que ficam entreabertas, dão lugar a janelas, a olhares comprometidos que se lançam a coberto de finas cortinas. O sol abafado do Verão dará lugar aos dias curtos, aos amores de Inverno, aqueles que começando no frio prometem durar, porque não foram facilidades de corpos desnudos e quentes em olhares libidinosos de Verão. Os amores de Inverno são mais fortes, porque cortaram o frio, porque brilharam nas tardes cedo escuras e não derreteram nas chuvas das madrugadas levadas solitárias nas estradas de regresso, galgando quilómetros vazios.
E, furando o nosso enlevo, o mundo diz-nos que pensemos bem em tudo, que ponderemos tudo muito bem. O mundo faz isso em relação a tudo. Às coisas grandes e às pequenas. E quanto mais se pensa mais o parafuso se enrosca em direcção ao núcleo do planeta, mais fundo vão as âncoras. As nossas cabeças são computadores paradoxais. Complexos, mas limitados. Damos nós facilmente. Quanto mais processamos, menos vemos. Quanto mais procuramos explicar, mais camadas fósseis encontramos. Tentar ver para lá do vidro fumado é incrivelmente difícil, e as cartas do jogo nunca param de cair sobre a mesa, e os dados nunca deixam de lançar-se, e sempre que um degrau se sobe, outro surge. Estar vivo é muito bom, sentir coisas e saber que são verdade é muito bom, mas bom não equivale a fácil. E parte daquilo para o que cá andamos é conseguir responder “para quê?”. “Porquê?”. No dia em que conseguirmos responder a isso, saberemos se foi justo ou desperdício. Mas, mais que tudo isso, saberemos abrir as portas, as janelas, expulsar os fumos, e viver o enlevo, como tudo, como sempre."

João
Geografia das Curvas

Alguns dos jogos de tabuleiro e de mesa da minha colecção


Um sábado qualquer... - «Novelas»



Um sábado qualquer...

08 novembro 2013

Se o JF não comentasse nem reparava que este blog faz hoje 10 anos!


"E chega hoje mais um aniversário d'a funda são, a São a fazer acrobacias desde 2003!
Parabéns por mais um ano de muito tesão e serviço púbico!"
JF

Por coincidência, hoje houve mudanças no servidor onde o domínio afundasao.com está alojado. Por isso o blog esteve inacessível durante umas horas e os comentários ainda não estão operacionais. Mas isto vai ao sítio.

2013-11-12 - 4 dias depois, os comentários finalmente voltaram a estar operacionais.

margarida

 não é flor que se cheire

Raim on Facebook

Para apreciadores de bilhar...

... vejam onde a bola se enfia aos 0m23s.

Silvia Saint

Era uma criança rosada, de formas cheias, saudáveis, responsável por inesperadas aparições de tranças e tótós trigueiros na cozinha da avó, entre as giestas em flor do recreio na escola, ou no meio dos acólitos que apoiavam a liturgia da missa. Pequena aplicada, a sua disciplina favorita era o Meio Físico e Social, o seu passatempo o desenho com lápis de cera e nunca se furtava a cantilenas, sobretudo em tempo de janeiras, com o fito posto naquela rara malguinha de vinho quente com açúcar e canela. Esses, foram os dias de uma infância fantasiando com a pastelaria do porvir, onde pontificariam fortes em pastel, templos gregos de capitéis jónicos em chocolate branco, castelos bávaros com torres de caramelo ambarino.
Não suspeitava que anos depois seria ela mesma fonte de fantasia para milhões de pessoas, e que a sua padaria serviria de forno a múltiplos, grossíssimos cacetes.

Sempre que alguém conjecturar diante de vós sobre o futuro dos seus petizes, meditai nestas palavras.

É D'ArTesão

Ontem voltei a tentar fazer o amor.
Não sei se foi por ter usado plasticina, mas não ficou nada parecido.

«Os acrobatas» - Jaroslav Štika


Jaroslav Štika (1906-1940) - antiga Checoslováquia (actual República Checa)
Via my friend Bernard Perroud

07 novembro 2013

«La Pudicizia (a Modéstia)» - Antonio Corradini, 1751 - Cappella Sansevero - Museu de Nápoles

Desconhecia esta estátua mas o José Carlos Igreja apresentou-ma na minha página do Facebook (que já tem 1.100 gostos).
O seu autor é Antonio Corradini (1668-1752) e ficou conhecido principalmente pelas suas mulheres com véus, como é o caso desta «La Pudicizia», exposta na Cappella Sansevero, em Nápoles:






O coelho punk e o sapo aflito

Esta estatueta, com 45 centímetros de altura, fazia parte de um dos expositores do 1º Salão Erótico de Lisboa, realizado em 2005.
Quando a comprei, na minha visita ao SIEL, disse-me o vendedor:
- Leva a peça mais fotografada deste Salão.

Do primeiro Salão Erótico (que na altura baptizei de ExpoFoda) não tenho imagens. Mas do segundo há uma página de parceria com o Pedro Laranjeira e reportagens feitas pelo Luis Graça para a funda São.

«As artes circenses do chupanço» - Patife

Esta achava-se uma fada. Mas a pinar não fazia magia alguma. Dei-lhe uma fodinha de condão e mesmo assim não atingia patamares de elevada qualidade fodilhona. Tive de fazer uma pausa na pranchada para imaginar como dava a volta à coisa e pensei: Tenho aqui um belo bico d´obra. E foi assim que na mesma frase formulei o problema e encontrei a solução, virando-a para o bico. E, oh, que solução tão arrebatadora. As coisas que aquela magana fazia com a boca são dignas de artista de circo. Assim que me começou a mamar no palhaço a tenda ficou logo montada na sua boca. O palhaço, esse, estava logo à boca de cena pronto para a festa. Mas era apenas um pequeno vislumbre do que estava para se passar a seguir. A gaja orquestrava coisas com a língua que fizeram o Pacheco sentir-se um acrobata da mais fina técnica, tais as cambalhotas que o meu pincel conseguiu fazer naquela boquinha mágica. A língua malabarista não parava um segundo, ostentando com sobranceria técnicas de abocanhamento e de lambuzice inimagináveis. Passava de uma técnica para a outra com a velocidade de um trovão e com uma intensidade capaz de lhe arruinar o esmalte. Estava eu já em êxtase a julgar-me no paraíso das sugadores de cornetas, quando o circo da sua boca apresentou um acto de elevada perícia e extremo perigo. Não parecia mais uma malabarista, mas sim uma autêntica engolidora de espadas em fogo. E lá foi a picha em brasa pela goela abaixo como nunca antes visto. Como é que esta garganeira do oral conseguiu enfiar todos os 30 centímetros de verga e ainda arranjar espaço para encaixar duas generosas bolas na bocarra, juro que não sei. Mas com este movimento mostrei-lhe que também sei fazer performances circenses e aqui o meu marsapo fechou o espectáculo com uma recriação do homem-bala, tal a pujança com que a meita saiu do meu canhão.

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Colares são para mulheres!

Crica para veres toda a história
As jóias ardentes da morte


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