A correcção marital.
Reprodução, num pequeno prato em estanho com 9,5 cm de diâmetro, de um casal no topo de uma coluna da igreja de Brou, em Bourg-en-Bresse (França).
19 novembro 2013
18 novembro 2013
«coisas que fascinam (162)» - bagaço amarelo
Por causa desses toques, caminhámos em silêncio durante uma parte importante da nossa vida, unidos pelos dedos. Uma vez parámos num pequeno café em Espanha, a caminho de lugar nenhum. Lembro-me das ruas desertas, do calor intenso e do estranho sabor agridoce na boca, logo pela manhã. Era ali que eu tinha prometido levá-la, para a devolver a casa depois daquele tempo que decidimos ser o nosso. Deu-me um abraço, estendeu-me a palma da mão esquerda no ar e colou a dela à minha. Ao afastá-la, brincámos com as pontas dos nossos dedos, como se todos os toques estivessem ali guardados.
Acho que ainda estão. Eu, pelo menos, ainda os sinto.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Luís Gaspar lê «Os noivos» de autor desconhecido
O noivo escreveu um poema para a noiva pouco antes do casamento:
Que feliz sou, meu amor!
Domingo estaremos casados,
O café da manhã na cama,
Um bom sumo e pães torrados
Com ovos bem mexidinhos
Antes de ir p’ ró trabalho
Tudo pronto bem cedinho
P’ra inda ires ao mercado
Depois regressas a casa
Rapidinho arrumas tudo
E corres pro teu trabalho
Para começares o teu turno
Tu sabes bem que, de noite
Gosto de jantar bem cedo
De te ver toda bonita
Com sorriso ledo e quedo
Pela noite mini-séries
Cineminhas dos baratos
E nada, nada de shoppings
Nem de restaurantes caros
E vais cozinhar p’ra mim
Comidinhas bem caseiras
Pois não sou dessas pessoas
Que só comem baboseiras…
Já pensaste minha querida
Que dias gloriosos?
Não te esqueças, meu amor
Qu’em breve seremos esposos!
Como resposta, a noiva escreveu um poema para o noivo:
Que sincero meu amor!
Que linguagem bem usada!
Esperas tanto de mim
Que me sinto intimidada
Não sei de ovos mexidos
Como tua mãe adorada,
Meu pão torrado se queima
De cozinha não sei nada!
Gosto muito de dormir
Até tarde, relaxada
Ir ao shopping fazer compras
de Visa, tarjeta dourada
Sair com minhas amigas,
Comprar roupa da melhor
Sapatos só exclusivos
E as lingeries p’ró amor
Pensa bem… ainda há tempo
A igreja não está paga
Eu devolvo o meu vestido
E tu o fato de gala
E domingo bem cedinho
Em vez de andar aos “AIS”,
Ponho aviso no jornal
Com letras bem garrafais:
Homem jovem e bonito
Procura escrava bem lerda
Porque a ex-futura esposa
Decidiu mandá-lo à merda!
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Que feliz sou, meu amor!
Domingo estaremos casados,
O café da manhã na cama,
Um bom sumo e pães torrados
Com ovos bem mexidinhos
Antes de ir p’ ró trabalho
Tudo pronto bem cedinho
P’ra inda ires ao mercado
Depois regressas a casa
Rapidinho arrumas tudo
E corres pro teu trabalho
Para começares o teu turno
Tu sabes bem que, de noite
Gosto de jantar bem cedo
De te ver toda bonita
Com sorriso ledo e quedo
Pela noite mini-séries
Cineminhas dos baratos
E nada, nada de shoppings
Nem de restaurantes caros
E vais cozinhar p’ra mim
Comidinhas bem caseiras
Pois não sou dessas pessoas
Que só comem baboseiras…
Já pensaste minha querida
Que dias gloriosos?
Não te esqueças, meu amor
Qu’em breve seremos esposos!
Como resposta, a noiva escreveu um poema para o noivo:
Que sincero meu amor!
Que linguagem bem usada!
Esperas tanto de mim
Que me sinto intimidada
Não sei de ovos mexidos
Como tua mãe adorada,
Meu pão torrado se queima
De cozinha não sei nada!
Gosto muito de dormir
Até tarde, relaxada
Ir ao shopping fazer compras
de Visa, tarjeta dourada
Sair com minhas amigas,
Comprar roupa da melhor
Sapatos só exclusivos
E as lingeries p’ró amor
Pensa bem… ainda há tempo
A igreja não está paga
Eu devolvo o meu vestido
E tu o fato de gala
E domingo bem cedinho
Em vez de andar aos “AIS”,
Ponho aviso no jornal
Com letras bem garrafais:
Homem jovem e bonito
Procura escrava bem lerda
Porque a ex-futura esposa
Decidiu mandá-lo à merda!
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
17 novembro 2013
«Rumo ao futuro» - por Rui Felício
No meu gabinete de trabalho, há uma cadeira destinada a quem me vem consultar.
É confortável, pode ser manobrada para baixo, para cima, para os lados, é reclinável e está rodeada de variados instrumentos eléctricos. Parece uma cadeira de dentista, mas não é.
Ontem, uma cliente entrou, sentou-se e, depois de nos cumprimentarmos, perguntei-lhe ao que vinha.
Desencaixou a máscara, uma espécie de capacete semelhante a um grande ovo de cor creme e depositou-a em cima da minha secretária.
Pediu-me que lhe avivasse as sobrancelhas, lhe rosasse as faces, lhe repuxasse as pálpebras e lhe arrebitasse um pouco o nariz.
Agora, despojado da sua máscara craniana, o cérebro da minha cliente ficara à vista, esponjoso, ondulado, composto por aleatórios refegos sobrepostos.
Enquanto eu retocava a máscara craniana como me pedira, ia olhando constrangido, de vez em quando, para o seu cérebro nu ali ao alcance das minhas mãos, provocador...
Reparei nalguns neurónios soltos, desligados e perguntei à cliente se não queria que os soldasse.
Respondeu-me que sim e, já agora, que podia aproveitar para limpar o pó que devia estar a bloquear-lhe alguns dos circuitos cerebrais.
Deixei cair dois microscópicos pingos de solda nos neurónios afectados e testei a passagem dos impulsos eléctricos.
Liguei a pequena escova adjacente à cadeira e, delicadamente, fui limpando as poeiras entranhadas nos mais pequenos interstícios, aconselhando a cliente a não tirar a máscara muitas vezes, porque assim desprotegia o cérebro, sujeitando-o à sujidade ambiente
Devo-me ter descuidado ao fazer a limpeza do hipotálamo porque a minha cliente, de súbito, foi inundada de calores, abraçou-se a mim e incitou-me a fazer amor com ela.
Acordei hoje de manhã, confuso, com este sonho ainda bem presente.
Retive que tudo se passou na minha outra vida futura, no ano de 3152.
A minha profissão era (será) a de técnico neurológico.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Foto - Benedict Campbell
Os gatos
Ai Senhor Doutor, venho fula! Imagine que recebi uma carta do marketing da Sheba. Sim porque eu tenho um gato, o Trafaria.
E não é que aquelas almas para vender os novos Sheba de Natal com ganso e galinha me escarrapacham uma fotografia de uma rapariga junto da árvore de Natal e do seu gato, sentada no chão da sala, num lençol de cetim, com uma lareira por trás e vestindo uma coisa de seda que tanto pode ser um vestido como uma camisa de dormir?!...
É claro que se notam as formas da rapariga que está ali embasbacada a olhar o céu como se esperasse que de lá caísse um anjo, obviamente bem artilhado de sexo, para a aquecer por dentro com a sua velinha e a fazer saborear as delícias da quadra num bacalhau com todos.
Oh Senhor Doutor e porque é que eu fiquei fula?!... Ora porque aqueles gajos do marketing, e só podem ter sido gajos, pensam que as mulheres que vivem só com gatos estão sempre à espera que lhes caia um gajo em casa, de prenda. E eu, na minha humilde opinião, julgo que uma mulher que gosta de gatos se quiser um homem, ronrona-lhe ao ouvido, dá-lhe uma lambidela no pescoço enquanto lhe passa a mão pelo material e depois, é só abrir o fecho éclair e puxá-lo para casa.
16 novembro 2013
Cátia Terrinca - «Que inveja tens tu das rosas»
Anda o sol atrás da lua
Assim vai a minha sina
Meu amor atrás da tua
Que inveja tens tu das rosas
Se és linda como elas são
A rainha das flores
Tratadas por tuas mãos
Tratadas por tuas mãos
Pelas tuas mãos tão mimosas
Se és linda como elas são
Que inveja tens tu das rosas
(tradicional do Baixo Alentejo)
O OrCa não pode ver destas coisas que ode logo (abençoado):
neste peitinho de rosas
tuas gotas são miminho
nessas roseiras mimosas
se me alegra o teu cantar
se me deres o quanto ouvi
quem me dera a mim estar
a chover assim p'ra ti
Cátia Terrinca - "Que inveja tens tu das rosas" from MPAGDP on Vimeo.
«Coração apertado» - João
"Não voei. Fiquei com os pés no chão como querias. Suponho que tivesses medo, muito medo de que algo me acontecesse. Não querias que fosse eu mais um a contar para os dias tristes. Fiquei, por isso, sentado em terra. A olhar o Sol que desaparecia todos os dias quando o silêncio finalmente se instalava. Hoje, hoje mesmo, estou de novo com os pés em terra. Precisado de mimo. Mimo ontem, mimo hoje, mimo sempre. Mesmo quando somos fodilhões, somos sedentos de mimo. Ninguém é fodilhão todas as horas do dia. E hoje não é dia disso. Hoje é dia de coração apertado. É dia de mãos na cara e um beijo. É dia de abraço. De mão no cabelo, embalo. E por isso é o Sol de novo que se põe, num céu diferente. Com o silêncio."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
Subscrever:
Mensagens (Atom)