a mulher desnuda a alma luzente,
semeadora de luzes
onde a luz poente
se detém... abismo
de onde se levantam as luzes do ventre,
e se vislumbram transparências
na lucidez
das águas; nela, crescem e se afundam mágoas,
e as esguias margens de um rio.
a mulher desnuda-se nos braços amados,
plantadores de sementes
onde as névoas se dissipam
e as quedas acontecem no seio dos abraços
devolutos à sua eterna condição
de Ser em outrém,
na bravura das ondas que são corpos,
movimentos sincopados
de um oceano vivo
dentro dos olhos,
ágape dos cristalinos,
melopeia coralina
das imagens dos amantes.
amar acontece no espaço do corpo
onde tempo e distância se tornam
universo inexistente.
primavera de giestas vivas
onde a lava incandescente
são folhadas caídas da pele,
escamas vivas de sermos Um,
na imensa amálgama do universo.
Susana Duarte
Foto: Susana Duarte, Bairro Alto, Lisboa
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