06 janeiro 2014

Luís Gaspar lê «Adeus (Como se houvesse…)» de Eugénio de Andrade

Como se houvesse uma tempestade

escurecendo os teus cabelos, ou se preferes,

a minha boca nos teus olhos 

carregada de flor e dos teus dedos;

como se houvesse uma criança cega 

aos tropeções dentro de ti, eu falei em 

neve, e tu calavas a voz onde contigo

me perdi.

Como se a noite viesse e te levasse, eu 

era só fome o que sentia; digo-te 

adeus, como se não voltasse ao país

onde o teu corpo principia.

Como se houvesse nuvens sobre nuvens, e 

sobre as nuvens mar perfeito, ou se

preferes, a tua boca clara singrando 

largamente no meu peito.

Eugénio de Andrade
pseudónimo de José Fontinhas (Póvoa de Atalaia, 19 de Janeiro de 1923 — Porto, 13 de Junho de 2005). Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional, Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana, tendo o próprio justificado as suas raras aparições públicas com «essa debilidade do coração que é a amizade».

Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Ganhar é relativo

Eu posso ganhar ao perder.



Nada contra loiras, claro.

Capinaremos.com

05 janeiro 2014

«Ginecologista Elogiosa» - sketch do primeiro episódio do programa «Camada de Nervos» (Canal Q)

Armas da ocidental praia lusitana



Acredite Senhor Doutor que cada vez que vejo uma farda ponho-lhe logo um xis na testa. Nem sei se são altos, se são baixos, magros ou gordos, apetecíveis ou repulsivos. Eu bem sei que foram os militares que fizeram o 25 de Abril e nesses dias em que eles encheram as ruas andei de caderninho de mão a coleccionar os seus autógrafos. Mas se calhar tenho um trauma com as fardas enquanto símbolo de autoridade, não acha Senhor Doutor?... 

No caso dele, o que me despertou a atenção foi ter religiosamente o «Inimigo Público» debaixo do braço, todas as sextas-feiras. Um dia, Senhor Doutor, fingi não ter isqueiro e pedi-lhe lume ali no balcão do café. Abriu a pasta atafulhada de livros e de fato de treino, à procura do dito, para acabar por o encontrar no bolsinho pequeno das calças. Conversa puxa conversa, ele gostava de ler Lobo Antunes, Adília Lopes e até Al Berto. E tinha os músculos todos no sítio, sem serem espampanantes. As calças de ganga, Senhor Doutor, são óptimas para mostrar os contornos dos volumes e as formas dos rabos. Confessou que era sargento, sempre muito caladito na messe dos oficiais às segundas feiras, a não ser que o tema fosse gajas. E tinha umas mãos longas e o cabelo curtito e espetado como o pelo macio de um gato eriçado. 

Depois Senhor Doutor, medi-lhe o polegar e deixei que me arrastasse para sua casa para avaliar as munições e as armas da ocidental praia lusitana.

Estou mikado contigo!...


Objetos (espaço dedicado aos nossos amigos diários)

03 janeiro 2014

Calvin Harris Ft Ayah Marar - «Thinking About You»


CALVIN HARRIS FT AYAH MARAR "Thinking About You" directed by Vincent Haycock from Vision Film Co on Vimeo.

Beija-me como se o mundo acabasse uns minutos depois

Todas as pessoas, com ou sem uma pila como eu, apreciam beijos. Sim, eu vejo-os nessas marmeladas e até acabo sempre por tentar alinhar na festa. É algo que não podem negar, essa vossa apetência pelas bocas e pelo que elas são capazes em matéria de prazer.
Neste contexto, sinceramente não consigo perceber porque vos escandaliza tanto que um pénis aprecie tanto essa manifestação de carinho ou de desejo que encontram nuns lábios quentes e carnudos.
Nós, as pilas, também temos mecanismos emocionais e até são independentes da mixórdia, nessa matéria, dos coisos agarrados a nós. Não temos é boca para expressarmos aquilo que nos vai na alma e às tantas é por isso que, de forma instintiva, procuramos incessantemente uma.
No entanto, raramente os coisos agarrados a nós verbalizam a vontade que lhes dá, generosos, de conduzirem aquela boca linda e acolhedora até nós, de partilharem connosco essa fonte inesgotável de emoção e de prazer que parece cortar-vos a respiração.
Sim, nós invejamos a vossa emoção quando se beijam. E queremos sentir também essa aceleração, esse remoinho de sensações que vos deixa com um ar absolutamente deliciado e palerma quando cada beijo mais intenso chega ao fim.

E nós, pilas, também sabemos dar valor a uma história, ou apenas um momento especial, cuja acção conduza de forma inevitável a um final prazenteiro e, por isso mesmo, estupidamente feliz. 

serviço público, pela vossa saudinha...

Acabadinha de chegar à redacção, aqui fica a informação proveniente do Brasil:

No país onde o Ministro da Saúde diz que sexo é o melhor remédio para hipertensão, já tem gente usando a punheta como genérico.

Por cá, podemos presumir que a medida venha a acolher forte aplauso do «nosso» conselho de ministros. Aliás, como sempre percursores, já tínhamos um tal Miguel a promover o «bate-punho»...

Arrisque mais

Oportunidades podem não voltar.



É melhor dois fudidos em uma pena do que um solitário voando sozinho.

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