"Dois zero zero um. Acredito que a paisagem, sobretudo ao amanhecer, fosse um dos pontos altos ali. Mas a temperatura estava baixa, e a humidade muito alta. E havia um nevoeiro cerrado que não deixava ver um palmo à frente da janela. Mas isso era indiferente. Eu não queria ver sequer um palmo à minha frente do lado de dentro da janela, a distância entre nós tinha de ser menor que isso. E era. Quiseram explicar-nos todos os botões e recantos, se interesse houvesse admito até que nos contassem a história do país desde a fundação, mas o interesse era apenas na nossa solidão, e o recato que nos impediu de correr os excessos dali para fora a pontapé, foi o recato que não tivemos quando nos empurrámos um contra o outro quebrando a promessa do “agora não”. A adrenalina que tivera quando recebera a ordem tinha ficado condensada na minha reacção. Cacete! Não me sinto limitado no vocabulário e no entanto tudo quanto arranjei foi um exclamado cacete, sabe-se lá porquê, talvez pela incredulidade. Senti as tuas mãos nas minhas costas. Virei-me para que não percebesses que estava acordado. Não conseguia dormir, e tu sabes porquê. Queria cuidar de ti, mas não tinha como. E a cada hora que passava admirava-te mais, e ainda não parei de admirar."
João
Geografia das Curvas
12 fevereiro 2014
«respostas a perguntas inexistentes (265)» - bagaço amarelo
Era estudante e estava sentado num muro à espera dum colega meu, na cidade do Porto. À minha frente uma série de prédios, relativamente recentes, pareciam alinhados para admirar a Lua cheia que surgira por trás deles. Nas ruas não havia quase nenhum movimento pedonal, mas sobravam automóveis para dar e vender.
Enquanto os prédios olhavam para a Lua, eu olhava para eles. As luzes interiores davam sinais de vida a um ritmo lento e, das janelas mais baixas, era possível ouvir alguns sons domésticos. As famílias que ali moravam começavam a jantar e eu, sozinho, continuava à espera que o meu colega chegasse. Dei-me conta de que, instintivamente, imaginara a vida de todas aquelas pessoas duma forma estereotipada. Para mim, todas as famílias que ali moravam eram compostas por um casal heterossexual e um ou dois filhos, com a mulher de avental e o marido a chegar a casa um pouco depois dela, já com a janta na mesa. Todos discutiam temas banais, como a política de panfleto ou um jogo de futebol qualquer.
O meu colega acabou por não aparecer e eu, sem perceber exactamente como, fiquei ali até os edifícios se confundirem com o céu escuro e cada uma das minhas famílias estereotipadas adormecer. A verdade é que não dei pelo tempo a passar.
Na noite seguinte saí com alguns amigos e fui a um bar perto da Ribeira que eu gostava muito. Era calmo o suficiente para se poder ter uma conversa e movimentado quanto baste para não nos sentirmos isolados do mundo. Quando me virei para o balcão, para pedir a segunda cerveja, uma mulher que estava noutra mesa levantou-se e veio ter comigo. Perguntou-me se tinha sido eu a passar a noite anterior inteira sentado num muro que dava para a janela dela. Que sim, respondi, e expliquei-lhe a história toda.
Também ela me tinha visto da mesma forma estereotipada. Estando eu ali, toda a noite sozinho em frente a um edifício, só podia estar apaixonado por alguém que não me ligava nenhuma. Estaria numa de sofrimento, à espera que um milagre se desse e a minha paixão viesse à janela.
- Estava só à espera dum colega que não apareceu... - disse.
Eu e a Ana ficámos amigos. Provavelmente, e digo isto sem certezas, vivemos uma amizade tão intensa quanto incomum. Sei que sempre que entrei na casa dela, durante os anos em que fomos próximos, pensei em como a minha percepção da vida naquele edifício tinha sido errada. Quanto mais não seja, a Ana mostrou-me isso. Agradeço-lhe.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
11 fevereiro 2014
Os Jogos Olímpicos sempre foram um pouco gays...
Campanha do Canadian Institute of Diversity and Inclusion (Instituto Canadiano da Diversidade e Inclusão) contra a interdição de propaganda gay na Rússia.
Eu gosto de moquecas
Todo eufórico por ter almoçado uma moqueca de peixe. Tenho a vida sexual numa lástima...
«Genciana» - Susana Duarte
queria uma palavra azul para te descrever as sílabas que, de ti, vejo sair,
como aves que exploram o infinito. trémulas, no início, inseguras da paixão;
seguras quando, eternas, se deitam na minha mão e atingem o seu devir.
descreves em mim linhas. voas-me nos dedos das pálpebras dos sonhos
e procuras-me, no rosto, o sorriso crescente da estranheza-encantamento;
seguras-me as mãos quando navego à procura de sílabas e de medronhos
que descasco, um a um, nas mãos que ocupo com a imagem do teu lamento
quando a vida, por breves momentos, tolheu de nós as palavras e os voos.
escrevemos páginas de sonhos em folhas de flores azuis e em sombras
de noites irrequietas. Sábias são as cores místicas do sonho – horizonte
onde as asas encontram as sílabas e as sílabas se tornam o teu nome…
és a palavra que nunca se esconde, a floresta de árvores sem penumbras
onde me deito, aliada das asas de um anjo como se o anjo fosse a fonte
da vida quem em mim almejas. em mim, tiras a sede e matas a fome.
do azul-maravilha e espanto, nasceu uma ilha e a terra de uma sonolência
serena, que nos transformou na etérea luz de uma sombra chinesa, onde
nos escondemos para viver a esplendorosa cor azul-onírico de palavras-sonho.
Susana Duarte
«Pescadores de Fosforescências»
Alphabetum, Edições Literárias
Dezembro de 2012
Foto pessoal
Blog Terra de Encanto
como aves que exploram o infinito. trémulas, no início, inseguras da paixão;
seguras quando, eternas, se deitam na minha mão e atingem o seu devir.
eu e tu somos uma flor gamopétala.
descreves em mim linhas. voas-me nos dedos das pálpebras dos sonhos
e procuras-me, no rosto, o sorriso crescente da estranheza-encantamento;
seguras-me as mãos quando navego à procura de sílabas e de medronhos
que descasco, um a um, nas mãos que ocupo com a imagem do teu lamento
quando a vida, por breves momentos, tolheu de nós as palavras e os voos.
eu e tu somos uma flor gamopétala.
escrevemos páginas de sonhos em folhas de flores azuis e em sombras
de noites irrequietas. Sábias são as cores místicas do sonho – horizonte
onde as asas encontram as sílabas e as sílabas se tornam o teu nome…
és a palavra que nunca se esconde, a floresta de árvores sem penumbras
onde me deito, aliada das asas de um anjo como se o anjo fosse a fonte
da vida quem em mim almejas. em mim, tiras a sede e matas a fome.
eu e tu somos uma genciana azul.
do azul-maravilha e espanto, nasceu uma ilha e a terra de uma sonolência
serena, que nos transformou na etérea luz de uma sombra chinesa, onde
nos escondemos para viver a esplendorosa cor azul-onírico de palavras-sonho.
Eu, e Tu, somos o Sonho consubstanciado no encontro das marés,
e na confluência dos toques,
e nos remos.
Susana Duarte
«Pescadores de Fosforescências»
Alphabetum, Edições Literárias
Dezembro de 2012
Foto pessoal
Blog Terra de Encanto
Álbum com postais, gravuras, calendários, desenhos...
Álbum com 3 desenhos originais, 150 postais (humor, publicidade, turismo, arte, 2 com animação, etc.), 20 gravuras antigas e 60 calendários de bolso (séries).
Alguns dos postais têm animação e outros têm imagens diferentes conforme a perspectiva.
Tudo juntinho... na minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
Alguns dos postais têm animação e outros têm imagens diferentes conforme a perspectiva.
Tudo juntinho... na minha colecção.
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10 fevereiro 2014
«conversa 2048» - bagaço amarelo
Eu - Compraste um peixinho vermelho...
Ela - Comprei. Sempre me faz companhia, agora que vivo sozinha. Gostas?
Eu - Para ser sincero não. Peixinhos vermelhos em aquários redondos sempre me fizeram impressão.
Ela - Porquê?
Eu - Porque são atrofiantes. Não acredito que um peixinho, ali naquela coisa minúscula, possa ser feliz.
Ela - Os peixinhos vermelhos não são felizes nem são tristes. Não têm essa capacidade.
Eu - Não?!
Ela - Não. Limitam-se a comer quando lhes dão comida. De resto, não são seres pensantes.
Eu - Então que raio de companhia é que o peixe te faz?
Ela - Lembra-me o meu marido.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Tá querendo demais né, madame?!
Para essas madames de hoje em dia não tão fácil não…
Capinaremos.com
09 fevereiro 2014
A colecção já pode adoecer pois tem curador!
Ontem, o futuro curador (não gosto do nome para a função de coordenador... parece que é quem cura presuntos ou queijos... mas chamemos-lhe assim) da exposição da colecção na Pensão Amor, visitou e conheceu ao vivo a colecção de arte erótica «a funda São». Numa tarde de conversa à medida que íamos vendo as peças, finalizada por um brinde com uma ginjinha de Alcobaça que é um mimo, ficou evidente para mim que o Dr. Paulo Mendes Pinto é a pessoa indicada para "tomar conta" da minha colecção na Pensão Amor.
Quanto à previsão de abertura, como o espaço definitivo precisa de obras, estamos a preparar um aperitivo da exposição, num espaço disponível da Pensão Amor e que esperamos poder ter pronto antes do Verão.
Estou toda molhadinha...
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Quanto à previsão de abertura, como o espaço definitivo precisa de obras, estamos a preparar um aperitivo da exposição, num espaço disponível da Pensão Amor e que esperamos poder ter pronto antes do Verão.
Estou toda molhadinha...
O Dr. Paulo Mendes Pinto e o Farol do Zé Penicheiro (fotomontagem - adoro fotomontar - de uma imagem amavelmente gamada à revista Sábado) |
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