Via mon ami Bernard Perroud
01 março 2014
Uma rapariga da tribo Yawalapiti mergulha no rio Xingu, no Parque Nacional de Xingu (Brasil)
Via mon ami Bernard Perroud
Le Nouvel Observateur - hors série - L´érotisme dans l´art
Número especial da revista francesa «Le Nouvel Observateur» de Janeiro/Fevereirode 2014, sobre o erotismo na arte.
Tinha que fazer parte da minha colecção.
Tinha que fazer parte da minha colecção.
28 fevereiro 2014
(DES)Ata-me
Quando
sorriste perturbante no teu olhar escaldante, percebi que ia ser um momento
invulgar.
Cancelaste os compromissos,
trancaste a porta do teu (luxuriante) gabinete que dá para o Secretariado, o
telemóvel em silêncio, um último anúncio à tua assessora :"Não estou para
ninguém!"
Eu sabia que a minha visita
(in)esperada te agradava e o que tinha vestido te excitava a imaginação. E não
só.
Aproximei-me da secretária de
nogueira, maciça, onde tantas vezes os processos se tinham misturado, na pressa
de fazermos amor enquanto te aguardavam para as reuniões que te afastavam de
mim.
O teu olhar percorreu-me
conhecedor e exploratório. Estava mesmo ao teu gosto: tinha-me vestido para ti.
Vestido de tecido estampado que
tinhas conseguido no Japão, de tecnologia incrível e que nunca soube definir.
(Como brincavas comigo e com a minha ignorância...)
Sempre pensei que fosse seda,
mas dizias que não...
Bota preta de verniz, cano
alto, salto médio, a fazer conjunto com a mala não muito grande, mas
deselegantemente cheia, porque dizias que eu carregava o mundo dentro da minha
mala. Como qualquer mulher que se preze.
Casaco branco, comprido de
caxemira (em Paris estava frio). A lingerie
adivinhavas. Mas o cinto de ligas era a estrear...
Pousei a mala e o casaco no
cadeirão de pele, à esquerda. Tinhas corrido os reposteiros de veludo pesado e
quente.
Abraçaste-me numa pressa que me
ia desequilibrando. Sentaste-me na secretária, abracei-te com as pernas.
Enquanto nos beijávamos interminavelmente, senti uma fita de seda a vendarem-me
os olhos.
Ataste-me os pulsos atrás das
costas e fiquei à tua mercê. Os outros sentidos apurados
pela falta de visão.
Por favor, desata-me - supliquei-te, ainda antes de me obrigares a engolir o teu sexo rígido e enorme.
Mas nessa tarde, não estavas
para me fazeres as vontades.
E sabes que adoro que me
domines...
by Luna
Postalinho da Rota dos Moinhos do Buçaco
Para um turista "normal", esta fonte na aldeia de Carvalho é bonita... e mais nada...
... mas os membros e as membranas d'a funda São têm a vista e a taradice apuradas. Então... o que é aquilo no brasão ao meio da fonte?!
Se não é o que parece, pelo menos parece que é mesmo!
... mas os membros e as membranas d'a funda São têm a vista e a taradice apuradas. Então... o que é aquilo no brasão ao meio da fonte?!
Se não é o que parece, pelo menos parece que é mesmo!
27 fevereiro 2014
«A origem da guerra» - Orlan
O contraponto à «origem do mundo», de Gustave Courbet, da exposição «Masculin / Masculin» no Museu d’Orsay, de 24 de Setembro de 2013 a 2 de Janeiro de 2014:
4 CD's de... música... chamemos-lhe assim
4 CD's com músicas que não lembrariam ao diabo.
A dar música (continuemos a chamar-lhe assim) na minha colecção.
A dar música (continuemos a chamar-lhe assim) na minha colecção.
26 fevereiro 2014
«A chuva, amor» - João
"Chove tanto amor. E o vento. O vento amor. Vejo os teus cabelos ondular e preocupo-me, penso em correr para ti e segurar-te, amor. Amparar-te. Encostar-me a ti, como contraforte, fazer força para não cair. Enterro os meus pés no chão, e a terra faz-se lama, e eu debato-me para nos segurarmos. Tanto vento, amor. Começo a escorregar na lama, vejo os pés mover-se, primeiro devagarinho, depois já a obrigar-me a dar passos atrás, como se o chão fosse passadeira rolante. E encosto-me a ti, agarro-me a ti, seguro-te, e contrario a tempestade. E os teus cabelos amor. Os teus cabelos a ondular. Choras. A chuva bate-nos na cara, o vento faz folhas e ramos voar na nossa direcção, e agita-me o casaco, arranca-mo dos braços, liberto o peso, e empurro ainda mais na tua direcção, faço ainda mais força, e já me custa fixar os pés na água e na lama que correm, e a torrente já tem pedras, e tudo me escava por baixo dos pés como o mar que leva a areia e nos enterra. Abanamos os dois ao vento, os teus cabelos a esvoaçar, eu já quase de joelhos, a forçar as tuas pernas, a tentar fixar-te no lugar. Chove tanto amor. E há tanto vento. E estamos quase a cair. Estamos quase a escorregar vertente abaixo, levados nas águas. E eu já grito. Já me perco em imprecações, e tu gemes baixinho, e tremes. Tremes tanto amor. E continuo a levar com água na cara, e continuo a levar com folhas, pedras e ramos de árvore, e continuo a segurar-te, e tu gemes baixinho e dizes-me, com os cabelos ondulantes “amor…”, e eu tento olhar-te enquanto me esforço para não ser levado, e tu repetes “amor…” e eu agarro-me à tua mão, e ainda vou a tempo de te ouvir dizer “amor… eu já não te quero”, e num momento falham-me os joelhos, e tombo por fim na lama, e não tenho tempo de nada, e vou nas águas, a gritar mudo, e vejo-te ficar mais longe, e choro compulsivamente enquanto as pedras me batem no corpo, enquanto a água me afoga, enquanto o vento me leva triste e morro devagarinho."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
«Proooonto, proooonto, já passou...» - Nicolas François Octave Tassaert
Nicolas François Octave Tassaert (França, 1800 – 1874)
Via Bernard Perroud
«sem título» - bagaço amarelo

- Tem CR&F? - perguntei.
- Tenho, mas também tenho mais baratas.
- Quanto é a CR&F? - assustei-me.
- Três.
- Pode ser.
A mulher com mais de trezentos anos olhava para mim. Eu sabia-o, embora ela não estivesse dentro do meu ângulo de visão. Há olhares que pesam sobre nós, mesmo quando não os enfrentamos. O homem, por qualquer motivo que nunca vou perceber, serviu-me duas CR&F duma vez e cobrou-me só uma. Em silêncio, cheguei à conclusão que ele sabe que quem bebe CR&F nunca bebe só uma. É uma questão estatística e, pela parte que me toca, tem razão.
- O Ronaldo é muito melhor que o Eusébio. - disse o homem.
A mulher com mais de trezentos anos ri-se, embora eu tenha dúvidas que saiba porquê. Peço mais duas aguardentes com a condição de pagar só uma. Os bares dos subúrbios da cidade são embrulhos de solidão. É por isso que gosto deles. São os únicos capazes de pegar na solidão de várias pessoas e embrulhá-la duma forma bonita, como se fosse uma prenda de Natal.
Lembro-me de ter ido a este mesmo bar há uns oito anos atrás, pouco tempo depois do meu divórcio e quando me sentia o homem mais sozinho do mundo, com excepção de todos os outros, e de ter visto a mesma mulher com mais de trezentos anos e o mesmo homem a ler jornais desportivos.
Tal como as fases da Lua, há coisa que nunca mudam.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
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