Quando
sorriste perturbante no teu olhar escaldante, percebi que ia ser um momento
invulgar.
Cancelaste os compromissos,
trancaste a porta do teu (luxuriante) gabinete que dá para o Secretariado, o
telemóvel em silêncio, um último anúncio à tua assessora :"Não estou para
ninguém!"
Eu sabia que a minha visita
(in)esperada te agradava e o que tinha vestido te excitava a imaginação. E não
só.
Aproximei-me da secretária de
nogueira, maciça, onde tantas vezes os processos se tinham misturado, na pressa
de fazermos amor enquanto te aguardavam para as reuniões que te afastavam de
mim.
O teu olhar percorreu-me
conhecedor e exploratório. Estava mesmo ao teu gosto: tinha-me vestido para ti.
Vestido de tecido estampado que
tinhas conseguido no Japão, de tecnologia incrível e que nunca soube definir.
(Como brincavas comigo e com a minha ignorância...)
Sempre pensei que fosse seda,
mas dizias que não...
Bota preta de verniz, cano
alto, salto médio, a fazer conjunto com a mala não muito grande, mas
deselegantemente cheia, porque dizias que eu carregava o mundo dentro da minha
mala. Como qualquer mulher que se preze.
Casaco branco, comprido de
caxemira (em Paris estava frio). A lingerie
adivinhavas. Mas o cinto de ligas era a estrear...
Pousei a mala e o casaco no
cadeirão de pele, à esquerda. Tinhas corrido os reposteiros de veludo pesado e
quente.
Abraçaste-me numa pressa que me
ia desequilibrando. Sentaste-me na secretária, abracei-te com as pernas.
Enquanto nos beijávamos interminavelmente, senti uma fita de seda a vendarem-me
os olhos.
Ataste-me os pulsos atrás das
costas e fiquei à tua mercê. Os outros sentidos apurados
pela falta de visão.
Por favor, desata-me - supliquei-te, ainda antes de me obrigares a engolir o teu sexo rígido e enorme.
Mas nessa tarde, não estavas
para me fazeres as vontades.
E sabes que adoro que me
domines...
by Luna