"Foi muitas vezes assim. Ele entrava porta dentro e sentava-se ao lado dela, e deslizava os dedos pelo cabelo, ou percorria-lhe as costas com as mãos, dava-lhe o braço, fazia-lhe carícias nas mãos. Às vezes pousava a mão sobre a coxa, ou sobre o joelho. Falava-lhe das coisas mundanas, mas as mundanas eram do mundo dele, e por isso eram importantes mesmo que banais, eram as coisas que faziam a colecção das suas horas. E ela calada. E depois o Sol ia embora, e vinha a noite, e o novo dia trazia outra porta que se abria e lá estava ele de novo, a entrar-lhe espaço dentro, e a dizer coisas, e a fazer-lhe carícias, e a juntar o corpo dele ao dela, e a olhá-la, e ela a ele, mas calada. E o Sol ia embora, e vinha a noite. O Sol foi-se embora muitas vezes, e a noite caiu, e caiu, e sempre fez por cair. E o novo dia trouxe-o sempre, na porta que se abria. E sentava-se ao lado dela. E falava, falava, falava. Dizia coisas. Contava coisas. Outras vezes dizia silêncios. E ela sem articular palavra. E um dia o Sol escondeu-se, a noite veio, e o novo dia também. E ele não veio, a porta não se abriu. Ficou do lado de fora, encostado, silencioso, de orelhas como os cães, atento. E ela, lá dentro, calada, parada. A olhar a porta. A boca disse vai, mas os olhos disseram fica. Os braços disseram desaparece, mas o corpo encerrado sob a pele gritava não fujas de mim."
João
Geografia das Curvas
05 março 2014
«conversa 2051» - bagaço amarelo
Eu - Já. Por acaso li ontem na internet.
Ele - Eu também o li na internet e mandei-o logo à minha namorada, por email, a ver se a irritava. Ela costuma ter ciúmes da minha ex-mulher...
Eu - E ela? Irritou-se?
Ele - Nem por isso. Respondeu-me logo, passado cinco minutos. Pôs-me um bocado a pensar..
Eu - Então?
Ele - Disse-me que o melhor é separarmo-nos já, a ver se o sexo entre nós nos começa a fazer bem.
Eu - Isso anda assim tão mal?
Ele - Pelos vistos...
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Postalinho de transportes rodoviários
"Ia eu a passar na Mealhada, a caminho do trabalho, quando vi este reboque inédito à beira da estrada."
PM
PM
04 março 2014
Eva portuguesa - «Abençoada»
Tenho sido, felizmente e apesar de tudo, uma pessoa abençoada.
Tenho tido a felicidade de conhecer, desde que estou neste meio, pessoas excepcionais e que me marcaram de várias e diferentes maneiras. Pessoas generosas, não só a nível material mas também em termos de entrega. Pessoas honestas, correctas, sem preconceitos nem falsos moralismos. Pessoas que, tal como eu, procuram apenas encontrar o seu pedacinho de céu, a sua quota parte de felicidade, tentando não o fazer à custa da felicidade alheia. Pessoas que realmente se preocupam comigo. Pessoas que conseguem ver para além da Eva; conseguem sentir o ser humano ,a mulher, a mãe que eu sou... Pessoas que não podendo dar aquilo que justifica a existência da Eva não deixam, contudo, de ter uma palavra de carinho, um gesto de compreensão, uma atitude de encorajamento e solidariedade. Pessoas que, muitas vezes sem se aperceberem, dão muito mais delas do que eu de mim. E não me refiro só a clientes. Falo de diversos tipos de pessoas - algumas que nem sabem que eu sou a Eva - que deus tem colocado no meu caminho.
E até as outras, aquelas que eu preferia nunca ter conhecido, encontrado ou sequer imaginado a sua existência, até essas têm sido importantes e essenciais para o meu crescimento como ser humano, como mulher e como profissional. Porque sem o mau não sabemos apreciar o bom. Sem a escuridão não sabemos o que é a luz. Sem a tristeza não valorizamos a alegria.
Estes seres, que dominam as trevas, alimentam-se da desgraça alheia, da dor que conseguem causar, do mal que tentam infligir. E com eles aprendi isso mesmo: que são assim porque não conseguem ser mais nem melhores; sendo miseráveis e infelizes, não admitem que outros possam ser felizes, possam ser seres iluminados. Com eles aprendi que o pertencerem às trevas é uma maneira de fugirem de si próprios, da sua cobardia, da sua feiura, da sua pequenez. E assim aprendi que não os devo odiar nem temer, mas sim ter pena deles e esperar que um dia consigam endireitar-se e tornar-se pessoas.
E, algures entre estes dois opostos, também me deparei com pessoas que não são boas nem más, ou que são boas mas por vezes têm atitudes más. Pessoas que de forma e por motivos diferentes me magoaram, sem contudo terem uma vontade explícita de o fazer. Uns por ignorância, outros por egoísmo ou egocentrismo, outros porque são apenas humanos... mas nunca com a necessidade mórbida e maléfica dos seres das trevas, nem sequer com esse tipo de intenção. Mas quem de nós já não o fez,certo?!... Eu fiz. Sem querer. Sem ser propositadamente. Mas fiz. Magoei pessoas que não mereciam e que a mim só me fizeram bem. E peço desculpa. Porque não queria magoar ninguém. Porque não quero magoar ninguém. Porque até aos que me odeiam (sei lá eu porquê), aos que se aproximam de mim apenas para me tentarem usar, aos gananciosos que apenas querem usufruir do pouco que tenho (seja material ou sentimental), aos que só querem envenenar-me, até a esses eu não desejo verdadeiramente mal. Porque infelizes já eles são. A esses, desejo que encontrem a paz necessária para saírem da podridão. A esses, desejo que encontrem o seu caminho. Mas longe. Muito longe de mim. Que sejam felizes algures num sítio e tempo que nunca mais se atravessem no meu caminho. E obrigado por me terem ensinado a ter este tipo de sentimento e pensamento.
Obrigado a todas as pessoas, boas ou más, conscientes disso ou não, que têm aparecido na minha vida. Uns de uma forma saudável, outros por frustrações, mas todos me têm dado algo. E com todos tenho aprendido. E obrigado aos que, mesmo sem querer, magoei e, mesmo assim, continuam a meu lado. Que me souberam perdoar.
Por tudo isto, repito: sou uma pessoa abençoada.
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
Tenho tido a felicidade de conhecer, desde que estou neste meio, pessoas excepcionais e que me marcaram de várias e diferentes maneiras. Pessoas generosas, não só a nível material mas também em termos de entrega. Pessoas honestas, correctas, sem preconceitos nem falsos moralismos. Pessoas que, tal como eu, procuram apenas encontrar o seu pedacinho de céu, a sua quota parte de felicidade, tentando não o fazer à custa da felicidade alheia. Pessoas que realmente se preocupam comigo. Pessoas que conseguem ver para além da Eva; conseguem sentir o ser humano ,a mulher, a mãe que eu sou... Pessoas que não podendo dar aquilo que justifica a existência da Eva não deixam, contudo, de ter uma palavra de carinho, um gesto de compreensão, uma atitude de encorajamento e solidariedade. Pessoas que, muitas vezes sem se aperceberem, dão muito mais delas do que eu de mim. E não me refiro só a clientes. Falo de diversos tipos de pessoas - algumas que nem sabem que eu sou a Eva - que deus tem colocado no meu caminho.
E até as outras, aquelas que eu preferia nunca ter conhecido, encontrado ou sequer imaginado a sua existência, até essas têm sido importantes e essenciais para o meu crescimento como ser humano, como mulher e como profissional. Porque sem o mau não sabemos apreciar o bom. Sem a escuridão não sabemos o que é a luz. Sem a tristeza não valorizamos a alegria.
Estes seres, que dominam as trevas, alimentam-se da desgraça alheia, da dor que conseguem causar, do mal que tentam infligir. E com eles aprendi isso mesmo: que são assim porque não conseguem ser mais nem melhores; sendo miseráveis e infelizes, não admitem que outros possam ser felizes, possam ser seres iluminados. Com eles aprendi que o pertencerem às trevas é uma maneira de fugirem de si próprios, da sua cobardia, da sua feiura, da sua pequenez. E assim aprendi que não os devo odiar nem temer, mas sim ter pena deles e esperar que um dia consigam endireitar-se e tornar-se pessoas.
E, algures entre estes dois opostos, também me deparei com pessoas que não são boas nem más, ou que são boas mas por vezes têm atitudes más. Pessoas que de forma e por motivos diferentes me magoaram, sem contudo terem uma vontade explícita de o fazer. Uns por ignorância, outros por egoísmo ou egocentrismo, outros porque são apenas humanos... mas nunca com a necessidade mórbida e maléfica dos seres das trevas, nem sequer com esse tipo de intenção. Mas quem de nós já não o fez,certo?!... Eu fiz. Sem querer. Sem ser propositadamente. Mas fiz. Magoei pessoas que não mereciam e que a mim só me fizeram bem. E peço desculpa. Porque não queria magoar ninguém. Porque não quero magoar ninguém. Porque até aos que me odeiam (sei lá eu porquê), aos que se aproximam de mim apenas para me tentarem usar, aos gananciosos que apenas querem usufruir do pouco que tenho (seja material ou sentimental), aos que só querem envenenar-me, até a esses eu não desejo verdadeiramente mal. Porque infelizes já eles são. A esses, desejo que encontrem a paz necessária para saírem da podridão. A esses, desejo que encontrem o seu caminho. Mas longe. Muito longe de mim. Que sejam felizes algures num sítio e tempo que nunca mais se atravessem no meu caminho. E obrigado por me terem ensinado a ter este tipo de sentimento e pensamento.
Obrigado a todas as pessoas, boas ou más, conscientes disso ou não, que têm aparecido na minha vida. Uns de uma forma saudável, outros por frustrações, mas todos me têm dado algo. E com todos tenho aprendido. E obrigado aos que, mesmo sem querer, magoei e, mesmo assim, continuam a meu lado. Que me souberam perdoar.
Por tudo isto, repito: sou uma pessoa abençoada.
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
«Cais» - Susana Duarte
Nascemos no cais,
partindo dele em direção às naus inscritas nas veias.
sobrevoámos os dias,
na espera sombria das vertentes dos sonhos.
mantemos ainda a espera
pelos dias da água.
sobre as marés do teu corpo,
que me salgam o ventre
e os olhos,
e a língua evidenciada
pelo rubro ardor do teu beijo,
navegaremos.
a vida toda são as gotas de sal do teu suor.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
partindo dele em direção às naus inscritas nas veias.
sobrevoámos os dias,
na espera sombria das vertentes dos sonhos.
mantemos ainda a espera
pelos dias da água.
sobre as marés do teu corpo,
que me salgam o ventre
e os olhos,
e a língua evidenciada
pelo rubro ardor do teu beijo,
navegaremos.
a vida toda são as gotas de sal do teu suor.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
«La tentazione» (a tentação)
Estatueta proveniente da Itália em barro vermelho pintado, de demónio e mulher abraçados... na minha colecção.
Visita também a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
Visita também a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
03 março 2014
«Russian Kiss» (beijo russo)
Vídeo de apoio ao movimento LGBT, que tem tido sérios problemas e os seus direitos mais básicos negados na Rússia de Vladimir Putin.
RUSSIAN KISS: ANNIE FEAT. BJARNE MELGAARD (DIR. RICHARD KERN) from Annie Melody on Vimeo.
RUSSIAN KISS: ANNIE FEAT. BJARNE MELGAARD (DIR. RICHARD KERN) from Annie Melody on Vimeo.
«conversa 2050» - bagaço amarelo
Eu - Podes.
Ela - Ando a precisar de me envolver com um homem mais novo do que eu.
Eu - Quanto mais novo do que tu?
Ela - Sei lá... preciso dum gajo que tenha aí vinte e cinco anos. Trinta no máximo, vá lá.
Eu - Tu tens quarenta e cinco, não é?
Ela - É.
Eu - Curioso...
Ela - O que é que é curioso?
Eu - Já te ouvi dizer várias vezes que os homens com quem te relacionaste quando eras mais nova eram imaturos e estúpidos a todos os níveis. Agora queres envolver-te com um?
Ela - Quero. Agora é que era bom arranjar um homem dessa idade. Já tenho experiência suficiente para o levar para a cama e não ligar nada ao que ele diz.
bagaço amarelo
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