04 março 2014

Eva portuguesa - «Abençoada»

Tenho sido, felizmente e apesar de tudo, uma pessoa abençoada.
Tenho tido a felicidade de conhecer, desde que estou neste meio, pessoas excepcionais e que me marcaram de várias e diferentes maneiras. Pessoas generosas, não só a nível material mas também em termos de entrega. Pessoas honestas, correctas, sem preconceitos nem falsos moralismos. Pessoas que, tal como eu, procuram apenas encontrar o seu pedacinho de céu, a sua quota parte de felicidade, tentando não o fazer à custa da felicidade alheia. Pessoas que realmente se preocupam comigo. Pessoas que conseguem ver para além da Eva; conseguem sentir o ser humano ,a mulher, a mãe que eu sou... Pessoas que não podendo dar aquilo que justifica a existência da Eva não deixam, contudo, de ter uma palavra de carinho, um gesto de compreensão, uma atitude de encorajamento e solidariedade. Pessoas que, muitas vezes sem se aperceberem, dão muito mais delas do que eu de mim. E não me refiro só a clientes. Falo de diversos tipos de pessoas - algumas que nem sabem que eu sou a Eva - que deus tem colocado no meu caminho.
E até as outras, aquelas que eu preferia nunca ter conhecido, encontrado ou sequer imaginado a sua existência, até essas têm sido importantes e essenciais para o meu crescimento como ser humano, como mulher e como profissional. Porque sem o mau não sabemos apreciar o bom. Sem a escuridão não sabemos o que é a luz. Sem a tristeza não valorizamos a alegria.
Estes seres, que dominam as trevas, alimentam-se da desgraça alheia, da dor que conseguem causar, do mal que tentam infligir. E com eles aprendi isso mesmo: que são assim porque não conseguem ser mais nem melhores; sendo miseráveis e infelizes, não admitem que outros possam ser felizes, possam ser seres iluminados. Com eles aprendi que o pertencerem às trevas é uma maneira de fugirem de si próprios, da sua cobardia, da sua feiura, da sua pequenez. E assim aprendi que não os devo odiar nem temer, mas sim ter pena deles e esperar que um dia consigam endireitar-se e tornar-se pessoas.
E, algures entre estes dois opostos, também me deparei com pessoas que não são boas nem más, ou que são boas mas por vezes têm atitudes más. Pessoas que de forma e por motivos diferentes me magoaram, sem contudo terem uma vontade explícita de o fazer. Uns por ignorância, outros por egoísmo ou egocentrismo, outros porque são apenas humanos... mas nunca com a necessidade mórbida e maléfica dos seres das trevas, nem sequer com esse tipo de intenção. Mas quem de nós já não o fez,certo?!... Eu fiz. Sem querer. Sem ser propositadamente. Mas fiz. Magoei pessoas que não mereciam e que a mim só me fizeram bem. E peço desculpa. Porque não queria magoar ninguém. Porque não quero magoar ninguém. Porque até aos que me odeiam (sei lá eu porquê), aos que se aproximam de mim apenas para me tentarem usar, aos gananciosos que apenas querem usufruir do pouco que tenho (seja material ou sentimental), aos que só querem envenenar-me, até a esses eu não desejo verdadeiramente mal. Porque infelizes já eles são. A esses, desejo que encontrem a paz necessária para saírem da podridão. A esses, desejo que encontrem o seu caminho. Mas longe. Muito longe de mim. Que sejam felizes algures num sítio e tempo que nunca mais se atravessem no meu caminho. E obrigado por me terem ensinado a ter este tipo de sentimento e pensamento.
Obrigado a todas as pessoas, boas ou más, conscientes disso ou não, que têm aparecido na minha vida. Uns de uma forma saudável, outros por frustrações, mas todos me têm dado algo. E com todos tenho aprendido. E obrigado aos que, mesmo sem querer, magoei e, mesmo assim, continuam a meu lado. Que me souberam perdoar.
Por tudo isto, repito: sou uma pessoa abençoada.


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado