Parte do filme ProjectEROSion
Femme 101 from Starflower Media on Vimeo.
17 março 2014
Luís Gaspar lê «Presságio» de Fernando Pessoa
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…
Fernando Pessoa
Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português. É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…
Fernando Pessoa
Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português. É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
«respostas a perguntas inexistentes (267)» - bagaço amarelo
Lembro-me daquele milésimo de segundo da mesma forma que me lembro de algumas histórias que li em criança. Com a mesma intensidade e, acima de tudo, com a mesma duração. Foi um milésimo de segundo que durou várias horas. Na verdade talvez ainda dure. Por isso é que estou a falar dele, apesar de ter nascido e morrido há alguns anos atrás.
Eu estava a pôr a mesa para jantar e a Marta quis ajudar. Foi à cozinha buscar duas peças de cada. Dois pratos, duas facas, dois garfos e dois copos de vinho. Sorrimos um para o outro por um momento e os nossos dedos tocaram-se, por acidente, durante o reposicionamento dos copos. Nos dela não sei, mas nos meus ficou guardada a textura da sua pele. Fechei-os, como se assim a pudesse guardar para sempre
- Se o jantar estiver muito salgado não é grave. Telefonamos para a Telepizza! - ri-me.
Ela também se riu.
Não havia razão nenhuma para estarmos os dois em minha casa à hora de jantar, a não ser uma daquelas coincidências cosmológicas que a vida nos traz, de vez em quando, como prenda. Tinha-a encontrado no dia anterior a respirar solidão, num bar qualquer da baixa da cidade. Por descontrole absoluto inspirara um pouco de mim. Trocámos algumas piadas sem piada e contámos mentiras um ao outro toda a noite. Depois combinámos jantar no dia seguinte. Só isso.
- Está bom. Poupaste o dinheiro duma chamada... - disse ela ainda antes de tocar na primeira garfada.
Os lábios dela eram suaves.
Eu ainda estava a pensar no acidente, aquele em que nossos dedos se encontraram por acaso, um pouco acima da toalha de mesa, como se fossem dois aviões no céu em rota de colisão. A lâmpada de sessenta watts, mesmo por cima de nós, acendera-se pelo mesmo motivo. Um toque, neste caso de alguns fios eléctricos. Estabeleci a comparação como forma de me explicar a mim mesmo, ainda que de forma absurda.
- És tão bonita! - apeteceu-me dizer-lhe.
Mas não disse.
E se de repente fizéssemos Amor? Mas não fizemos.
Talvez, de vez em quando, o melhor seja não fazer aquilo a que o corpo se propõe com tanta vontade. O corpo tem a mania de não ser lúcido e de querer apagar o desejo que o cérebro e o coração precisam. Sem sexo, talvez aquele calor que pulava na ponta dos meus dedos se mantivesse mais tempo ali. Muito tempo. E manteve.
- Uma das coisas que aprendi nesta vida é que o Amor sugere-se como fácil...
- Mas não é, pois não? - Interrompeu ela.
Não.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
16 março 2014
Cemitério Cross Bones, a última morada das indesejáveis prostitutas londrinas
Pode parecer estranho, a quem actualmente passa pela Redcross Way, encontrar um portão transformado num memorial à frente de um estaleiro do metropolitano de Londres mas a verdade é que até ao século XIX, este era o local onde os proscritos de Londres eram enterrados, no espírito de uma tradição que se iniciou em plena Idade Média.
Desde cedo, todas as actividades que não eram permitidas dentro das muralhas de Londres desenrolavam-se livremente na margem Sul do Tamisa. Entre tabernas, teatros e cervejarias, encontravam-se por aqui os "Gansos de Winchester", nome pelo qual eram popularmente conhecidas as prostitutas desta zona, que se encontrava sob jurisdição directa do bispo de Winchester. Sempre que alguém contraía uma doença venérea, dizia-se que tinha pele de galinha ("goosebumps") ou ainda que tinha sido mordido por um ganso de Winchester ("bitten by a Winchester goose").
Embora em vida estas mulheres gozassem de alguma protecção por parte das autoridades, quando morriam a coisa mudava de figura. Fosse de causas naturais ou doença (a sífilis era uma causa frequente de morte) o seu enterro em solo consagrado era proibido devido à sua vida considerada pecaminosa. Por esse motivo, as prostitutas começaram a ser enterradas num terreno não consagrado que se viria a tornar o cemitério de Cross Bones. Em 1598 o historiador John Stow escreveu:
"Ouvi da parte de homens idosos de bons créditos, relatos de que a estas mulheres solteiras eram negados os rituais da igreja, desde que continuassem a sua vida pecaminosa, e eram excluídas dos funerais cristãos se não se reconciliassem antes da sua morte. Por isso, havia um lote de terreno chamado adro das mulheres solteiras destinado a elas, longe da igreja paroquial."
Embora o seu estilo de vida fosse pecaminoso, a Igreja acabava por tolerá-las já que contribuíam para que os bons cristãos evitassem práticas ainda mais imorais como a masturbação e a sodomia. Para além disso eram também uma fonte de rendimento já que os bordéis pagavam imposto ao próprio bispo de Winchester.
Com a proibição da prostituição, já no século XVII, o local foi transformado num cemitério para indigentes até ao seu definitivo encerramento em 1853, passando ao esquecimento.
A sua memória foi recuperada quando, já no século XX, as obras de extensão do metropolitano de Londres permitiram recuperar ossadas de 148 indivíduos diferentes, um deles uma mulher que teria entre 16 e 19 anos e cujo crânio denotava os terríveis efeitos da sífilis. Para preservar a memória dos infelizes que aqui foram enterrados, estima-se que cerca de 15.000, especialmente essas malogradas mulheres, a população local transformou o portão num memorial diante do qual, no dia 23 de cada mês, é realizada uma vigília em memória dos Gansos de Winchester.
Quinta-feira
Quinta-feira é noite de ir às putas desde que a carta de condução lhe deu acesso àquela estrada que elas enchem de cor e alegria e muito brilho. É um dia mais sossegado que os de fim de semana e ninguém desconfia ou pelo menos a sua mãe que nem nota que o seu menino mais novo já tem uns cabelos grisalhos e tal como as crianças julgam que os seus pais não têm sexo é sabido que as mães pensam o mesmo dos filhos à sua guarda.
Na timidez da primeira vez num sábado de sol a pino as raparigas cercaram-no de atenções como uma travessa de salgadinhos cheirosos por acabarem de sair da frigideira a piscarem-lhe o olho para uma trincadela até que uma mais ousada esticou uma mão toda no seu sexo e massajou-lhe umas sensações inauditas como se o quisesse a ele para uma abébia ganhando a decisão imediata de a seguir. Usava chinelas verdes de salto alto a conferir-lhe uma bambolear sensual das nádegas em cada passada e quando atirou com a blusa e a saia ostentando uns bicos espetados e muito castanhos e um triângulo de pêlo fofinho como o da gata lá de casa o ceguinho ergueu-se logo como se os testículos fossem saltos altos. Nas flexões que se seguiram até lhe escorrer o desejo as chinelas brilhavam no verde da relva no encadeamento da cara dela que avisou prontamente não poder beijar sendo desde aí fácil a contabilidade de uma vida de muito esperma derramado e nem um linguado para amostra.
Quando chega o verão nem a condução o distrai da curvatura de umas pernas a chinelar desde o saliente calcanhar até ao ressalto do rabo e se o zingarelho começa a espreguiçar-se encosta logo à berma que é um cidadão cumpridor.
15 março 2014
«Datas AC/DC» - Alfredo Moreirinhas
As pessoas, têm sempre datas de referência, dizendo “Antes e Depois de”!
- Antes de ir para a tropa, depois de vir da tropa!
- Antes de me formar, depois de me formar!
- Antes de casar, depois de casar, etc, etc,...
Para mim, só há um Antes e um Depois, é o AC e o DC
- Antes da Circuncisão e Depois da Circuncisão!
A circuncisão foi um marco importante na minha vida, de tal forma, que nem quero entrar em pormenores sobre a época AC.
O que vou contar, passou-se já na época DC e logo nas primeiras horas DC.
Quem nunca pensou nisso, pode imaginar que com a circuncisão, a pele sobrante que cobria a glande, é deitada fora e a que fica, é cozida, numa situação óbvia de pequenez total!...
Acontece, que com 17 aninhos, tudo nos excita, até as curvas dos postes...
Chegado a casa, no próprio dia da operação, só dá vontade de deitar e descansar, mas... de barriga para baixo, nem pensar, de lado é incómodo, só nos resta de barriga para cima, mas nessa posição, até o candeeiro é bonito! E não tarda nada que o corpo se transforme, aumentando exactamente no sítio onde naquele momento, não convinha nada que aumentasse!...Os pontos recentes da operação, começam a arrepanhar violentamente e o “corpo” a querer rebentar com tudo o que se oponha ao seu crescimento!
Há que meter os pulsos em água gelada! Comer rebuçados de mentol! Cheirar cânfora! Mas nada disto resulta, tudo continua excessivamente sexy e excitante... não há nada a fazer, só aguentar e tentar adormecer com as dores!...
Acabo de adormecer e acordo com a vizinha, Srª Norvinda, a espreitar para o meu quarto e a perguntar à minha tia se eu estava doente. Era coisa rara, eu estar em casa àquela hora e muito mais raro eu estar na cama! Ouço a minha tia responder que não. - Ele não está doente, foi circuncidado.
- Áh! Ó Srª Dª Maria e o que é isso? - pergunta a Norvinda.
- É a extração do prepúcio.
- Áh!... E o que é o prepúcio?
- É a pele que cobre a glande - responde a minha tia, com toda a educação e paciência. E eu a começar a perdê-la!...
- Áh!... E o que é a glande?
- É a cabeça do caralho!!!... - respondo eu com todas as letras e cheio de dores!
Só vi a vizinha de costas a chamar-me mal-educado e a sair rapidamente de lá de casa!
Até hoje, não mais a voltei a ver e desconfio que ela não acreditou que eu disse a verdade!
Aveiro, DC
Alfredo Moreirinhas
- Antes de ir para a tropa, depois de vir da tropa!
- Antes de me formar, depois de me formar!
- Antes de casar, depois de casar, etc, etc,...
Para mim, só há um Antes e um Depois, é o AC e o DC
- Antes da Circuncisão e Depois da Circuncisão!
A circuncisão foi um marco importante na minha vida, de tal forma, que nem quero entrar em pormenores sobre a época AC.
O que vou contar, passou-se já na época DC e logo nas primeiras horas DC.
Quem nunca pensou nisso, pode imaginar que com a circuncisão, a pele sobrante que cobria a glande, é deitada fora e a que fica, é cozida, numa situação óbvia de pequenez total!...
Acontece, que com 17 aninhos, tudo nos excita, até as curvas dos postes...
Chegado a casa, no próprio dia da operação, só dá vontade de deitar e descansar, mas... de barriga para baixo, nem pensar, de lado é incómodo, só nos resta de barriga para cima, mas nessa posição, até o candeeiro é bonito! E não tarda nada que o corpo se transforme, aumentando exactamente no sítio onde naquele momento, não convinha nada que aumentasse!...Os pontos recentes da operação, começam a arrepanhar violentamente e o “corpo” a querer rebentar com tudo o que se oponha ao seu crescimento!
Há que meter os pulsos em água gelada! Comer rebuçados de mentol! Cheirar cânfora! Mas nada disto resulta, tudo continua excessivamente sexy e excitante... não há nada a fazer, só aguentar e tentar adormecer com as dores!...
Acabo de adormecer e acordo com a vizinha, Srª Norvinda, a espreitar para o meu quarto e a perguntar à minha tia se eu estava doente. Era coisa rara, eu estar em casa àquela hora e muito mais raro eu estar na cama! Ouço a minha tia responder que não. - Ele não está doente, foi circuncidado.
- Áh! Ó Srª Dª Maria e o que é isso? - pergunta a Norvinda.
- É a extração do prepúcio.
- Áh!... E o que é o prepúcio?
- É a pele que cobre a glande - responde a minha tia, com toda a educação e paciência. E eu a começar a perdê-la!...
- Áh!... E o que é a glande?
- É a cabeça do caralho!!!... - respondo eu com todas as letras e cheio de dores!
Só vi a vizinha de costas a chamar-me mal-educado e a sair rapidamente de lá de casa!
Até hoje, não mais a voltei a ver e desconfio que ela não acreditou que eu disse a verdade!
Aveiro, DC
Alfredo Moreirinhas
Uma menagem a... muitos
O Jorge Castro - que é um mestre com o dom da escrita, e por isso lhe chamo Mestre Dom OrCa - é uma das várias pessoas que me fazem sentir que vale a pena manter este blog, organizar os Encontra-a-Funda e partilhar a minha colecção de arte erótica, mesmo com toda a censura do Facebook e das pesquisas do Google que escondem e bloqueiam os conteúdos do blog.
No passado dia 15 de Fevereiro, o lançamento do mais recente livro do Jorge Castro, «Outros poemas de menagem», foi um excelente pretexto para rumarmos às Caldas da Rainha. O livro compila (ihihih) poemas dedicados a pessoas e eventos. Algumas páginas são dedicadas ao blog «a funda São», à Tuna Meliches (grupo sargento - pois não há oficial - d'a funda São) e aos membros e membranas do blog.
O livro, com dedicatória, faz parte da minha colecção.
Deixo-vos aqui três aperitivos:
amor ciúme dor tanto tormento
morrer de mal de amar numa agonia
sem lágrimas chorar melancolia
viver o desviver em sofrimento
sorver o ar em derradeiro alento
em cada inspiração em cada dia
fazer da vida toda a litania
onde cada pulsar cresce num lamento
em seu redor retiram-lhe o ensejo
de ser de ter de querer de erguer do chão
a ardência da volúpia de algum beijo
e em tanta amargura em tal prisão
sentir fremente o corpo de desejo
querer ir mais além sem contenção.
- - - - - - - - - - - - - -
seria um mal de amar um desvario
um ser de si senhora e ser pecado
um querer ter de si mesma um outro fado
um ter em si o ímpeto de um rio
seria um mal-estar um desafio
um ser e estar assim em qualquer lado
um tal impulso então em si achado
urgente punhal cru e sempre frio
e ter dessa crueza um tal ardor
que cresce na vertigem da premência
que fez da vida um hino ao amor
e o frio se transforma numa ardência
que arroja ao preconceito sem pudor
o grito ao mundo todo feito urgência.
30 de Junho de 2009
- - - - - - - - - - - - - -
A Mulher
viva, Mulher, sê bem-vinda
companheira de folguedos
sem ti eu estaria ainda
a brincar com os penedos
não sei se tal como dizem
vieste ao mundo assim bela
por teres saído - imaginem!
da minha pobre costela
mas se foi - abençoado
osso meu em boa hora
por teres dado tanto agrado
tanto prazer vida fora
8 de Março de 2010
14 março 2014
Bandeiras a meia haste
Morreu Elia Lhorent, a Madame Filipa, que há cerca de 3 décadas abriu um dos primeiros bares de alterne de Coimbra (o Instituto de Massagens Madame Filipa) e actualmente mantinha o negócio da Residencial Camélias.
(Diário de Coimbra - 13-03-2014)
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