15 março 2014

Uma menagem a... muitos


O Jorge Castro - que é um mestre com o dom da escrita, e por isso lhe chamo Mestre Dom OrCa - é uma das várias pessoas que me fazem sentir que vale a pena manter este blog, organizar os Encontra-a-Funda e partilhar a minha colecção de arte erótica, mesmo com toda a censura do Facebook e das pesquisas do Google que escondem e bloqueiam os conteúdos do blog.
No passado dia 15 de Fevereiro, o lançamento do mais recente livro do Jorge Castro, «Outros poemas de menagem», foi um excelente pretexto para rumarmos às Caldas da Rainha. O livro compila (ihihih) poemas dedicados a pessoas e eventos. Algumas páginas são dedicadas ao blog «a funda São», à Tuna Meliches (grupo sargento - pois não há oficial - d'a funda São) e aos membros e membranas do blog.
O livro, com dedicatória, faz parte da minha colecção.
Deixo-vos aqui três aperitivos:

Dois sonetos à Florbela Espanca

amor ciúme dor tanto tormento
morrer de mal de amar numa agonia
sem lágrimas chorar melancolia
viver o desviver em sofrimento

sorver o ar em derradeiro alento
em cada inspiração em cada dia
fazer da vida toda a litania
onde cada pulsar cresce num lamento

em seu redor retiram-lhe o ensejo
de ser de ter de querer de erguer do chão
a ardência da volúpia de algum beijo

e em tanta amargura em tal prisão
sentir fremente o corpo de desejo
querer ir mais além sem contenção.

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seria um mal de amar um desvario
um ser de si senhora e ser pecado
um querer ter de si mesma um outro fado
um ter em si o ímpeto de um rio

seria um mal-estar um desafio
um ser e estar assim em qualquer lado
um tal impulso então em si achado
urgente punhal cru e sempre frio

e ter dessa crueza um tal ardor
que cresce na vertigem da premência
que fez da vida um hino ao amor

e o frio se transforma numa ardência
que arroja ao preconceito sem pudor
o grito ao mundo todo feito urgência.

30 de Junho de 2009

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A Mulher

viva, Mulher, sê bem-vinda
companheira de folguedos
sem ti eu estaria ainda
a brincar com os penedos

não sei se tal como dizem
vieste ao mundo assim bela
por teres saído - imaginem!
da minha pobre costela

mas se foi - abençoado
osso meu em boa hora
por teres dado tanto agrado
tanto prazer vida fora

8 de Março de 2010