.a noiva-borboleta inventa voos e desenha rabiscos no papel de rascunho.
.na noite silente, acaricia os dedos finos e inscreve o azul no seu sonho.
.no dia mais longo, inventa canções e desassossegos da ternura e da dor.
.a noiva-borboleta inventou as amoras da criação e da noite e do amor.
.na noite mais longa, escreve solidão nos dedos das aves e nas asas-som.
.no dia sereno, inventa uma dança e dança uma música de um só tom.
.espera serena a presença da aurora e a paz de noites de fogo de outrora.
.a noiva-borboleta sabe das nuvens brancas da espera e do ventre da terra.
.a noiva-borboleta dança um tango sedutor, olhar das cores do mar e da serra.
.nua, a noiva-borboleta dança sob a chuva e ilumina, em si, um arco-íris.
.os seus olhos iridescentes brilham do azul que neles vive,
pescando sonhos na maré lunar.
Susana Duarte
"Pescadores de Fosforescências"
Alphabetum Edições Literárias
Dezembro de 2012