03 julho 2014

Uma mascote sempre altiva

Na feira de artesanato da Mealhada deste ano, a Suzana Redondo comprou ao Sr. José Santos («Art & Pau»), das Covas Altas (Porto de Mós), especialmente para oferecer para a colecção de arte erótica «a funda São», duas peças: uma bengala que já vos mostrei e esta estatueta esculpida em tronco de zambujeiro (uma oliveira brava que existe na serra de Aire).
Digam lá que não apetece fazer-lhe festinhas...
É um luxo ter amigos que se lembram de nós, mesmo quando estão longe.
Mais uma vez obrigada, Suzana Redondo!



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Desvios do olhar


02 julho 2014

Reptile Youth - «It's Easy To Lose Yourself»


Reptile Youth: It's Easy To Lose Yourself (official video) from hfn music on Vimeo.

«coisas que fascinam (168)» - bagaço amarelo

Nunca devemos desprezar um Amor de baixa intensidade. Foi a tua mão que me ensinou isto.
Na verdade, à distância de alguns anos, é da tua mão que me lembro tantas vezes. A tua mão que me agarrou numa rua qualquer de Lisboa, como se fosse uma bóia salva-vidas atirada a um náufrago. Era tão fina quanto forte e às vezes suava. É do que me lembro. É da tua mão. Da textura e do suor.

- Não largues! - disseste.

Não larguei.
Já não me lembro muito bem de ti, para ser sincero. Nem tu de mim, estou certo. O que eu queria era que te lembrasses da minha mão da mesma forma que eu me lembro da tua. As mãos são a prova dos nove de um Amor de baixa intensidade ou, como se diz às vezes, de uma paixoneta. Quem não se Ama nem um bocadinho, não dá as mãos durante mais do que alguns segundos. E nós demos.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

A Nu



Mar

Foto: Virginia Galvéz
 
As luzes riscadas na janela revelam tecido imenso que se torna mar quando os sonhos entram. Depois vem a brisa entrelaçada nos cabelos molhados. Os teus dedos sedentos de mim beijam-me a pele arrepiada pelo calor da noite. A noite. A noite que me traz sempre tudo o que peço. Os paralelos de onde nasce a linha do horizonte que tudo une, o mar e a terra, a carne e o prazer, o amor e a paixão, a saudade e o desejo, a luz e a noite. Ali, no canto da lua, brinco com as tuas mãos e fazendo delas conchas encontro em cada recanto de mim pérolas que só tu me revelas. De mar nos envolvemos aconchegando o espírito e o corpo até que o dia nos acorda. 

«Quero tudo» - João

"Quero fazer tudo contigo, percebes? Empurras-me contra a parede, seguras-me os colarinhos e repetes firme, determinada, quero fazer tudo contigo! Encostas o teu corpo ainda mais ao meu, colocas a tua mão na minha face e já de boca próxima ao meu ouvido afirmas, sem pudor, com todas as letras, aquilo ao que ias. Eu quero o teu caralho na minha boca, quero chupar-to e lamber-to, quero o teu caralho no meu cú, quero que me fodas, que me segures por trás, que entres em mim, que te apertes em mim, quero o teu caralho na minha cona, muitas vezes, todas as vezes, eu quero fazer tudo contigo, e quero começar quanto antes, percebes?

Quero que me arranques roupa à dentada, quero que me rasgues cuecas à força, quero que me agridas a favor da minha vontade, quero que me torças e contorças, me deixes num farrapo, me puxes, me rodopies, quero que me partas em pedaços, que me faças perder o equilíbrio, cair redonda num sofá. Fode-me a cabeça, usa a minha boca, usa o meu corpo, é todo teu, só para ti. Estilhaça-me em constelações de desejo, entra em mim à bruta, faz os meus ossos bater na parede enquanto me fazes doer por dentro, me esticas o corpo para lá do limite, puxa-me os cabelos, chama-me puta, tua puta, quero tudo a que tenho direito, e quero mais, vou pedir mais, vais ter de dar e dar e voltar a dar, vou saltar-te em cima, vou sentar-me em cima da tua boca, vais lamber-me a cona como se com isso terminasses uma greve de fome, vais beber da minha cona como se estivesses à deriva sem nada senão água salgada, vou rebentar contigo, uma vez, duas vezes, muitas vezes. Quero fazer tudo contigo. Tudo. Como eu sei que também queres."

João
Geografia das Curvas

01 julho 2014

«(...) veio um anjo e matou-a (...)»

Há um livro medieval inglês de literatura fantástica (séc XIV) que, numa das histórias, relata que uma cidade foi invadida por cavaleiros maléficos que violaram e mataram toda a gente do castelo. Entretanto, quando o chefe dos invasores se preparava para violar a dama nobre do castelo, veio um anjo e matou-a. Reparem bem: 'matou-a' e não matou o perverso cavaleiro. Porquê? perguntamos incrédulos. A resposta está no mesmo texto: para a poupar de cometer pecado.
Mutatis mutandis, neste século XXI temos assistido a algo similar sobre a honra feminina, geralmente noutros quadrantes da geografia, onde se lapida uma mulher ou se condena à morte porque engravidou de uma violação. 700 anos se passaram, mas a estupidez humana continua a mesma.
Antonino Silva

Eva portuguesa - «Esta noite»

Esta noite quero que venhas. Que venhas com vontade de mim. Com fome de mim. Com sede de prazer.
Quero que me encostes à parede e, sem dares tempo para me despir, comeces a percorrer o meu corpo com as tuas mãos. Levemente...
Quero sentir a tua vontade, o teu desejo... a tua boca na minha como se me tirasses e desses vida.O teu cheiro a hipnotizar-me. O teu toque a causar-me arrepios de prazer e expectativa...
Esta noite quero-te sentir como nunca o fiz. As tuas mãos a despirem-me devagar, enquanto mergulhas os teus olhos nos meus. As tuas mãos a afagarem o meu corpo, percorrendo-o, deixando um rasto que a tua boca vai seguir. Segues o caminho anteriormente demarcado com os teus lábios macios, com a tua língua atrevida; ora mais ao de leve, ora com mais premência. Detens-te demoradamente no meu sexo, acariciando-o, mordiscando, lambendo, chupando. E ofereces-me o teu para que eu possa retribuir. Algo que eu faço prontamente. Com urgência, vontade e sofreguidão. E quando te sinto pronto para pores fim a esta deliciosa tortura, surpreendes-me novamente, virando-me de barriga para baixo. Sinto o teu membro duro encostado no meu traseiro. Sinto a tua respiração arfante no meu pescoço. Deixas-me desarmada com as tuas carícias nas minhas costas... e rendo-me totalmente quando me afastas as nádegas e me lambes e penetras com a língua nesse sítio tão proibido e pouco acessível. E após essa lubrificação natural, quando os nossos gemidos já não conseguem ser contidos, entras então em mim, com meiguice para não me magoares e, depois, com a urgência de um1 desespero que já não pode ser ignorado. Sinto o teu suor misturar-se com o meu. O teu cheiro a invadir o meu. O teu sabor a sobrepor-se ao meu. E quando tudo está prestes a terminar, quando começo a sentir os teus espasmos de libertação, sais repentinamente de mim e sinto o teu líquido quente a inundar-me as costas. 

Esta noite... esta noite...

Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

«imagem: tu» - Susana Duarte

o sonho fez-se, de luz e beijos, claros que eram os desejos,
luminosa que era a noite fria onde dormiam os braços e as carícias e as mãos
e as delícias dos abraços. interrompidos, intempestivos, rarefeitos,
quando o amor se construía apenas com as vozes, os abraços
fizeram-se carne, em sonhos etéreos; em imagens e em sóis de antes.

não passou de um sonho. nada foi, senão a antevisão das nozes do corpo
que as luzes não tornaram real. obstinado, ficaste aí. onde as mãos
nada são. não serão nada, senão a miragem. uma foto. uma imagem. tu.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

A isto é que se pode chamar, com propriedade, uma bengala do caralho!

Em 2012, quando passei pela feira de artesanato da Mealhada, comprei duas peças esculpidas em troncos de zambujeiro, uma oliveira brava que existe na serra de Aire, pelo sr. José Santos («Art & Pau»), das Covas Altas (Porto de Mós).
Agora, na feira deste ano, a Suzana Redondo comprou ao Sr. José Santos, especialmente para oferecer para a colecção de arte erótica «a funda São», mais duas peças (além de outras que já tinha oferecido). Uma delas é esta bengala. Quem a usar tem que saber manter a pega rijinha, pois caso contrário... cai.
Obrigada, Suzana Redondo!





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30 junho 2014

Publicidade do MoSex (museu do sexo de New York)









Luís Gaspar lê «Madrigal melancólico» de Manuel Bandeira


O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito subtil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento,
Graça que perturba e que satisfaz.

O que eu adoro em ti, Não é a
mãe que já perdi. Não é a
irmã que já perdi. E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza, Não é o
profundo instinto maternal Em teu flanco
aberto como uma ferida.

Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.

11 de Julho de 1920
Manuel Bandeira

Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa