"Toma lá estes!"
Pedro Sarmento
22 setembro 2014
«respostas a perguntas inexistentes (279)» - bagaço amarelo
Quando somos crianças e nos apaixonamos pela primeira vez aprendemos que o Amor é uma barreira gigantesca entre aquilo que dizemos e aquilo que sentimos. Depois disso não aprendemos mais nada. Eu, pelo menos, não aprendi. Aos quarenta e dois ainda estou na mesma. Acho que é por isso que vou mantendo este blogue, para diminuir essa distância entre o que sinto e o que digo.
É uma verdade que os homens em geral não gostam de falar de Amor. Optam quase sempre por engoli-lo e andar com ele às voltas no estômago com uma impossível digestão. Tem uma certa lógica: são o sexo forte e falar de Amor fragiliza-os. Além disso, uma declaração de Amor é uma aposta total. Ou se ganha tudo ou se perde tudo.
Quando nos tornamos adultos a coisa muda um bocado, essencialmente por causa do sexo. Uma declaração de Amor não depende apenas do que se diz, mas também do corpo. Dois corpos podem aproximar-se lentamente um do outro sem se comprometerem tanto como se comprometem as palavras. Se a coisa funcionar, acaba em sexo. Se não funcionar, acaba em silêncio. Acaba bem ou menos bem. São as palavras as únicas que podem acabar mal.
De qualquer forma duma coisa tenho a certeza: é muito mais fácil dizer que se Ama depois do sexo. É por isso que, em caso de paixão, a primeira palavra deve ser um toque.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Por isso vocês devem sempre manter a higiene em dia
Capinaremos.com
21 setembro 2014
Luís Gaspar lê «A Carne» de João Penha
Carne mimosa, carne cor de rosa
Nada mais sois, oh anjos, na poesia
Dos vates dissolutos de hoje em dia,
Nos romances de amor, hedionda prosa.
A vossa alma gentil, ideal, mimosa,
Nestas idades de descrença ímpia,
Como escondida, numa estátua fria
Sonha e não voa, de voar medrosa!
Anjos chorai o Amor! Com voz dolente
Dizei-lhe adeus! Bronco recife
Se apruma entre ele e vós, cruel, ingente:
Que par mais que de vinhos o borrife,
Ninguém gosta de ver, continuadamente,
Diante de si, fatal, o mesmo bife!
in “Novas Rimas” a Cândido de Figueiredo.
João Penha
(1838-1919)
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Uma boca
A minha boca é um túmulo de esperma.
Até este considerando nunca tinha pensado no meu estômago como um crematório.
[Foto © Margarida Pinto da Fonseca, 2006, Rasteiras da boca]
20 setembro 2014
«CALIDIVS EROTICVS» (Sexo Quente) - tabela de preços de hospedaria da Antiguidade Romana
A mais famosa e divertida tabela de preços de hospedaria que chegou até nós da Antiguidade Romana.
Achada em Aesernia (Isernia, no sul de Itália) e actualmente exposta no Museu do Louvre. Está datada de c. 50-100 d.C. A sua referência epigráfica é CIL IX, 2689.
Placa publicitária de estalagem à beira da estrada.
Disfarçada de (falsa) lápide funerária, sem dúvida para atrair a atenção dos passantes e para reforçar o efeito humorístico da inscrição.
L(ucius) CALIDIUS EROTICUS / SIBI ET FANNIAE VOLUPTATI V(ivus) F(ecit).
[Ambos os nomes podem ser lidos como jogos de palavras com conotações sexuais:]
Lúcio "Sexo Quente" fez [esta lápide] em vida para si e para [a sua mulher] "Voluptuosidade Barata"
[Cliente viajante: ] COPO COMPUTEMUS
"Hospedeiro, façamos as contas!"
[Hospedeiro: ] HABES VINI Ɔ (sextarius) I (unum) [assem unum], PANE(m) /A(ssem) I (unum),
PULMENTAR(ium) A(sses) II (duos)
"Tem um sextário de vinho [c. meio litro] e pão por um asse cada e o conduto por dois asses"
[Cliente: ] CONVENIT
"De acordo!"
[Hospedeiro: ] PUELL(am) / A(sses) VIII (octo)
"Pela rapariga são oito asses"
[Cliente: ] ET HOC CONVENIT
"Também de acordo!".
[Hospedeiro: ] FAENUM / MULO A(sses) II (duos)
"O feno para a mula são dois asses"
[Cliente: ] ISTE MULUS ME AD FACTUM / DABIT
"Esta mula leva-me à ruína!!!"
[Fonte]
Abre-latas com grande falo esculpido em madeira
Oferta (mais uma) dos Antoninos para a minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
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19 setembro 2014
Homens, libertem-se!
"Manifesto Homens Libertem-se!
- Quero o fim da obrigatoriedade ao Serviço Militar.
- Posso broxar. O tamanho do meu pau também não importa.
- Posso falir. Quero ser amado por quem eu sou e não pelo que eu tenho.
- Posso ser frágil, sentir medo, pedir socorro, chorar e gritar quando a situação for difícil.
- Posso me cuidar, fazer o que eu quiser com a minha aparência e minha postura, cuidar da minha saúde, do meu bem estar e fazer exame de próstata.
- Posso ser sensível e expressar minha sensibilidade como quiser.
- Posso ser cabeleireiro, decorador, artista, ator, bailarino; posso me maravilhar diante da beleza de uma flor ou do voo dos pássaros.
- Posso recusar me embebedar e me drogar.
- Posso recusar brigar, ser violento, fazer parte de gangues ou de qualquer grupo segregador.
- Posso não gostar de futebol ou de qualquer outro esporte.
- Posso manifestar carinho e dizer que amo meu amigo. Quero viver em uma sociedade em que homens se amem sem que isso seja um tabu.
- Posso ser levado a sério sem ter que usar uma gravata; posso usar saia se eu me sentir mais confortável.
- Posso trocar fraldas, dar a mamadeira e ficar em casa cuidando das crianças.
- Posso deixar meu filho se vestir e se expressar ludicamente como quiser e farei tudo para incentivá-lo a demonstrar seus sentimentos, permitindo que ele chore quando sentir vontade.
- Posso tratar minha filha com o mesmo grau de respeito, liberdade e incentivo com que apoio meu filho.
- Posso admirar uma mulher que eu ache bela com respeito, sem gritaria na rua e me aproximar dela com gentileza, sem forçá-la a nada.
- Eu sei que uma mulher está de saia - ou qualquer outra roupa - porque ela quer e não porque está me convidando para nada.
- Eu sei que uma mulher que transa com quem quiser ou transa no primeiro encontro não é uma vadia, bem como o homem que o faz não é um garanhão; são só pessoas que sentiram desejo.
- Eu nunca comi uma mulher; todas as vezes nós nos comemos.
- Eu não tenho medo de que tanto homens como mulheres tenham poder e ajo de modo que nenhum poder anule o outro.
- Eu sei que o feminismo é uma luta pela igualdade entre todos os indivíduos.
- Eu nunca vou bater numa mulher, não aceito que nenhuma mulher me bata e me posiciono para que nenhum homem ou mulher ache que tem o direito de fazer isso.
- Eu vou me libertar, não para oprimir mais as mulheres, mas para que todos possamos ser livres juntos.
- Eu fui ensinado pela sociedade a ser machista e preciso de ajuda para enxergar caso eu esteja oprimindo alguém com as minhas atitudes.
- Eu não quero mais ouvir a frase "seja homem!", como se houvesse um modelo fechado de homem a ser seguido. Não sou um rótulo qualquer.
- Quero poder ser eu mesmo, masculino, feminino, louco, são, frágil, forte, tudo e nada disso. E me amarem e aceitarem, não por quem acham que eu deva ser, mas por quem eu sou. E por tudo isso, não sou mais ou menos homem.
- Quero ser mais que um homem, quero ser humano!
- O machismo também me oprime e quero ser um homem livre!"
Co-fundadora do The Living Theatre, Judith Malina, convida: "Homens Libertem-se! / Men Get Free!" from Maíra Lana on Vimeo.
- Quero o fim da obrigatoriedade ao Serviço Militar.
- Posso broxar. O tamanho do meu pau também não importa.
- Posso falir. Quero ser amado por quem eu sou e não pelo que eu tenho.
- Posso ser frágil, sentir medo, pedir socorro, chorar e gritar quando a situação for difícil.
- Posso me cuidar, fazer o que eu quiser com a minha aparência e minha postura, cuidar da minha saúde, do meu bem estar e fazer exame de próstata.
- Posso ser sensível e expressar minha sensibilidade como quiser.
- Posso ser cabeleireiro, decorador, artista, ator, bailarino; posso me maravilhar diante da beleza de uma flor ou do voo dos pássaros.
- Posso recusar me embebedar e me drogar.
- Posso recusar brigar, ser violento, fazer parte de gangues ou de qualquer grupo segregador.
- Posso não gostar de futebol ou de qualquer outro esporte.
- Posso manifestar carinho e dizer que amo meu amigo. Quero viver em uma sociedade em que homens se amem sem que isso seja um tabu.
- Posso ser levado a sério sem ter que usar uma gravata; posso usar saia se eu me sentir mais confortável.
- Posso trocar fraldas, dar a mamadeira e ficar em casa cuidando das crianças.
- Posso deixar meu filho se vestir e se expressar ludicamente como quiser e farei tudo para incentivá-lo a demonstrar seus sentimentos, permitindo que ele chore quando sentir vontade.
- Posso tratar minha filha com o mesmo grau de respeito, liberdade e incentivo com que apoio meu filho.
- Posso admirar uma mulher que eu ache bela com respeito, sem gritaria na rua e me aproximar dela com gentileza, sem forçá-la a nada.
- Eu sei que uma mulher está de saia - ou qualquer outra roupa - porque ela quer e não porque está me convidando para nada.
- Eu sei que uma mulher que transa com quem quiser ou transa no primeiro encontro não é uma vadia, bem como o homem que o faz não é um garanhão; são só pessoas que sentiram desejo.
- Eu nunca comi uma mulher; todas as vezes nós nos comemos.
- Eu não tenho medo de que tanto homens como mulheres tenham poder e ajo de modo que nenhum poder anule o outro.
- Eu sei que o feminismo é uma luta pela igualdade entre todos os indivíduos.
- Eu nunca vou bater numa mulher, não aceito que nenhuma mulher me bata e me posiciono para que nenhum homem ou mulher ache que tem o direito de fazer isso.
- Eu vou me libertar, não para oprimir mais as mulheres, mas para que todos possamos ser livres juntos.
- Eu fui ensinado pela sociedade a ser machista e preciso de ajuda para enxergar caso eu esteja oprimindo alguém com as minhas atitudes.
- Eu não quero mais ouvir a frase "seja homem!", como se houvesse um modelo fechado de homem a ser seguido. Não sou um rótulo qualquer.
- Quero poder ser eu mesmo, masculino, feminino, louco, são, frágil, forte, tudo e nada disso. E me amarem e aceitarem, não por quem acham que eu deva ser, mas por quem eu sou. E por tudo isso, não sou mais ou menos homem.
- Quero ser mais que um homem, quero ser humano!
- O machismo também me oprime e quero ser um homem livre!"
Co-fundadora do The Living Theatre, Judith Malina, convida: "Homens Libertem-se! / Men Get Free!" from Maíra Lana on Vimeo.
«A albarda» (2)
Círculo de Nicolas Vleughels (Paris 1668 - 1737 Roma)
«Le bât» (The pack saddle / A albarda)
Óleo sobre tela
23.5 x 17.5cm
Bonhams
Via Bernard Perroud
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