16 janeiro 2015
Castas só as uvas
A vizinha muito recatada e cheia de pudores tem três cuecas fio dental a secarem na varanda. Deve estar a alugar espaço no estendal ou assim.
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
«Real» - João
"Era muito cedo, numa manhã desinteressante como tantas manhãs aqui passadas, eu na minha cadeira, sugado na atenção por um monitor de pixeis mortos, reprodutores de coisas sem vida, as paredes neutras de sensações, preenchidas de papeis amarelecidos, pastas sem cor, o ar carregado de um sítio onde não se quer estar, mesas e cadeiras emprestadas, porque sempre se está de passagem, a porta entreaberta, para ser honesto, mais fechada do que entreaberta, e só esperava vê-la abrir para entrar gente que nada me diz, que espero ver entrar sem desejar, e a janela atrás de mim está ligeiramente aberta para circular este ar abafado, viciado, a brisa vem ao meu encontro com o ar fresco da manhã e os telefones ainda não tocam, há silêncio. Sou eu, e os pixeis mortos. A atenção presa numa coisa qualquer. E abre-se a porta, espreitas e encontras-me, e eu ainda sem ver muito bem, e entras na sala a passo largo, puxas-me da cadeira, e eu surpreso entre o sorrir e o espantar, quase me rasgas a camisa, levanto-me atabalhoado, dás-me murros nos braços, no peito, bates-me, chamas-me nomes, e enquanto te procuro fazer parar, abraças-me com força, encostas a tua cabeça a mim e apertas as mãos nos meus braços ao ponto de me causar dor, mas eu nada digo, deixo-te apertar os dedos como garras, e eu arrisco apertar-te também, com medo que te partas, com medo de agarrar apenas ar e perceber o meu delírio. Mas o corpo é real, tu és real, e empurras-me, fazes-me cair na cadeira e sou lançado contra a parede com a força, e enquanto me recomponho já estás a sair, a correr, consigo ouvir-te correr corredor fora, e enquanto te tento alcançar já vais longe e não te vejo, e ecoam em mim as palavras que disseste enquanto me agarravas com força."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
15 janeiro 2015
«A Natália – Ode» - poema de Luiz Pacheco?
Cópia dactilografada, de autor desconhecido, atribuível aos surrealistas do grupo do Café Gelo, mais provavelmente a Luiz Pacheco, reclamando da não inclusão da sua obra na
A Natália – Ode
Poesia respeitosíssima
pra que o leitor ou leitora
co'os olhos da alma a leia,
dedicada à Ilustríssima
e Excelentíssima Senhora
Cona Natália Correia.
Quando vi na Portugália
essa grande Selecção
publicada pla Natália,
a vaidade emocionou-me,
seguro de haver razão
para lá ver o meu nome,
ou a minha poesia,
pois em lugares dispersos
já publiquei muitos versos
bem dignos de Antologia!
Afinal nem uma linha,
nem uma nota mesquinha,
a Autora me concedeu!
Eu bem sei que pouco valho,
mas por que é que me esqueceu?
Ó Natália! Que caralho!
Acha acaso que os meus versos
não são bastante perversos,
obscenos e porcalhões,
e só por isso os recusa?
Não falam tanto em colhões
como exige a sua Musa?
– Pois vão ver como versejo,
a Natália e sua malta,
literatos de eleição.
Quero dar-lhes um ensejo
pra repararem a falta
numa 2.ª edição.
Bem sei que os versos que faço
não é co'o desembaraço
da Autora da Antologia,
que das Artes tem o ceptro:
ela de noite e de dia
fá-los finos e pequenos
e fá-los com grande metro.
Fá-los grossos e obscenos,
fá-los líricos e puros
e fá-los que até dá brado!
Fá-los erectos e duros
e fá-los de pé-quebrado.
Fá-los brancos, sem ter rima,
e fá-los muito vermelhos,
muito rubros, escarlates.
Fá-los de baixo pra cima,
fá-los até com pentelhos
e um grande par de tomates!,
que a Autora da Antologia
é mestra em falusofia!
Como eu sou da escola antiga,
se quiserem que lhes diga
qual a minha opinião,
não faço disso mistério:
nem sempre aprovo o critério
que serviu à Selecção.
Mas o crítico David,
com seu fino bisturi,
e talentosa centelha,
já afirmou nos jornais
que as poesias são daqui
(mimar atrás da orelha
ou nas partes genitais).
Natália,
Natália que o Tejo salga,
sabe a espuma, sabe a alga,
sabe mais: – sabe a algália!
Natália, não é chacota,
às vezes lembra Bocage:
quando apanha uma pichota,
como aquela boca age!
Só o que é belo a exalta.
A Poetisa, em maré alta,
nunca conhece declives.
E sans peur et sans reproche!
cinzela como um ourives:
cada poema é um broche!...
Adora qualquer manjar
(com tomates, então, pula!)
é simples, é popular,
ingénua, leve, garrula,
é ouvi-la perguntar:
– deito fora, ou quer que engula?
Com um notável desplante
e grande poder de acção,
leva sempre a sua avante.
Levar é sua ambição
pois tem alma até Almeida!:
leva na boca, na peida,
leva, é claro, na vagina,
leva em qualquer orifício,
e com algum sacrifício
até leva na narina!
Tão requintado é seu vício
que onde este amor goza mais
'inda é nas fossas nasais!
Se manda a criada ao talho
(outra rima do caralho)
a Natália, casta e pura,
a Deusa da maravilha,
a Poetisa da berguilha,
sempre obtém o que procura:
três doses de rabadilha
e uma dose de fressura.
Ninguém há que a ultrapasse,
é um vate de alta classe:
é Vat 69!
Põe casos de geometria
a quem dela se apaixone:
saber se alguém avalia
o volume do seu cone,
que não será conezia,
pois não há qual mais funcione,
seja de noite ou de dia!
Mas uma coisa consola:
quando passa pelas ruas
sua piedade é sem par:
se lhe pedem uma esmola,
Natália dá sempre duas
ou três, sem desencavar.
Em política é extremista
e acha que é preciso sermos
todos assim sem dilema.
Também no leito esta artista
não é lá de meios termos:
"tudo ou nádega" – é seu lema.
Seria uma grande perda
se ela fosse prá masmorra
por causa de tanta merda.
Não é lá por que discorra:
gosta de apartar prá esquerda
pra sentir melhor a porra!
Tão respeitável senhora
digna do tít'lo "honóris"
é ditosa detentora
dum tão comprido clitóris
que cada vate panasca
que ela enraba fica à rasca,
alguns com o seu rasgão,
que gostam de pôr a nu.
Pois tão Ínclitos varões
'stão todos na Selecção
(todos, todos não cab'rão,
porque há lá muitos cabrões!)
mas a doer-lhes o cu!
É coisa averiguada:
como a Natália é dotada
de grande ivaginação,
tudo a põe em excitação
(como melhor se diria
em termos de Antologia):
– tudo a enche de tesão!
De ir prá cama tem a ânsia
esta notável vedeta.
Não desdenha uma punheta,
mas fode com elegância:
tem garbo naquela greta!
Quando a Natália se vem,
quando a Natália se esvai,
até grita pela mãe,
até grita pelo pai!
E então a morder a fronha,
etérea Natália sonha
no seu leito, casta e pura,
nuvens fofas de langonha
e alguma esporra à mistura.
Se depois desta poesia
com tanta palavra erótica,
que um suave lirismo doura,
eu não for pra a Antologia,
pela vontade despótica
da ilustre Selectora,
é tão grave represália,
filha de inveja ou intriga,
que outra igual nunca se viu.
E então consinta, Natália,
que à puridade lhe diga:
– Vá prá puta que a pariu!»
Poesia respeitosíssima
pra que o leitor ou leitora
co'os olhos da alma a leia,
dedicada à Ilustríssima
e Excelentíssima Senhora
Cona Natália Correia.
Quando vi na Portugália
essa grande Selecção
publicada pla Natália,
a vaidade emocionou-me,
seguro de haver razão
para lá ver o meu nome,
ou a minha poesia,
pois em lugares dispersos
já publiquei muitos versos
bem dignos de Antologia!
Afinal nem uma linha,
nem uma nota mesquinha,
a Autora me concedeu!
Eu bem sei que pouco valho,
mas por que é que me esqueceu?
Ó Natália! Que caralho!
Acha acaso que os meus versos
não são bastante perversos,
obscenos e porcalhões,
e só por isso os recusa?
Não falam tanto em colhões
como exige a sua Musa?
– Pois vão ver como versejo,
a Natália e sua malta,
literatos de eleição.
Quero dar-lhes um ensejo
pra repararem a falta
numa 2.ª edição.
Bem sei que os versos que faço
não é co'o desembaraço
da Autora da Antologia,
que das Artes tem o ceptro:
ela de noite e de dia
fá-los finos e pequenos
e fá-los com grande metro.
Fá-los grossos e obscenos,
fá-los líricos e puros
e fá-los que até dá brado!
Fá-los erectos e duros
e fá-los de pé-quebrado.
Fá-los brancos, sem ter rima,
e fá-los muito vermelhos,
muito rubros, escarlates.
Fá-los de baixo pra cima,
fá-los até com pentelhos
e um grande par de tomates!,
que a Autora da Antologia
é mestra em falusofia!
Como eu sou da escola antiga,
se quiserem que lhes diga
qual a minha opinião,
não faço disso mistério:
nem sempre aprovo o critério
que serviu à Selecção.
Mas o crítico David,
com seu fino bisturi,
e talentosa centelha,
já afirmou nos jornais
que as poesias são daqui
(mimar atrás da orelha
ou nas partes genitais).
Natália,
Natália que o Tejo salga,
sabe a espuma, sabe a alga,
sabe mais: – sabe a algália!
Natália, não é chacota,
às vezes lembra Bocage:
quando apanha uma pichota,
como aquela boca age!
Só o que é belo a exalta.
A Poetisa, em maré alta,
nunca conhece declives.
E sans peur et sans reproche!
cinzela como um ourives:
cada poema é um broche!...
Adora qualquer manjar
(com tomates, então, pula!)
é simples, é popular,
ingénua, leve, garrula,
é ouvi-la perguntar:
– deito fora, ou quer que engula?
Com um notável desplante
e grande poder de acção,
leva sempre a sua avante.
Levar é sua ambição
pois tem alma até Almeida!:
leva na boca, na peida,
leva, é claro, na vagina,
leva em qualquer orifício,
e com algum sacrifício
até leva na narina!
Tão requintado é seu vício
que onde este amor goza mais
'inda é nas fossas nasais!
Se manda a criada ao talho
(outra rima do caralho)
a Natália, casta e pura,
a Deusa da maravilha,
a Poetisa da berguilha,
sempre obtém o que procura:
três doses de rabadilha
e uma dose de fressura.
Ninguém há que a ultrapasse,
é um vate de alta classe:
é Vat 69!
Põe casos de geometria
a quem dela se apaixone:
saber se alguém avalia
o volume do seu cone,
que não será conezia,
pois não há qual mais funcione,
seja de noite ou de dia!
Mas uma coisa consola:
quando passa pelas ruas
sua piedade é sem par:
se lhe pedem uma esmola,
Natália dá sempre duas
ou três, sem desencavar.
Em política é extremista
e acha que é preciso sermos
todos assim sem dilema.
Também no leito esta artista
não é lá de meios termos:
"tudo ou nádega" – é seu lema.
Seria uma grande perda
se ela fosse prá masmorra
por causa de tanta merda.
Não é lá por que discorra:
gosta de apartar prá esquerda
pra sentir melhor a porra!
Tão respeitável senhora
digna do tít'lo "honóris"
é ditosa detentora
dum tão comprido clitóris
que cada vate panasca
que ela enraba fica à rasca,
alguns com o seu rasgão,
que gostam de pôr a nu.
Pois tão Ínclitos varões
'stão todos na Selecção
(todos, todos não cab'rão,
porque há lá muitos cabrões!)
mas a doer-lhes o cu!
É coisa averiguada:
como a Natália é dotada
de grande ivaginação,
tudo a põe em excitação
(como melhor se diria
em termos de Antologia):
– tudo a enche de tesão!
De ir prá cama tem a ânsia
esta notável vedeta.
Não desdenha uma punheta,
mas fode com elegância:
tem garbo naquela greta!
Quando a Natália se vem,
quando a Natália se esvai,
até grita pela mãe,
até grita pelo pai!
E então a morder a fronha,
etérea Natália sonha
no seu leito, casta e pura,
nuvens fofas de langonha
e alguma esporra à mistura.
Se depois desta poesia
com tanta palavra erótica,
que um suave lirismo doura,
eu não for pra a Antologia,
pela vontade despótica
da ilustre Selectora,
é tão grave represália,
filha de inveja ou intriga,
que outra igual nunca se viu.
E então consinta, Natália,
que à puridade lhe diga:
– Vá prá puta que a pariu!»
Imagem de Nossa Senhora de Fátima... na colecção de arte erótica «a funda São»?!...
Peça em cristal da Vista Alegre Atlantis que, na altura do seu lançamento, gerou muita polémica por apresentar um formato fálico.
Tinha que vir para a minha colecção.
O Charlie comentou, no Facebook:
"Toda a veneração iconográfica remete à origem da vida, razão pela qual determinadas religiões professem a iconoclastia indo até mais longe e tornem os nomes desses ícones inefáveis. Nada de novo excepto tratar-se de uma obra magnifica que sintetiza a verdade absoluta que existe na observação do divino através da veneração dos símbolos"
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
Tinha que vir para a minha colecção.
O Charlie comentou, no Facebook:
"Toda a veneração iconográfica remete à origem da vida, razão pela qual determinadas religiões professem a iconoclastia indo até mais longe e tornem os nomes desses ícones inefáveis. Nada de novo excepto tratar-se de uma obra magnifica que sintetiza a verdade absoluta que existe na observação do divino através da veneração dos símbolos"
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
14 janeiro 2015
«Safei-me da pensão de alimentos!» - Bartolomeu
"Morder os mamilos e pisar o conão...
Será possível que a ordem dos factores seja alterada? Não sei mas, para mim, uma vindima deve começar pela limpeza do lagar, antes de lhe meter dentro o bago. Este post lembra-me uma burra que tínhamos lá em casa, enquanto vivi na aldeia antes de ter iniciado os estudos superiores e ter de mudar a residência para Braga. Como era o último a acordar, estava encarregue de aparelhar a burra, de a atrelar à carroça e de a levar até à vinha para carregar os cestos de uva já vindimada e levá-los para o lagar.
A distância desde a minha casa até à vinha ainda era longa e pelo meio, para atalhar caminho, atravessava um pinhal com mato muito alto.
Aí chegados, porque a visão da cona da burra, mesmo à frente dos meus olhos, provocava em mim uma erecção impossível de conter e porque o local era solitário, parava a carroça, soltava o nabo já a babar-se e colocando os pés nos varais da carroça e apoiando as mãos na garupa da «Ruça», enterrava-lhe o tronco até ao fundo.
De início, assaltava-me a sensação de estar a proceder a um ato moralmente condenável mas, como a burra não se queixava, antes pelo contrário, semicerrava os olhos e parecia até pedir que aquele momento fosse eterno, passavam-me os pruridos éticos e desatava a malhar na conaça da burra, como se o mundo não fosse durar mais de uma hora ou duas.
No fim, descia da carroça, limpava o mangalho a umas folhas de arbusto e seguia caminho.
Tive a sorte de a «Ruça» nunca ter emprenhado e, por conseguinte, não me vir a exigir o pagamento de pensões de alimentos."
Bartolomeu
Será possível que a ordem dos factores seja alterada? Não sei mas, para mim, uma vindima deve começar pela limpeza do lagar, antes de lhe meter dentro o bago. Este post lembra-me uma burra que tínhamos lá em casa, enquanto vivi na aldeia antes de ter iniciado os estudos superiores e ter de mudar a residência para Braga. Como era o último a acordar, estava encarregue de aparelhar a burra, de a atrelar à carroça e de a levar até à vinha para carregar os cestos de uva já vindimada e levá-los para o lagar.
A distância desde a minha casa até à vinha ainda era longa e pelo meio, para atalhar caminho, atravessava um pinhal com mato muito alto.
Aí chegados, porque a visão da cona da burra, mesmo à frente dos meus olhos, provocava em mim uma erecção impossível de conter e porque o local era solitário, parava a carroça, soltava o nabo já a babar-se e colocando os pés nos varais da carroça e apoiando as mãos na garupa da «Ruça», enterrava-lhe o tronco até ao fundo.
De início, assaltava-me a sensação de estar a proceder a um ato moralmente condenável mas, como a burra não se queixava, antes pelo contrário, semicerrava os olhos e parecia até pedir que aquele momento fosse eterno, passavam-me os pruridos éticos e desatava a malhar na conaça da burra, como se o mundo não fosse durar mais de uma hora ou duas.
No fim, descia da carroça, limpava o mangalho a umas folhas de arbusto e seguia caminho.
Tive a sorte de a «Ruça» nunca ter emprenhado e, por conseguinte, não me vir a exigir o pagamento de pensões de alimentos."
Bartolomeu
a funda são mora na filosofia [VIII]
fotografia retirada DAQUI
o drama, o horror, a tragédia. a pequena Shiloh Jolie-Pitt gosta de se vestir "à rapaz" e - pasmem-se as alminhas - os pais permitem e apoiam a escolha da sua filha.
a filha do mediático casal só é notícia pelo facto de ser... filha do mediático casal. outros casos há de meninas que querem ser meninos e vice-versa que não aparecem nas colunas do DN nem são tópico de discussão em fóruns da internet.
conheço uma menina, chamemos-lhe Vanessa, que tem quase 9 anos e que me foi apresentada como "a menina que quer ser um menino". anda sempre de calções ou calças e os seus melhores amigos são os outros rapazes com quem joga à bola e brinca. as suas colegas sabem que ela não gosta de usar laçarotes nem coisas cor de rosa. já se apaixonou por uma colega e a turma inteira lidou com isso de forma natural: a Vanessa gostava muito de uma rapariga, mas perceberam que só podem ser amigas.
crianças de 8, 9 anos a revelar uma maturidade de calibre "jolie-pitt". disponíveis para aceitar, para compreender e lidar com a diferença.
esta notícia sobre a Shiloh e a história de vida da Vanessa fazem-nos questionar várias coisas:
o que é isso de vestir à rapaz?
há cortes de cabelo femininos e masculinos?
onde é que termina o feminino e começa o masculino?
como é que podemos agir na educação para que crianças como a Vanessa possam (con)viver a sua diferença, naturalmente?
há dias, estava a ajudar o meu afilhado, Bernardo, de 9 anos a fazer os trabalhos de estudo do meio. eu, que sou gaja que só veste preto e anda de doc martens com biqueira de aço, fui ao meu carro (btw, que é violeta) buscar o kit S.O.S. de professora. fita cola? cor de rosa. canetas de feltro? cor de rosa. "eu não quero essa fita cola, é cor de rosa", dizia-me o Bernardo. "é a única que tenho e precisas dela para terminar o trabalho, Bernardo. qual é o problema?"
e eu que já estava à espera do discurso "isso é de menina e eu sou rapaz", preparava-me para debitar a cassete do "mas será que só coisas que são só de menino e bla bla" quando oiço da boca do Bernardo uma observação simples e honesta:
"Joana, eu não gosto de cor de rosa".
ainda assim, o Bernardo terminou o trabalho com a tal fita cola. não havia mesmo outra! e eu respeitei o facto dele ser um menino e não gostar de cor de rosa - insistir no contrário é ser tão ditadora como aqueles que acham que a menina Shiloh deveria usar saias e sabrinas - quando ela não gosta de o fazer.
13 janeiro 2015
O Maradona do sexo
Perder a noção de tudo quanto estiver para lá da tua pele. E tornar a minha boca na mão de deus.
Sharkinho
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