31 janeiro 2015
«O amor pode tardar mas não falta» - por Rui Felício
Enclausurada em casa, às vezes sentia-se abandonada, proscrita.
Como desejava que as mãos daquele homem bonito que vivia em frente a percorressem, que sentissem o perfume, a maciez, a textura e o aveludado do seu corpo!
Mas ele parecia nem reparar nela.
Nem um olhar fugaz lhe dirigia.
Era nova ainda, na força da vida.
Ele iria gostar dela quando lhe tocasse, quando o roçagar suave e sensual dos seus movimentos o despertassem.
Quando a apertasse nos braços ele ficaria rendido à sua beleza.
E ela alcançaria a felicidade. O seu sonho apaixonado seria finalmente realidade.
Tinha que se encontrar com ele.
Não podia continuar fechada em casa. Tinha que proporcionar um encontro com ele.
Subitamente, o ansiado dia aconteceu.
Foi jantar, num lugar romântico, com o belo vizinho e no regresso ele abraçou-a, acariciou-a por fora, por dentro, por todo o lado dando-lhe a vida que lhe faltava.
A vida daquele blusa de seda há muito abandonada no cabide, que naquela noite, por sorte, a dona escolhera para vestir...
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Lote de 13 selos e blocos
Selos e blocos de S. Tomé e Príncipe, União Soviética, Antígua Barbuda, Guiné Equatorial e Butão.
Mais 13 selos eróticos a juntarem-se a muitos outros na minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
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30 janeiro 2015
Averbamentos
Demasiada malta não entende as relações amorosas sem estarem devidamente averbadas num registo de propriedade.
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
«O desenho da foda» - João
"Dei por mim a pensar por que razão o sexo se desenha na minha cabeça com os traços com que se desenha. São traços que vão um pouco (muito!) além do tradicional. Nada obsto às danças mais pornográficas do sexo, aquele agarrar dos tornozelos enquanto se esfregam os corpos e se olha a fêmea nos olhos, nada tenho contra uma foda de lado, uma tesoura, uma canzana, tudo isso me parece perfeito e muito desejável. Nem sequer obsto à tradicional posição do missionário, que também tem o seu espaço. Tudo isso é perfeito, tudo isso é bom, se as cabeças estão sintonizadas. Os corpos sempre vão atrás, se nada físico os impedir. Mas o sexo pode ter outros desenhos. Desenhos em tudo diferentes, sobrepostos aos mais conhecidos, ou neles contidos. É talvez uma questão de atitude, porque, reparem, há muitas maneiras de enfiar um caralho numa cona por trás. Há a maneira do taberneiro, e há outra maneira, mesmo que possam parecer iguais. E não são. O cuidado no ritmo, a forma como as mãos desenham linhas imaginárias no corpo da mulher que se funde connosco, a estética do movimento que pode ser tão diferente consoante se foda como martelo pneumático para satisfação primária rápida ou como comunicação sem verbos, dos corpos a suar em uníssono. Dei por mim a pensar de onde me viria esta necessidade pela estética, o prazer pelos detalhes, esta exigência de corpos que não funcionam em self-service mas em fantasia conjunta. A resposta pode estar em duas coisas que fiz quando era muito jovem. A primeira, as várias temporadas de ballet contemporâneo a que assisti no maravilhoso grande auditório da Gulbenkian, a segunda, a minha prática de karaté, em que o que mais apreciava era a estética das kata, a beleza existente mesmo nos mais agressivos movimentos do corpo. Os nossos corpos – mesmo os mais imperfeitos ao terrível olhar masculino – têm muita música em si, e quando a deixamos tocar, o sexo é mais do que pornografia utilitária. O sexo torna-se bailado. Torna-se kata."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
29 janeiro 2015
«A cabra Carriça» - Bartolomeu
"Também tive uma cabra, chamava-se Carriça.
Lembro-me bem que era uma cabra fingida e me obrigou a rabear bastante até que cedesse às minhas investidas apaixonadas. Ofereci-lhe flores, chocolates, até um anel mas, para minha surpresa, só se deixou convencer quando certo dia lhe levei um pucarinho de aveia.
O diacho foi que, quando estava já deliciosamente a papar-lhe a belíssima greta, enquanto em simultâneo lhe afagava um par de generosas tetas apareceu, sem que eu desse por isso, o marido. E não é que o sacana, aproveitando-se da minha nudez e da posição em que me encontrava, não foi de modas, levantou as patas da frente e encavou-me o piço até às guelras que até vi estrelas. Mas pronto, como sou um gajo com um apurado sentido de democracia, pensei: olha, Bart, já que está, deixa estar e não te mexas, não vá o cabrão mudar de ideias e em lugar de te enrabar, dar-te uma marrada... ou duas.
A partir daquele dia, sempre que ia trepar na Carriça, o sacana do cabrão aparecia sempre. Cheguei a duvidar se ia lá pela pachacha da cabra ou pelo piçalho do cabrão. E se o cabrão lá ia para me comer a peidola, ou se ia porque gostava de me ver comer-lhe a cabra..."
Bartolomeu
Lembro-me bem que era uma cabra fingida e me obrigou a rabear bastante até que cedesse às minhas investidas apaixonadas. Ofereci-lhe flores, chocolates, até um anel mas, para minha surpresa, só se deixou convencer quando certo dia lhe levei um pucarinho de aveia.
O diacho foi que, quando estava já deliciosamente a papar-lhe a belíssima greta, enquanto em simultâneo lhe afagava um par de generosas tetas apareceu, sem que eu desse por isso, o marido. E não é que o sacana, aproveitando-se da minha nudez e da posição em que me encontrava, não foi de modas, levantou as patas da frente e encavou-me o piço até às guelras que até vi estrelas. Mas pronto, como sou um gajo com um apurado sentido de democracia, pensei: olha, Bart, já que está, deixa estar e não te mexas, não vá o cabrão mudar de ideias e em lugar de te enrabar, dar-te uma marrada... ou duas.
A partir daquele dia, sempre que ia trepar na Carriça, o sacana do cabrão aparecia sempre. Cheguei a duvidar se ia lá pela pachacha da cabra ou pelo piçalho do cabrão. E se o cabrão lá ia para me comer a peidola, ou se ia porque gostava de me ver comer-lhe a cabra..."
Bartolomeu
Lucerna romana com falo alado
Réplica de lucerna do império romano, que veio de Espanha para se juntar a outras que já faziam parte da minha colecção
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Californication
Patife
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28 janeiro 2015
"Português vulgar"?
Olás...
Encontrei essa "pérola", de Luís Fernando Veríssimo, embora já bastante difundida, há poucos dias a reli, enviada por uma das filhas (um dos motivos ela deve ter pensado: "Isso é a cara da mamãe"). E é!
Encontrei essa "pérola", de Luís Fernando Veríssimo, embora já bastante difundida, há poucos dias a reli, enviada por uma das filhas (um dos motivos ela deve ter pensado: "Isso é a cara da mamãe"). E é!
"Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente
válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com
a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo
sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português vulgar que vingará
plenamente um dia. Sem que isso signifique a "vulgarização" do idioma, mas
apenas sua maior aproximação com a gente simples das ruas e dos escritórios,
seus sentimentos, suas emoções, seu jeito, sua índole.
"Pra caralho", por
exemplo. Qual expressão traduz melhor a ideia de muita quantidade do que "Pra
caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A
Via-Láctea tem estrelas Pra caralho, o Sol é quente Pra caralho, o universo é
antigo Pra caralho, eu gosto de cerveja Pra caralho, entende?
No gênero do
"Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso
"Nem fodendo!". O "Não, não e não!" e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma
credibilidade "Não, absolutamente não" o substituem. "Nem fodendo" é
irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranquila, para
outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17
anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem
paciência. Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido,
NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar
com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do
Lupicínio.
Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as
situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o
justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível
imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como
comentar a gravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou
"ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma! . O "porra nenhuma", como
vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se
estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. São dessa
mesma gênese os clássicos "aspone", "chepne", "repone" e, mais recentemente, o
"prepone" - presidente de porra nenhuma.
Há outros palavrões igualmente
clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato
"Puta-que-o- pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba...
Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o- pariu!" dito assim te
coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se
reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar
de maiores dores de cabeça.
E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cú!"?
E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cú!". Você
já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o
limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega!
Vai tomar no olho do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua
auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar
firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo
nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de
maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais
avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente
e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de
ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu
autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo
assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem
carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você
parar: O que você fala? "Fodeu de vez!". Sem contar que o nível de stress de uma
pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala.
Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda- se!"
aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me
liberta. "Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda
sozinho(a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "foda-se!" deveria estar
assegurado na Constituição Federal. Liberdade, igualdade, fraternidade e
foda-se!.
Grosseiro, mas profundo... Pois se a língua é viva, inculta, bela e
mal-criada, nem o Prof. Pasquale explicaria melhor. "Nem fodendo..."
Chama a Mamãe
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