"O Sol nesta cidade tem outro brilho. Como em todas. Cada cidade tem reflexos próprios, recantos, gentes. E nós sentados numa esplanada, com a água por perto, o Sol a aquecer-nos e o turbilhão de um almoço de gente que mais do que sentar-se a manusear facas e garfos, quer rasgar-se das vestes e comer-se, não tanto comer. As tuas pernas estão encostadas às minhas, debaixo da mesa, como tantas vezes, como sempre, e disseste-me, da forma que te é muito própria, que comesse pouco. Escolher qualquer coisa levezinha, avisaste. E eu não precisei de mais. Não precisei de nenhum desenho. E a sobremesa seria a melhor do mundo. A vida faz-se de coisas assim. Simples."
João
Geografia das Curvas
13 março 2015
12 março 2015
«O que sempre terá querido saber sobre a poda» - António Pimpão
As duas últimas duas semanas e meia passei-as na minha quinta, em Caria, em habituais, necessários e laboriosos trabalhos de poda, que ficou a meio por já não conseguir levá-la até ao fim duma só vez. Daqui a dias lá tenho que retomar o serviço interrompido.
Para quem desconheça ou receie a atividade da poda atrevo-me a recomendar, fruto da minha experiência, que façam como eu: avancem sem receio, pois é daquelas coisas que se só se aprendem e só se aperfeiçoam, praticando. A experiência é, neste caso, muito mais importante do que a teoria.
Para se ficar a saber um mínimo de poda, ou para melhorar o desempenho, não é indispensável a frequência de cursos de formação ou andar de livro na mão, qual Kama-Sutra, a ensaiar ou praticar as diversas posições e técnicas, desde a tradicional, à francesa, passando pela inglesa ou pela californiana. Nada disso! A poda aprende-se no próprio ato, praticando. É um pouco como conduzir um carro: não se pode estar sempre a pensar nos instrumentos e na forma de os manejar; deve-se ser espontâneo e encontrar aquele automatismo desprendido, deixar-se lavar mais pela intuição do que pela racionalidade, até descobrir o ritmo mais adequado. Como referido acima, isto só se consegue com o treino. E não vale desesperar ou desistir.
Claro que nestas coisas da poda, o saber é importante mas a ferramenta também conta muito, não ficando atrás. No caso da ferramenta, o que posso dizer é que o tamanho não importa: a qualidade é que é decisiva, sobretudo se quiser que dure e evitar grandes esforços.
Em termos de técnica, esta deve ser adaptada às circunstâncias. Por exemplo, é muito diferente dar uma poda em árvores nuas (de folha caduca) ou vestidas (de folha perene).
Estando nuas, a poda torna-se mais fácil pois está tudo ali à vista, é só assestar a ferramenta.
Já no caso das vestidas, o assunto muda de figura e torna-se complicado, pois toda aquele emaranhado dificulta a visão e a própria ação, sendo necessário, previamente, meter os dedos para arredar os empecilhos.
A poda é igualmente diferente consoante se trate de árvores jovens ou velhas.
Quando são novas e, por isso, viçosas, apresentam-se bonitas, vigorosas, pujantes, tenras e macias. A ferramenta penetra nelas facilmente, até rechinam ao seu contacto. Neste caso, a poda não é cansativa e acaba por ser um prazer. Aqui deve haver uma preocupação com a sua formação. E convém deixá-las bem abertas. Inclusive, o serviço pode, com vantagem, ser feito de pé.
Tratando-se das velhas, a poda terá que ser sobretudo de manutenção. Não surpreende que se torça o nariz quando tem que se fazer o serviço, pois são mais duras, secas, angulosas, e de casca grossa Para se fazer alguma coisa de jeito tem que se estar para ali a serrar. Gemem ao passar a ferramenta. E é um trabalho cansativo, tem que se andar sempre no sobe e desce.
Num caso e noutro é preciso atenção aos filhos, que devem ser evitados por serem muito sugadores de energia.
É curioso - e isso mais parece uma ilusão de ótica - que, antes da poda, e mesmo durante, os paus, vistos de baixo, parecem enormes. Porém, acabada a poda, e já por terra, o seu tamanho, estranhamente, torna-se muito minguado, parecendo ter diminuído para menos de metade. E, no entanto, o pau é o mesmo, só varia o ângulo de visão!
É à medida que o trabalho avança que se fica a saber melhor o que deve ser feito a seguir, e como. Quando se chega ao fim fica-nos um sentimento de satisfação que logo se esvai ao constatar que se tem que começar a seguinte. Mas o melhor é sempre nem pensar em quantas ainda faltam, para não desanimar.
Não me considero um especialista da poda. Talvez porque comecei já tarde. No entanto, acho que estou em condições de ajudar quem do assunto perceba menos do que eu. Por isso, fico à disposição de quem precisar e o solicitar, seja com a ferramenta seja com o know-how.
António Pimpão
PS – Ao reler o texto, suspeito que o mesmo possa ser suscetível de uma segunda leitura. A ser isso verdade, confesso que não foi esse o meu propósito, pois só tinha uma em mente (que não é de mentir). E a que pensei foi exatamente essa em que também está a pensar. Claro que quando se escreve não se está livre de espíritos malévolos darem uma interpretação diferente. Daí, lavo as minhas mãos.
Para quem desconheça ou receie a atividade da poda atrevo-me a recomendar, fruto da minha experiência, que façam como eu: avancem sem receio, pois é daquelas coisas que se só se aprendem e só se aperfeiçoam, praticando. A experiência é, neste caso, muito mais importante do que a teoria.
Para se ficar a saber um mínimo de poda, ou para melhorar o desempenho, não é indispensável a frequência de cursos de formação ou andar de livro na mão, qual Kama-Sutra, a ensaiar ou praticar as diversas posições e técnicas, desde a tradicional, à francesa, passando pela inglesa ou pela californiana. Nada disso! A poda aprende-se no próprio ato, praticando. É um pouco como conduzir um carro: não se pode estar sempre a pensar nos instrumentos e na forma de os manejar; deve-se ser espontâneo e encontrar aquele automatismo desprendido, deixar-se lavar mais pela intuição do que pela racionalidade, até descobrir o ritmo mais adequado. Como referido acima, isto só se consegue com o treino. E não vale desesperar ou desistir.
Claro que nestas coisas da poda, o saber é importante mas a ferramenta também conta muito, não ficando atrás. No caso da ferramenta, o que posso dizer é que o tamanho não importa: a qualidade é que é decisiva, sobretudo se quiser que dure e evitar grandes esforços.
Em termos de técnica, esta deve ser adaptada às circunstâncias. Por exemplo, é muito diferente dar uma poda em árvores nuas (de folha caduca) ou vestidas (de folha perene).
Estando nuas, a poda torna-se mais fácil pois está tudo ali à vista, é só assestar a ferramenta.
Já no caso das vestidas, o assunto muda de figura e torna-se complicado, pois toda aquele emaranhado dificulta a visão e a própria ação, sendo necessário, previamente, meter os dedos para arredar os empecilhos.
A poda é igualmente diferente consoante se trate de árvores jovens ou velhas.
Quando são novas e, por isso, viçosas, apresentam-se bonitas, vigorosas, pujantes, tenras e macias. A ferramenta penetra nelas facilmente, até rechinam ao seu contacto. Neste caso, a poda não é cansativa e acaba por ser um prazer. Aqui deve haver uma preocupação com a sua formação. E convém deixá-las bem abertas. Inclusive, o serviço pode, com vantagem, ser feito de pé.
Tratando-se das velhas, a poda terá que ser sobretudo de manutenção. Não surpreende que se torça o nariz quando tem que se fazer o serviço, pois são mais duras, secas, angulosas, e de casca grossa Para se fazer alguma coisa de jeito tem que se estar para ali a serrar. Gemem ao passar a ferramenta. E é um trabalho cansativo, tem que se andar sempre no sobe e desce.
Num caso e noutro é preciso atenção aos filhos, que devem ser evitados por serem muito sugadores de energia.
É curioso - e isso mais parece uma ilusão de ótica - que, antes da poda, e mesmo durante, os paus, vistos de baixo, parecem enormes. Porém, acabada a poda, e já por terra, o seu tamanho, estranhamente, torna-se muito minguado, parecendo ter diminuído para menos de metade. E, no entanto, o pau é o mesmo, só varia o ângulo de visão!
É à medida que o trabalho avança que se fica a saber melhor o que deve ser feito a seguir, e como. Quando se chega ao fim fica-nos um sentimento de satisfação que logo se esvai ao constatar que se tem que começar a seguinte. Mas o melhor é sempre nem pensar em quantas ainda faltam, para não desanimar.
Não me considero um especialista da poda. Talvez porque comecei já tarde. No entanto, acho que estou em condições de ajudar quem do assunto perceba menos do que eu. Por isso, fico à disposição de quem precisar e o solicitar, seja com a ferramenta seja com o know-how.
António Pimpão
PS – Ao reler o texto, suspeito que o mesmo possa ser suscetível de uma segunda leitura. A ser isso verdade, confesso que não foi esse o meu propósito, pois só tinha uma em mente (que não é de mentir). E a que pensei foi exatamente essa em que também está a pensar. Claro que quando se escreve não se está livre de espíritos malévolos darem uma interpretação diferente. Daí, lavo as minhas mãos.
Grande poeta é o povo...
Menina prenda o seu melro
Que anda na minha horta
Depenica-me os tomates
Há* procura da minhoca
(*escrito mesmo assim)
Azulejo com poema popular, da minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
11 março 2015
50 Sombras de ódio
Fifty Shades of Hate from Steven Benedict on Vimeo.
Curto ensaio que retrata o abuso que as mulheres sofrem nas mãos dos homens.
Comentário de EmZe:
"Não sei exactamente qual foi a ideia do realizador ao fazer uma ligação do título desta "curta" ao filme «As 50 sombras de Grey», ou melhor, não sei se ele pretende estabelecer uma comparação, afirmar uma reacção, o quê exactamente.
No «As 50 sombras de Grey», apesar de ainda não ter visto o filme, creio que estamos face a uma situação romanceada sobre uma prática sexual, o Masoquismo (não sei se Sado-Masoquismo) que julgo, para mais, numa toada muito suave, mais para o Bondage.
Estes trechos pretendem retratar verdadeiro Ódio, no mínimo Desprezo, pela mulher sob vários aspectos.
Na minha perspectiva são coisas muito diferentes.
Ainda que pessoalmente não nutra muita simpatia pelo S-M e não tenha a minha inclinação nem interesse pela prática, não posso considerar que sejam coisas comparáveis.
Por muito que nos "custe a engolir", uma mulher ser vítima ao ser torturada sexualmente por um sádico não é a mesma coisa que um casal S-M em que ele aprecie ser sádico e ela masoquista sexualmente.
Se, por outro lado, o que se pretende é afirmar algo tipo "se vos choca tanto as 50 sombras de Grey então olhem para isto", bom, mais uma vez acho que a comparação não é, pelo menos, justa. Estes trechos pertencem a filmes que não estão a defender estes crimes. Estão a denunciá-los. O que é fundamentalmente muito diferente do «50 sombras». E alguns deles de uma forma tão visceral que resultaram melhor que muitas campanhas anti violência sexual.
Teria sido então preferível estabelecer uma comparação com casos reais da vida, que se tragam diariamente entre o galão e a torrada, votados à quase banalidade nos instantes seguintes. Esses sim deveriam ser mais marcantes.
Mas, é apenas o que acho. Como disse, não consigo perceber a 100% o intuito do vídeo.
Remetendo-me à "leitura pessoal" que Eu posso fazer do vídeo, que eventualmente poderá ser o que o realizador pretende:
Se tanto incomodam as cenas "violentas" do «As 50 sombras de Grey», que tanta "análise" têm suscitado, então, preocupem-se mais em analisar estas cenas. Porque estas é que retratam e reflectem a horrível realidade de muitas mulheres. Façam isso, façam seminários sobre isso, façam intervenção sobre isso se estão tão preocupados com o assunto. Deixem lá o «50 sombras» no seu cantinho."
Postalinho do Diário da República
"No Diário da República de hoje, 2.ª série — Nº 49 — 11 de Março de 2015, foi publicado o Despacho nº 2601/2015 da Universidade de Coimbra, que pelos vistos vai doutorar o Fodé. Já era tempo! Força, Fodé! Vai-te, Fodé!"
Paulo M.
Paulo M.
Eva portuguesa - «Prazer»
Quero tanto dar-te prazer! Quero fazer-te vibrar como tu me fazes a mim. Quero sentir-te na minha boca; mel agridoce que domina o meu paladar. Quero o teu cheiro colado a mim, em mim, tornando-se meu. Quero ouvir a rouquidão de prazer num grito mudo nos meus ouvidos. Quero sentir os teus espasmos conforme te vais abandonando dentro de mim. Quero ver-te, sentir-te, cheirar-te e fazer-te vir vezes sem conta. Até perdermos a conta. Até perdermos o tino. Quero fazer-te esquecer quem tu és,para que apenas recordes o que és quando estás comigo, quando estás em mim. Quero que percas a razão e ganhes os sentidos. Para que o prazer seja total, completo; doloroso até de tão intenso.
Quero dar-te prazer. Aceitas?
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
Quero dar-te prazer. Aceitas?
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
Postalinho jornalístico
"Nas secções de classificados de convívio dos jornais, aparecem muitas ofertas de serviços por brasileiras.
Mas nunca tinha visto, como no «Diário de Coimbra - Magazine» de 5 de Março de 2015, uma notícia com direito a chamada de capa...
... de uma brasileira que faz questão de fazer uma festa com clientes e amigos. Só depois, ao ler a notícia na página 7...
... é que constatei que afinal se tratava do café «a Brasileira», da baixa de Coimbra."
Paulo M.
Mas nunca tinha visto, como no «Diário de Coimbra - Magazine» de 5 de Março de 2015, uma notícia com direito a chamada de capa...
... de uma brasileira que faz questão de fazer uma festa com clientes e amigos. Só depois, ao ler a notícia na página 7...
... é que constatei que afinal se tratava do café «a Brasileira», da baixa de Coimbra."
Paulo M.
10 março 2015
A posta que a sério só pode ser assim
São vidas que se mudam, talvez para sempre, quando o amor influencia decisões a tomar. Há um compromisso inerente na tomada de consciência dessas mudanças, na aceitação da influência do outro ou de nós mesmos no pouco do destino que conseguimos influenciar.
Torna-se sério sem que isso derive de uma qualquer imposição social, é mesmo assim. É lógico e é justo enquanto contrapartida para tudo quanto de menos bom pode derivar de qualquer relação amorosa, quaisquer que sejam os moldes da sua construção, nomeadamente a interferência em opções de vida de outra pessoa que poderiam alterar para sempre essa vida para melhor. Ou não.
Essa incerteza, contudo, basta para fundamentar um princípio fácil de enunciar que é o do sentido de responsabilidade não sobre o que cativamos mas sobre o que nos permitimos influenciar. Essa ingerência é tão mais profunda quantos os laços estabelecidos, os compromissos assumidos para viabilizar uma ligação, a sensível questão das cedências.
São essas, no maior ou menor grau de empenho que denunciam. que acabam por definir os contornos de uma relação e por determinarem os moldes (e por inerência os limites) da mesma em termos de capacidade de interferir, ainda que por omissão, na vida de outra pessoa. São os alicerces das regras do jogo e como tal acabam por estabelecer os pressupostos de confiança, as fronteiras que nos permitimos criar dentro do território de quem quanto mais se entrega mais terá a perder.
É aí que o compromisso deve existir sob alguma forma, ainda que baseado numa perspectiva de longevidade sempre falível. Mas pressuposta numa relação mais íntima, mais próxima, mais cúmplice como todas as que dizemos mais valorizar. A moeda de troca é a busca permanente do equilíbrio como o é a preocupação constante em fazer valerem a pena todas as cedências e abdicações que qualquer relação exige para existir sem a anulação seja de quem for.
É isso que permite chamar-lhe amor. E faz sempre mais sentido quando à exaltação do sentimento correspondem a lucidez e o discernimento necessários para o fundamentar.
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