14 abril 2015
Falta de classes
A treta do dia dos namorados é uma armadilha capitalista para quem não respeita a monogamia.
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
«luxúria dos amantes» - Licínia Girão
«Casal com violino», P. Cardoso, 1997 - óleo sobre tela - colecção de arte erótica «a funda São» |
seria pobre o horizonte
se não fosse a luxúria dos amantes
os verbos irregulares
com as badaladas sonhadas
teus beijos são fortes
como a tormenta das águas
meu corpo anseia teu afago
como a folha anseia o vento para voar
sonho os teus lábios nos meus numa dança sem ensaio
a tua pele na minha pele
como as borboletas nas flores
o teu destino sou eu
como as conchas são do mar
És a música da minha vida
o meu sonho mais profundo
minha paixão carnal delirante
meu amante de palavras e sentidos
Licínia Girão
«O Avisador de Estações»
Livro da nossa Aliciante Madalena Palma.
A Mad é uma das muitas pérolas que tive e tenho o privilégio de conhecer graças ao blog «a funda São». E esta publicação é mais do que merecida. Por ela e por nós todos. Os seus poemas e os seus textos combinam muito bem com o cheiro do papel que emana deste livro quando se passa cada página.
Mas aviso já que não conseguimos ler «O Avisador de Estações» relaxados. Não podemos, com poemas como este:
Senta-te e relaxa...
Encosta-te na cadeira e repousa a cabeça.
Não tires nunca os olhos do meu corpo.
Segue os meus dedos.
Vê o poder que exerces em mim e a vontade que sinto.
Não te mexas.
Mantém-te aí.
Nunca pares de seguir os meus dedos e as ondas do meu corpo.
Vê como as minhas mãos navegam sôfregas pelo mar revolto em que me transformo quando me apeteces.
Não saias daí.
Continua a olhar.
Delicia-te.
Não feches os olhos mesmo que eu feche os meus.
Vem
Demoras muito?
O exemplar da minha colecção tem uma dedicatória da Madalena que me deixa toda molhadinha. Mas também podes encomendar o teu exemplar à Madalena, comprá-lo na Chiado Editora ou em algumas livrarias (como a Bertrand ou a Wook).
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
A Mad é uma das muitas pérolas que tive e tenho o privilégio de conhecer graças ao blog «a funda São». E esta publicação é mais do que merecida. Por ela e por nós todos. Os seus poemas e os seus textos combinam muito bem com o cheiro do papel que emana deste livro quando se passa cada página.
Mas aviso já que não conseguimos ler «O Avisador de Estações» relaxados. Não podemos, com poemas como este:
Encosta-te na cadeira e repousa a cabeça.
Não tires nunca os olhos do meu corpo.
Segue os meus dedos.
Vê o poder que exerces em mim e a vontade que sinto.
Não te mexas.
Mantém-te aí.
Nunca pares de seguir os meus dedos e as ondas do meu corpo.
Vê como as minhas mãos navegam sôfregas pelo mar revolto em que me transformo quando me apeteces.
Não saias daí.
Continua a olhar.
Delicia-te.
Não feches os olhos mesmo que eu feche os meus.
Vem
Demoras muito?
O exemplar da minha colecção tem uma dedicatória da Madalena que me deixa toda molhadinha. Mas também podes encomendar o teu exemplar à Madalena, comprá-lo na Chiado Editora ou em algumas livrarias (como a Bertrand ou a Wook).
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13 abril 2015
«Pausa para te vires» - João
"Milhares passam por ali, é espaço de bulício, de pressa, de pessoas que correm para um lado qualquer, lados distintos dos nossos, e nós a passar, com tempo, com algum tempo ainda, e com a tesão nos corpos, e tu puxas-me pelo braço e dizes-me que é ali, é ali, mas que loucura, ali não podemos, não, dizes, ali podemos, vamos, e nós vamos, e entramos, e fechamos a porta atrás de nós, trancamos a porta, e empurro-te contra a parede mais próxima, colo a minha boca à tua, subo apressado a tua saia, enfio a minha mão na tua lingerie sem delicadezas e massajo vigorosamente a tua cona enquanto te beijo e as tuas mãos me agarram, me seguram, eu em pé e tu de pé, descomposta, descompostos, amparada por mim quando depressa te vens, e depois, depois num rearranjo da roupa e num ar aprumado, irrepreensível, abrimos a porta e caminhamos depressa, com rostos inocentes como que gente ao engano, e lá vamos, a esconder um segredo em sorrisos, misturados na mole de gente em pressa, de um lado para o outro, que a vida afinal é isto."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
12 abril 2015
Luís Gaspar lê «Os lagartos ao sol» de Alexandre O’Neill
Expõe ao sol a perna escalavrada,
no jardim do Príncipe Real,
uma velha inglesa. Não há nada
tão bonito (pra mim), so natural.
E conversamos: “Helioterapia
medicina barata em Portugal”.
Accionista do sol, ajudo à missa:
“But, não muito, que senão faz mal”.
Gozosos, eu e a velha, ali ficamos
à mercê de meninos e marçanos.
Ela, a inglesa, de perninha à vela;
e eu, o português, à perna dela.
Talvez que, se Briol nos conservara,
alguém um dia nos ajardinara.
Alexandre O’Neill
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Elevador do Lavra
Desde que a pila passou a despertar todas as manhãs como um relógio suíço optou pelas mulheres mais velhas para se livrar da camada de rococós necessários para uma miúda fazer uma coisa tão simples como abrir as pernas e deixá-lo ir.
Mais a mais, o tempo ensinou-lhe ainda estudante que as mulheres independentes em matéria financeira não se importavam com a falta de dinheiro nos bolsos desde que não faltasse o afluxo sanguíneo à charrua e pagavam tudo e mais umas botas. E para manter o trabalho de campo bastava fingir agrado em satisfazer o mais pequeno capricho, como uma inenarrável visita a uma loja para escolher uma roupinha.
Lavrando nestes procedimentos conseguiu da sua primeira chefe privilégios no trabalho e muitas farras até com férias pagas mas nada em seu nome pelo que começou a amanhar as amigas da casa com mais de sete anos de casamento e rapidamente aumentou o seu património com muita saliva e crescente técnica de retenção do produto mais tempo na fonte.
Neste efeito bola de neve conheceu e finalmente casou com uma viúva proprietária de um império hoteleiro onde combate o tédio dando aulas de golfe a jovenzinhas de pernas esguias com um capitel de calçõezinhos flutuantes e palas na testa a fazerem sombra no peito que estrebucha no pólo porque cada um é para o que se faz e é isto que ele sabe cultivar.
Mais a mais, o tempo ensinou-lhe ainda estudante que as mulheres independentes em matéria financeira não se importavam com a falta de dinheiro nos bolsos desde que não faltasse o afluxo sanguíneo à charrua e pagavam tudo e mais umas botas. E para manter o trabalho de campo bastava fingir agrado em satisfazer o mais pequeno capricho, como uma inenarrável visita a uma loja para escolher uma roupinha.
Lavrando nestes procedimentos conseguiu da sua primeira chefe privilégios no trabalho e muitas farras até com férias pagas mas nada em seu nome pelo que começou a amanhar as amigas da casa com mais de sete anos de casamento e rapidamente aumentou o seu património com muita saliva e crescente técnica de retenção do produto mais tempo na fonte.
Neste efeito bola de neve conheceu e finalmente casou com uma viúva proprietária de um império hoteleiro onde combate o tédio dando aulas de golfe a jovenzinhas de pernas esguias com um capitel de calçõezinhos flutuantes e palas na testa a fazerem sombra no peito que estrebucha no pólo porque cada um é para o que se faz e é isto que ele sabe cultivar.
É o fado...
Patife
@FF_Patife no Twitter
11 abril 2015
«Prazer» - por Rui Felício
Pedi à Sandra que me dissesse o que era, para ela, ter prazer.
A resposta escrita, bela, mas inesperada, foi esta:
Ter prazer é a sensação do chocolate a derreter-se lentamente na boca e a língua a passar nos lábios para os limpar do liquido doce e acastanhado que escorre.
Prazer é sentir a chuva a bater na cara e no corpo ou adormecer ao crepúsculo de um dia quente, na praia.
Também é prazer o cheiro da terra seca amaciada pelas primeiras chuvadas de Outono.
Sentir prazer é o cheiro e o ruído da lenha a crepitar na lareira nas noites frias de inverno.
O máximo prazer, porém, é estar numa dessas noites, enrolada no sofá em frente à lareira, descalça, e adormecer agarrada àquele ente especial , meigo e adorado, que me acorda horas depois, sussurrando-me ao ouvido com o seu melodioso: Miaaauuu!
Rui Felicio
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
A resposta escrita, bela, mas inesperada, foi esta:
Ter prazer é a sensação do chocolate a derreter-se lentamente na boca e a língua a passar nos lábios para os limpar do liquido doce e acastanhado que escorre.
Prazer é sentir a chuva a bater na cara e no corpo ou adormecer ao crepúsculo de um dia quente, na praia.
Também é prazer o cheiro da terra seca amaciada pelas primeiras chuvadas de Outono.
Sentir prazer é o cheiro e o ruído da lenha a crepitar na lareira nas noites frias de inverno.
O máximo prazer, porém, é estar numa dessas noites, enrolada no sofá em frente à lareira, descalça, e adormecer agarrada àquele ente especial , meigo e adorado, que me acorda horas depois, sussurrando-me ao ouvido com o seu melodioso: Miaaauuu!
Rui Felicio
Blog Encontro de Gerações
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