A chuva cai impiedosa. A lua vai, aqui e ali, penetrando a sua luz por entre as nuvens, iluminando, por breves espaços de tempo, a figura que junto a uma esquina procura algo ou alguém.
Os carros, poucos, passam em louca correria, como se a noite fosse uma inimiga e a velocidade esventrasse o seu seio, deformando-a com os seus raios de luz.
As nuvens voltam a tapar a lua, momentaneamente deixo de ver a figura que junto à esquina procura algo ou alguém.
Faz-se silêncio, nada se move, nada se ouve, só eu e ela estamos ali. Não nota a minha presença, está só com o mundo!...
Um pequeno brilho, uma lágrima rola. O seu rosto permanece fixo virado para o nada, as mãos premem o peito como se houvesse ali uma dor imensa num corpo dolorido.
Volta a chover intensamente, encosta-se procurando refúgio na soleira esconsa de uma porta.
Aproximo-me, passo o meu braço sobre os seus ombros, um pequeno frémito percorre-lhe o corpo molhado e juntos embrenhámo-nos, no escuro da noite.
Mário Lima
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O sonhador