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16 setembro 2020

«Maiombe - o paraíso na terra» - Mário Lima

Em Cabinda, o 'Bar Girassol' era ponto de encontro de todos nós. Perto, o mar. A areia era 'negra' devido às fortes correntes marítimas vindas do sul que arrastam o aluvião da foz do Rio Zaire. Ao largo, as plataformas bombeavam o 'ouro negro' que saía das profundezas do oceano.

Nas noites quentes, casais por ali deambulavam à procura de um lugar mais escuro onde o clarão dos poços que iluminavam a noite não os denunciasse.

O calor da noite era propício ao calor dos corpos e, naquelas areias, muito amor se fez ao som das ondas que, mansamente, beijavam a areia com doçura.

Cabinda era uma cidade pequena mas muito arejada. Não faltavam lá recantos, onde a tropa se 'perdia' em noites de bebedeiras e prazer. Onde há tropa, há sempre um séquito de meretrizes que os acompanham, já no tempo do Império Romano assim era.

As noites quentes e húmidas, eram compensadas com o barulho das ventoinhas que traziam um pouco de fresco ao corpo que dormindo como tinha nascido, o suor escorria. De manhã acordava-se e não se sabia como, com o lençol até ao pescoço.

Depois do MVL (Movimento Viaturas Logístico) que fazia o abastecimento ao quartel, era o regresso à floresta do Maiombe.

A beleza luxuriante daquela floresta era de cortar a respiração. O seu despertar com a névoa subindo aos primeiros raios de sol, criava um misto de admiração e surpresa, como o cosmos tinha feito do 'Caos' o que de mais de belo o nosso planeta tem, as suas florestas. Ouviam-se os primeiros pássaros no despertar daquele imenso 'mar' vegetal.

No rio que percorria a aldeia, embora fossem as mulheres que mais ali trabalhavam nas pequenas roças que tinham, velhos pescadores tentavam pescar. Tudo era feito nas calmas, no silêncio dos dias, onde o astro-rei é que mandava no tempo.

A floresta era palco de muitos animais exóticos, o papagaio era rei e senhor dos ares.

As suas águas cristalinas, os recantos onde as belas cabindas se banhavam em cascatas com reflexos do sol, os seus risos cristalinos, o debruçar da vegetação sobre as suas margens, tornavam todo aquele cenário um local idílico, onde o rio, a floresta e as suas gentes, faziam daquele lugar o último paraíso da terra.

foto: quadro da pintora Josefa Moura intitulado 'Cabinda'

Mário Lima
Blog Sons no silêncio
Blog O sonhador


24 fevereiro 2020

«A almofada» - Mário Lima

Entram no armazém. Por todo lado, artigos de toda a forma e feitio ocupam o espaço. Num saco, ela levava um edredão e uma almofada. Duas seriam demais. No meio daquela confusão, vão criando um espaço íntimo.

Estendem o edredão, e vão colocando pequenas velas tealights nos locais superiores para darem um ar romântico ao local. Apagam a luz do armazém e, à luz das velas, deitados, dão lugar ao amor. A roupa aos poucos vai deixando de existir, desnudam-se os corpos. O amor é total. A luz mortiça das velas incendeia-lhes a paixão. Tudo vale no amor.

Gotículas de suor caem do corpo dele sobre o dela. Encostada à parede, ele percorre cada curva do seu corpo e, ali, sente-a estremecer de volúpia, como querendo que aquele momento não tivesse fim.

Voltam a deitar-se no edredão e continuam o jogo do amor.

Não sabem a quantidade de vezes que atingem o clímax, nunca parecem saciados

O calor era imenso, a almofada já molhada de tanto suor, estava ali a mais. Ela pega nela e atira-a para cima dos artigos armazenados.

Abraçados, extenuados, descansam de tanta luxúria. Quase que adormecem, mas um cheiro a queimado começa a fazer-se sentir. Olham para o lugar para onde ela tinha atirado a almofada. Estava a começar a arder. Sorriram por tão insólita situação. A almofada tinha caído junto a uma das velas.

Apagaram o pequeno incêndio, voltaram a deitar-se e adormeceram profundamente.

Mário Lima
Blog Sons no silêncio
Blog O sonhador


15 junho 2019

«Amar pelos dois» - Mário Lima

Esta foi a última publicação do Mário Lima nos seus blogs «Sons no silêncio» e «O sonhador».
O meu agradecimento ao Mário Lima pela simpatia e altruísmo que desde há muito teve e tem connosco, ao permitir-nos partilhar estas suas pérolas.
São Rosas



"Quando te conheci, renasci. Quanto te perdi... morri"

Mário Lima

04 maio 2019

«Tonight I celebrate my love» - Mário Lima



"Em meio aos sonhos, o desejo
Busca a realização
Na ânsia de se esgotar...
Bocas se perdem no beijo
No fogo em que arde a paixão
No gosto suave de amar
Aos poucos vem a loucura
À procura dos sentidos
Dominando a ansiedade
Numa explosão de ternura
Ambos se sentem perdidos
Tocando a eternidade.

Os corpos se movimentam
Como louca sintonia
Feito uma dança imortal
Os corações se alimentam
Do impulso da energia
Que é própria e natural

Assim atravessam a madrugada
Entregues ao louco prazer
Como a se embebedar
Duas almas de mãos dadas
Dois corações a bater
Dois corpos a se completar

Unem fronteiras e espaço
Celebram a conexão
Do que era individualidade
O mundo se resume no abraço
Que provoca a explosão
Até a saciedade...

Entregam-se inebriados
Ao mundo das sensações
Isentos de culpa ou pudor
Amantes cumpliciados
Ardendo em suas paixões
No doido jogo do amor..."

Mário Lima

20 abril 2019

«Everytime it rains» - Mário Lima



"A alma anda desencontrada do corpo
tenho de buscar na memória o que toquei
sigo o rasto das lembranças
até chegar ao Esquecimento.

Sinto saudades... não sei ao certo
o corpo não me responde
a alma atormentada não sente.

O tempo vivido não é o tempo sentido
sempre o tempo...
infinito na escuridão
tão escasso para a satisfação.

O Antes no Agora para o Depois,
esconde-se o vazio,
adormece-se a alma,
julgo vencer o tempo
mas permanece o desencontro..."

Mário Lima

13 abril 2019

«Angel of the morning» - Mário Lima



"Se um dia uma brisa leve e suave tocar teu rosto, não tenhas medo, é apenas a minha saudade que te beija em silêncio."

Mário Lima