02 janeiro 2018

«Identidade (ouvindo Lisa Gerrard & Patrick Cassidy- Immortal Memory)» - Susana Duarte

(excerto)

(...)

ergue o arvoredo sonoro das vozes campestres,
de onde saem braços.
abraça
as linhas das asas
dos teus sonhos e levanta o dedo, apontando
estrelas. 
fica
quieto no gesto que antecede as farândolas
e ora: raso
liso
sem cercas sem muros:
torna teu o dia anterior
e aquieta as luzes confusas
as falas sem dono
e ergue os braços,
no dia,
por sobre os ruídos de então
e sê.
abraça o meu voo e
derrama em mim a luz.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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Susana Duarte
Do livro "Pangeia", supostamente a publicar em breve pela Alphabetum Edições Literárias

Pata

«A rapariga do ganso» de Jean-François Millet, 1863

Reparei nos patinhos, pronto.

Sharkinho
@sharkinho no Twitter


Serenata à janela

Relógio de pulso, a pilhas, com homem a tocar viola, de pénis em riste, para a sua amada que está nua à janela.
Na minha colecção, não será por falta de relógios que não sabemos a quantas andamos.




A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

01 janeiro 2018

PornHub - «HeartOn» (algo como... corações ao alto)

#sonhodeumavida #mcdonaldsaodomicilio #aindaderessaca - Ruim especial Ano Novo

*toque da campaínha*
- "McDonald's, boa tarde. Pode abrir a porta?"
- "Chegou o gajo dos hamburguers! O meu cartão Multibanco?"
*gajo sobe*
- "Bom ano novo. Ora aqui tem..."
- "Deixe só confirmar: dois McMenus Big Tasty, duas colas, batata média, um cheese e uma caixa de nuggets. Está certo."
* pago a conta*
- "Então um bom resto de..."
- "Espere. Deixe-me lá dar-lhe uma gorjeta.
* ajoelho-me*
- "Ponha-a para fora!
- "Como?"
- "Ponha o menino de fora. Vou fazer-lhe um felácio!"
- "O senhor quer-me fazer... um felácio?"
- "Não é querer, é ter de fazer. Homem que entrega menus do McDonald's em casa no dia 1 de Janeiro, não merece menos. Depois do meu, espero que todos lhe façam o mesmo. Você merece!"
Eu fazia isto neste momento.

Ruim
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«Feliz ano novo» - Adão Iturrusgarai especial Ano Novo


31 dezembro 2017

«conversa 2191» - bagaço amarelo

Ela - Detesto quando um homem me diz que eu sou muito bonita.
Eu - Porquê?
Ela - Porque isso é conversa para boi dormir...
Eu - Ah!
Ela - Tu nunca me disseste que eu sou bonita, por exemplo.
Eu - Se calhar não...
Ela - Mas porquê?
Eu - Esse está longe de ser o maior elogio que te posso fazer.
Ela - Hum... hum...
Eu - O que foi?
Ela - Nem sei se considere isso bom ou mau.
Eu - Ainda bem que não gostas que os homens te digam que és bonita, então. Senão consideravas mau de certeza.
Ela - Pois... mas achas-me bonita ou não?
Eu - Agora não posso dizer.
Ela - Porquê?
Eu - Estou condicionado pelas circunstâncias desta conversa.
Ela - Na boa... também não me interessa.
Eu - Ainda bem.
Ela - Mas amanhã já podes dizer, não já?


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Cozinha de autor







A abrir o cardápio uma esmagada dos ovos estrelados e de melancia com suaves notas de saliva a brotarem dos lábios que conferem satisfação plena. Espevitou-me o paladar e avancei pelos ovos mexidos misturados com boa farinheira. Os ovos de compleição muito aceitável resistiam aos meus debicos mas a farinheira deixava-se deglutir completamente numa camilha translúcida tornando o prato original e viciante. O presunto de grande qualidade apoiava a degustação com presença.


Já nos pratos o linguado apresentava-se fresco e grande como convém e a carne era convincente sem lascar ao primeiro embate. O rolo atado tinha a consistência necessária para imprimir o ritmo de uma refeição luxuosa. O duo de tubérculos quase à borda do prato também ajudava à decoração do prato garantindo salivação permanente.


Recomendo a gastronomia deste chef que já repeti bastas vezes pela segurança que dá de requinte e satisfação do palato mais exigente. A carta de vinhos resume-se a um branco e um translúcido inicial mas no conjunto é uma solução perfeitamente equilibrada.

Momentos raríssimos


Consigo ter momentos de elevada genialidade. Desde que não tenha um par de mamas à frente a distrair-me.

Patife
@FF_Patife no Twitter

30 dezembro 2017

«Noite» - Susana Duarte

Noite
(ouvindo Jacqueline du Pré interpretando Offenbach)

(eu, e tu, somos a noite das intempéries
e dos druidas, construções
de um acaso tecido
pelas constelações dos dedos, e pelas impressões digitais
nas veredas do que somos).

a noite sublinha as dissonâncias
dos corpos, e as ausências dos olhares e
das mãos.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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Excerto de "Noite", do livro Pangeia, de Susana Duarte
Supostamente a lançar brevemente pela Alphabetum Editora
Foto pessoal, tirada no Museu Nacional de Machado de Castro

Por favor atende-me!


«Pombo correio» - por Rui Felício

«A menina do chapéuzinho vermelho e
o lobo relativamente mau»
Livro de José Vilhena, 1975
Colecção de arte erótica «a funda São»
O Murta até nem era frequentador habitual do Café do Silva, mas ultimamente não falhava um dia.
Andava loucamente apaixonado e, naquele tempo, excepção feita aos bailes de garagem dos fins de semana a que ele e a linda rapariga acorriam pressurosos, os contactos nos restantes dias eram extremamente dificeis.
As raparigas eram mantidas numa férrea redoma.
Mesmo quando, excepcionalmente, tinham permissão para irem aos tais bailes, era habitual serem acompanhadas pelas mães que fiscalizavam o seu comportamento com olhos de lince.
Raras eram as familias que tinham telefone em casa e, mesmo naquelas onde o havia, seria impensável um telefonema de namorados se, como era o caso, o namoro formal ainda nem sequer tivesse sido autorizado pelos pais da moça.

Mas a necessidade aguça o engenho...

O pai da moça, cujo nome aqui omito por respeito à sua memória, usava chapéu como a maioria dos homens de então, e fazia parte das suas rotinas diárias, pendurá-lo num cabide atrás da porta da sua casa.
Colocava-o na cabeça sempre que saía de casa e voltava a pendurá-lo no cabide que existia no Café do Silva logo que ali chegava para tomar uma bica e jogar às damas.
Alisava o cabelo empastado de brilhantina com as palmas das mãos, secava-as às calças e sentava-se a uma mesa , convidando algum dos presentes para uma partida de damas, ou encetando alguma conversa acalorada sobre os últimos jogos de futebol do União ou da Académica.
O Murta aproveitava então a sua distracção e subrepticiamente retirava do forro do chapéu pendurado no cabide, um bilhetinho dobrado da sua amada.
Depois de o ler, escrevinhava nas costas do mesmo bilhete, uma dúzia de palavras carregadas de amor, voltava a dobrá-lo e recolocava-o no forro do chapéu.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

Maurício Falleiros