No começo, em Mafra...
Já de si, o apelido originário da ascendência estrangeira da sua Família, o tornava notado. A sua invulgar estatura de quase dois metros, os olhos salientes, o cabelo arruivado, a pele branca e sardenta e o corpo magro, longilíneo e desengonçado, completavam a estranha figura propicia ao sorriso e aos mais díspares comentários.
Falo do Parrot, que conheci em Mafra e que fez parte do meu pelotão do 1º Ciclo do COM da incorporação de Abril de 1967.
Não era fácil, porém, tirar o Parrot da sua fleumática postura de “não te rales”, por mais provocações que se lhe tentassem fazer. Ele era a calma personificada, e senhor de uma inteligência fora do comum.
Não eram portanto as piadas sem graça que alguns lhe dirigiam que o faziam reagir ou mostrar desagrado. Mostrava-se superior a essas coisas...
Era fácil perceber, que colmatava os sacrifícios da vida militar, para a qual claramente não nascera, substituindo-os por insondáveis pensamentos que lhe davam o ar de quem pairava acima dos comezinhos problemas de quase todos nós. Fez quase toda a recruta em Mafra de fato de treino e sapatilhas, porque só já muito perto do juramento de bandeira é que lhe foi conseguido fardamento adequado às suas medidas.
Enquanto não teve fardamento, estava autorizado a sair do quartel à civil, o que lhe proporcionou algumas vantagens em relação ao resto dos cerca de 800 cadetes que, como ele, ali recebiam instrução militar.
De facto, enquanto todos nós, para sairmos do quartel, tínhamos de nos sujeitar a formatura de saída e à revista, com os inerentes riscos de sermos “chumbados” nessa revista, o cadete Parrot saía calmamente à civil do quartel pela porta de armas, como se de um oficial se tratasse.
Aliás, por mais de uma vez o sentinela da porta de armas, incapaz de conhecer todos os muitos oficiais que serviam no Regimento, tomava o Parrot como mais um e saudava-o com as honras militares que supunha lhe serem devidas!
Perdi completamente o rasto do Parrot desde que saí da tropa, o que lamento...
Assim como já o havia perdido antes, quando depois da recruta ele foi fazer a especialidade não sei em que outra Escola Militar.
O Reencontro, em Bissau...
Reencontrei-o uns dois anos mais tarde em Bissau, onde ambos pernoitávamos na “Vala Comum” do Quartel General.
A “Vala Comum”, para quem não saiba, era uma espécie de caserna situada no QG, onde dormiam os oficiais milicianos que por algum motivo vinham do mato até Bissau, durante alguns dias. Das poucas vezes que consegui pretexto para vir a Bissau, esquecendo por alguns dias a monotonia e os perigos do mato, fiquei quase sempre no Grand Hotel, a minhas expensas, mas desta vez em que reencontrei o Parrot, tinha decidido ficar na “Vala Comum”.
Não lhe perguntei o que fazia em Bissau, porque era óbvio que a razão oficial para ali estar não passaria de mero pretexto, tal como o meu, para fugir por uns dias à chatice e aos perigos da guerra. E nem sequer lhe perguntei nada sobre o que tinha sido a sua vida militar desde que saiu de Mafra, porque quem conhecesse o Parrot sabia que ele não gostaria de falar disso. Preferia falar de coisas ligeiras, de preferência sem qualquer ligação à tropa.
Ao lado da “Vala Comum”, existia a piscina do Quartel General que o Parrot frequentava pelo meio da manhã, depois de acordar. Como não tinha calções de banho, enrolava uma camisa nº 3 da sua farda de trabalho, atava as mangas em volta da cintura e dirigia-se para a prancha de saltos mais alta da piscina, de onde se despenhava em desengonçado mergulho para a água da piscina.
Repetia isto duas ou três vezes e regressava à “Vala Comum”, para tomar um duche, vestir-se e sair para dar uma volta pela cidade. Acontece que as esposas dos oficiais do QG que viviam com os maridos nas instalações do quartel, como não tivessem nada que fazer, estacionavam ora no Bar de Oficiais ora na Piscina, tentando matar o tempo com conversas e mexericos. E, qual pudicas e ofendidas damas da falsa alta sociedade militar guineense, decidiram queixar-se ao Tenente Coronel que geria a Piscina, pelo comportamento, a seu ver incorrecto e imoral, do Sr. Alferes Parrot!
O motivo da queixa assentava no facto de o Parrot não só não se apresentar decentemente ataviado para frequentar a piscina, mas também e principalmente porque, ao voar da prancha de saltos para a água, permitir que a camisa nº 3 que lhe servia de fato de banho esvoaçasse ao vento, deixando exposto aos olhares das senhoras o seu sexo pendurado e desnudo.
Na verdade, o Parrot achava que não valia a pena usar cuecas por baixo da camisa nº 3!
O Tenente Coronel, contra a sua vontade, mas pressionado pelas esposas dos seus camaradas, não teve outro remédio senão mandar chamar o Parrot.
Esclareço que os oficiais colocados no QG, na sua maioria, nunca tinham estado no mato e evitavam entrar em conflito com os alferes que de lá vinham esporadicamente a Bissau, porque receavam as reacções indisciplinadas de alguns que, “apanhados do clima”, achavam que já nada tinham a perder. Por isso, o Tenente Coronel rodeou-se de todos os cuidados, mediu bem as palavras e abordou cautelosamente o Parrot, dizendo-lhe que as senhoras que frequentavam a piscina se sentiam incomodadas pelo facto dele usar a camisa nº 3 da farda de trabalho quando ia mergulhar.
Pedia-lhe por isso, para evitar problemas, que não a usasse quando quisesse ir para a piscina.
O Parrot, com o seu habitual ar desprendido acatou a sugestão do Tenente Coronel e sossegou-o, prometendo-lhe que tal não voltaria a suceder.
Parecia tudo resolvido. Mas não estava...
O Parrot, logo na manhã seguinte, voltou à piscina, com a camisa enrolada à cintura a fazer de fato de banho, subiu as escadas da prancha de saltos e mergulhou como habitualmente!
À semelhança dos dias anteriores, repetiu os saltos duas ou três vezes e regressou impávido e molhado à “Vala Comum”.
Comportamento atípico este! O Parrot era desprendido mas não era um provocador, e muito menos propositadamente indisciplinado! Posso garantir!
Inexplicável portanto o seu comportamento! O Tenente Coronel também sabia disso e não compreendia...
Por isso, chamou de novo o Parrot e pediu-lhe que se justificasse, que lhe explicasse porque quebrara a promessa do dia anterior...
O Parrot, com ar cândido e aparentando grande admiração por ter sido de novo chamado ao Tenente Coronel, explicou:
- Ó meu Coronel, acho que houve aqui uma deficiência de comunicação. Quando o Senhor ontem me disse para eu não voltar a usar a camisa nº 3, entendi que a não considerava adequada por fazer parte do fardamento de trabalho... e acatei. Compreendi que queria que, em vez dessa, eu usasse antes a camisa nº 2, da farda de saída, atendendo a que se tratava de um local onde se justifica alguma etiqueta na apresentação... e foi o que fiz!!!! - culminou o Parrot, com o ar mais celestial do mundo - A camisa que hoje usei era uma camisa nº 2 do fardamento de saída, meu Coronel!
NOTAS: O fardamento de saída, designado por farda nº 2, era o que os militares usavam quando circulavam na cidade. Portanto o adequado a qualquer situação mais protocolar.
O fardamento de trabalho, chamado farda nº 3, destinava-se a operações militares e a trabalhos de instrução dentro do quartel. Inadequado portanto para ambientes mais requintados.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
19 maio 2018
Erotic paper dolls - per giocare com i piû grandi autori della rivista Blue
Revista italiana com 32 folhas da Coniglio Editore, com figuras de mulheres em poses e com peças de vestuário eróticas, para recortar e brincar.
Desenhos de Giovanna Casotto, Franco Saudelli, Massimo Giacon, Ricardo Mannelli, Roberto Baldazzini, Giuseppe Manunta, Ivan Brun, Massimo Rotundo e outros.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...
... procura parceiro [M/F]
Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
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18 maio 2018
«Saia da fossa afetiva e ame-se!» - Cláudia de Marchi
Sabe quando você está na fossa afetiva? Seja porque se obrigou a romper uma relação, pois o seu parceiro (ou parceira) era um poço de egoísmo, descaso, narcisismo ou futilidade, seja, porque ele cansou da sua companhia, do seu afeto e companheirismo e lhe traiu ou dispensou?
Não adianta nada ficar lambendo as feridas, parça, no estilo "pobre de mim": "Ele me explorou, eu fui usado", "ah, eu não mereço ser amado, só pode!", "ela tem razão, eu realmente sou muito exigente, pouco carinhoso, não mereço o amor alheio", "eu sou o cúmulo da falta de afetuosidade, sou egoísta e mereço isso tudo" e etc..
Tudo isso é mimimi, é a tal da autopiedade, mãe da depressão e da falta de amor próprio! Neste ritmo não tardará para você estar lambendo os pés daquele que lhe pisoteou.
Sabe o que você precisa para se recuperar, my friend? (Se você pensou que a resposta seria a oligofrênica ideia de transar com o máximo de homens ou mulheres possíveis está errado, erradíssimo! Isso só vai aumentar a vontade de virar capacho de ex, porque você ainda está emocionalmente conectado a ele e nada irá lhe "preencher".)
Você precisa mesmo é tirar um tempo para si, para curtir-se! Para ver o quão lindo esteticamente você é, o quão humorado, culto, vivaz, viril, talentoso, inteligente, saudável, atraente, bom de papo e interessante você é! Não, não precisa distribuir a boca, o pênis ou a pepeka por aí para redescobrir-se "amável"!
O amor, assim como a alegria, estão aí, dentro de você, refletidos na sua vida íntima, dentre seus familiares íntimos, seus bichinhos, dentre quem lhe ama e respeita, no seu trabalho, estão ali no espelho quando você sorri abertamente, porque é livre e pode tudo o que quiser, menos se humilhar para quem lhe humilhou, ou humilhar quem não tem nada a ver com seus recalques, sabe por que? Porque você merece só amor, e quem, de uma forma ou outra lhe humilha e lhe faz sentir-se um nada, só merece a sua indiferença!
Amor é aceitação, respeito, amizade, tesão, paixão, tara, desejo, diálogo: faz rir, faz gozar, até causa uma leve "DR" de vez em quando, mas nunca pisa, magoa e faz chorar. Nunca, entendeu?! Anote aí e seja feliz!
#gelismo - Ruim
"Eu não preciso de homens para nada", peçam lá agora ao dildo que têm na gaveta se ele pode aquecer-vos os pés e as mãos.
Ruim
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17 maio 2018
Reabilitação do conceito de puta
"A expressão “puta” deriva de “poda” e remete para um ritual pagão que implicava um bacanal de oferenda à Deusa, numa celebração da poda das árvores.
Depois veio a Igreja e a mea culpa e podemos passar uma vida a tentar expiar o nosso interesse sexual. “Puta” adquiriu outro sentido:
Mulher que se prostitui = MERETRIZ, PROSTITUTA, RAMEIRA; Mulher que tem relações sexuais com muitos homens.
A expressão geralmente é depreciativa, apesar de em algumas línguas ser conotada mais positivamente, como no holandês, em que prostituta significa “mulher do prazer”.
Uma mulher que digam ser uma “puta” na praça pública não pode se não insurgir-se.
É ofensivo. Na vida privada, pelo contrário, tem uma componente excitante.
Como se entre parceiros se tivesse operado a uma reabilitação do conceito e ganhado um viés irónico.
Ao mesmo tempo que “puta” é possivelmente o insulto com maior carga emocional para uma mulher, é igualmente uma coisa boa, positiva, gratificante.
Gostar de sexo e procurar o prazer – “ser puta” – é possivelmente o ingrediente mais excitante numa relação sexual.
No entanto, basta passar os olhos por qualquer banca de revistas e jornais para tirar outras conclusões.
Vendem-nos a ideia de que, se agirmos de determinada forma, nos tornaremos rainhas da sedução.
Mas é tudo um embuste. Nem toda a literatura de bancada, como “Os 5 segredos para o seduzir” ou “10 truques que o vão deixar doidinho” nos tornariam mestres na sensualidade. É, na verdade, bem mais simples.
Basta uma coisa só: gostar de sexo.
Não é o comportamento que importa, é a atitude, a predisposição para o comportamento.
Conhecer todos os segredos para proporcionar prazer ao outro tem pouca utilidade, pelo menos quando comparado com o instrumento poderoso que é a própria motivação.
Dar prazer ou excitar é fácil, basta permitir-se a ter prazer, a sentir vontade. Gostar.
Se gostar de sexo é ser puta, então devíamos todas almejá-lo.
Devíamos todas querer ser putas, rameiras, mulheres do prazer.
E o conceito poderá evoluir uma vez mais."
(autor anónimo)
Texto roubado, com a devida vénia, à Pink Poison
Depois veio a Igreja e a mea culpa e podemos passar uma vida a tentar expiar o nosso interesse sexual. “Puta” adquiriu outro sentido:
Mulher que se prostitui = MERETRIZ, PROSTITUTA, RAMEIRA; Mulher que tem relações sexuais com muitos homens.
A expressão geralmente é depreciativa, apesar de em algumas línguas ser conotada mais positivamente, como no holandês, em que prostituta significa “mulher do prazer”.
Uma mulher que digam ser uma “puta” na praça pública não pode se não insurgir-se.
É ofensivo. Na vida privada, pelo contrário, tem uma componente excitante.
Como se entre parceiros se tivesse operado a uma reabilitação do conceito e ganhado um viés irónico.
Ao mesmo tempo que “puta” é possivelmente o insulto com maior carga emocional para uma mulher, é igualmente uma coisa boa, positiva, gratificante.
Gostar de sexo e procurar o prazer – “ser puta” – é possivelmente o ingrediente mais excitante numa relação sexual.
No entanto, basta passar os olhos por qualquer banca de revistas e jornais para tirar outras conclusões.
Vendem-nos a ideia de que, se agirmos de determinada forma, nos tornaremos rainhas da sedução.
Mas é tudo um embuste. Nem toda a literatura de bancada, como “Os 5 segredos para o seduzir” ou “10 truques que o vão deixar doidinho” nos tornariam mestres na sensualidade. É, na verdade, bem mais simples.
Basta uma coisa só: gostar de sexo.
Não é o comportamento que importa, é a atitude, a predisposição para o comportamento.
Conhecer todos os segredos para proporcionar prazer ao outro tem pouca utilidade, pelo menos quando comparado com o instrumento poderoso que é a própria motivação.
Dar prazer ou excitar é fácil, basta permitir-se a ter prazer, a sentir vontade. Gostar.
Se gostar de sexo é ser puta, então devíamos todas almejá-lo.
Devíamos todas querer ser putas, rameiras, mulheres do prazer.
E o conceito poderá evoluir uma vez mais."
(autor anónimo)
Texto roubado, com a devida vénia, à Pink Poison
Falta de vinténs
Azulejo com quadra popular: "Com separação de bens/ Casou-se a minha vizinha! Ele tinha alguns vinténs/ Ela nem isso tinha".
Junta-se a outros azulejos na minha colecção.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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16 maio 2018
Postalinho picante
"Natureza!"
Luís Silva
Se não conheces este tipo de cacto, podes ver outros postalinhos publicados aqui, aqui e aqui.
Luís Silva
Se não conheces este tipo de cacto, podes ver outros postalinhos publicados aqui, aqui e aqui.
«Tango redondo» - Alice Caetano
As mãos dele afivelam um tango redondo à volta do andar esquivo da sua amada. Tanta luz. Tanta saliva. Tão pouco tempo para resistir à decadência do andamento.
Alice Caetano
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