26 junho 2018

«abandonos» - Susana Duarte

deixar os dedos onde as árvores falam e as aves
calam memórias, mantém vivos os nós dos dias
e a imprecisão dos sonhos.

não sei de onde vêm

as absurdas imagens que persistem nas veias,
ou as fotografias tiradas sob a luz esmaecida
dos tempos. deixar as aves calar as memórias,
desabita a retina

e deixa vítreos os grãos de areia

outrora revolvidos por mãos ansiosas, ágeis,
descomedidas nos toques e na procura dos corpos.

outrora absurdas, eis as veias ondulantes, mulheres
desmedidas e intensas na avidez dos olhares.
mulheres. grãos de areia

nos corpos amantes,

vítreas nos olhares com que se estendem, aves
elas próprias,

na ignomínia dos abandonos.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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Olhá passarinha!...


Jovem estagiária da National Geographic devidamente camuflada para obter fotos genuínas au naturel.

Sharkinho
@sharkinho no Twitter


Mulher nua abraçada a um falo

Bastão em madeira de eucalipto, esculpido à mão pelo artista norte-americano Lori Beaver.
Veio dos Estados Unidos da América, juntar-se a outros bastões e bengalas da minha colecção.







A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

25 junho 2018

giffgaff - «Lições de dádiva mútua»


Mutual Giving Lessons giffgaff from Always Late on Vimeo.

Camelo polar

Quando uma mulher se veste com padrões de animais estampados nas roupas, está a comunicar a sua vontade de ser caçada. É toda uma simbologia tácita que aqui o Patife desvenda em três tempos. Quanto mais raro for o animal escolhido para padrão, maior o fervor de ser apanhada. E andam por aí, à solta, a exibir a sua disponibilidade para serem papadas pelo predador mais atento e eficaz, que normalmente sou eu. Este fim de semana, uma esteve a atiçar-me continuamente durante horas com uma camisa padrão de chita. Dali até casa dela era um instante, mas como desatou a chover apanhámos uma grande molha. Acho que foi a vez em que deixei uma mulher molhada mais depressa. Quando chegámos a casa dela, atirou-me uma toalha e uma t-shirt lavada e disse que se ia pôr “mais confortável”. Sei bem o conforto visual que normalmente esta expressão acaba por originar, com figurinos de rendas e lingeries provocadoras. E foi quando ela apareceu… de pijama polar. Assim a piscar o olho ao sexy-fofo, só que não. Eu sei que estamos no inverno. Sei que está frio. Mas esta transgressão do convívio sexual não é aceitável. Até percebo os pijamas de tecido polar quando se é casado há 10 anos. Aliás, essa é uma das muitas razões para não querer casar. Por isso é que a minha relação mais longa dura o tempo exato de uma pinada. Inteira. E olhem que são maratonas da esfrega. Longas caminhadas do pinanço. Agora, quando na primeira noite me aparece de pijama polar, com as calças de pelinho a arrepanhar-lhe as bordas da cona, sou capaz de jurar que me saltou um globo ocular. É que um camel-toe polar é contra-natura. É uma transgressão da teoria da evolução das espécies. É estar a brincar com a ordem da natureza. Estive para me ir embora com a afronta, até porque não sou nenhum bicho-papão. Mas tenho uma picha-papona. Por isso não descansei enquanto não lhe tirei o camelo das bordas da chona.

Patife
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Postalinho dos descobrimentos



«Tomate-coração» - Mrzyk & Moriceau


24 junho 2018

«coisas que fascinam (215)» - bagaço amarelo


Hoje estive profundamente apaixonado por três minutos. Uma mulher que seguia à minha frente uns bons metros, numa das despovoadas ruas de Stoke, segurou a porta do bar onde ambos entrámos e esperou por mim. Agradeci-lhe o gesto e trocámos algumas palavras simpáticas. Depois separámo-nos, provavelmente para sempre. Eu fui para o balcão sozinho e ela foi para uma mesa onde tinha alguns amigos à espera. Não tornámos a falar.
Os três minutos não interessam. Interessa que me apaixonei mais uma vez para sempre. Se esse Amor eterno durou apenas três minutos, não é importante. Já me aconteceu o mesmo com outros Amores. Um durou dezoito anos, outro sete, outro talvez uns dois. Sei lá. Importa-me que me apaixono sempre para sempre, mesmo quando sei que se trata de um Amor impossível de apenas alguns minutos.
De certa forma, foi assim que aprendi a sobreviver à vida, apaixonando-me a cada momento como se fosse a última vez e, vá lá, também a primeira.
Ao balcão pedi um Tullamore Dew duplo sem gelo. Bebi-o exactamente como tenho bebido a vida, em goles tão doces e pequenos quanto possível. Talvez uma porta possa decidir se a pessoa com quem nos cruzamos é, ou não, compatível connosco. Sei, por exemplo, que nunca me apaixonaria por uma mulher que me fechasse a porta na cara, apenas porque preciso de pessoas que se lembrem que as outras pessoas existem.
Nesta vida de emigrante e solidão que vou levando, todas essas pessoas que me consideram em pequenos gestos se tornaram tão importantes quanto um Amor de curta duração.
É só um exercício. Durante o ano que vem mantenham a porta aberta a quem vem atrás de vocês. talvez possam viver um intenso e secreto Amor de três minutos.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Postalinho do Gerês com duas remetentes - 4

"Mão de princesa a experimentar o ferrolho do castelo Castrense."
Irene Nunes



"E mais uma foto do ferrolho do portão do castelo..."
Rita Limpezas


Liga Contra el Cáncer (Peru) - «Amo as minhas bolas»