deixar os dedos onde as árvores falam e as aves
calam memórias, mantém vivos os nós dos dias
e a imprecisão dos sonhos.
não sei de onde vêm
as absurdas imagens que persistem nas veias,
ou as fotografias tiradas sob a luz esmaecida
dos tempos. deixar as aves calar as memórias,
desabita a retina
e deixa vítreos os grãos de areia
outrora revolvidos por mãos ansiosas, ágeis,
descomedidas nos toques e na procura dos corpos.
outrora absurdas, eis as veias ondulantes, mulheres
desmedidas e intensas na avidez dos olhares.
mulheres. grãos de areia
nos corpos amantes,
vítreas nos olhares com que se estendem, aves
elas próprias,
na ignomínia dos abandonos.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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