04 setembro 2018

«Pedras» - Susana Duarte

não posso escrever sobre as pedras

escreverei sobre a pele: a pele dada
em noite de brumas, vivida em solos de
espumas, brancas, da maré que em ti fui.

não posso escrever sobre as pedras

escreverei nos teus olhos as noites
serenadas sob mãos cansadas dos dias
e sôfregas de noites claras. em ti, ainda,

a avidez solitária do lobo que caminha
e devasta desertos de ervas poeirentas,
delas afastando as pedras, piroclastos
da existência, quando, inesperadamente,
a vida nos deixou escrever sobre o pó.

não posso escrever sobre as pedras

antes a luz clara do papel dos teus olhos,
a luminosa sabedoria das palavras
silenciadas no beijo claro que me deste.

escreverei esse beijo em cada olhar
dirigido ao céu que miras, aí, a oriente,
perscrutando o sonho e glorificando
o que antevês em cada movimento,
e nas pegadas de caminhantes invisíveis.

não posso escrever sobre as pedras
caídas dos teus olhos sobre o ferro duro
da existência. mas posso escrever no peito
as noites infindas da memória, tornando-as
sal da existência, caminho onde caminho,
as noites todas da minha vida, e a indefinível
paixão com que delimitas o espaço onde existo.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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Resposta à pergunta de algumas gajas

"Gajas que não limpam, não cozinham e não chupam perguntam onde andam os gajos que prestam? Algures numa casa limpa, depois de terem comido um bom prato e prestes a serem chupados com as mãos na cabeça agradecendo a Deus por essas bênçãos xD"
@ChupaPilas_

Quem sou eu para contrariar isto?

Sharkinho
@sharkinho no Twitter

Uma santa… debaixo dos lençóis

A versão da Milena Miguel da ideia de Paulo Moura para uma variante da Santa Inocência.
Outra peça idealizada por mim e interpretada por uma artista, para a minha colecção.







A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

01 setembro 2018

«falo-te de ti, e falo-te de mim» - Susana Duarte

falo-te de ti, e falo-te de mim.
falar de ti, é falar das noites claras da procura, e das luzes incendiadas pelo retorno.
falar de mim é falar do sabor e do saber feito de dores paridas pelos joelhos da solidão. falar das sombras desfraldadas pelas flores, é procurar, nelas, as vozes que são tuas, as vozes que são nossas. e é percorrer amargas colinas de amendoeiras cujas flores ficaram aquém das aves.
falo-te de ti, e falo-te de mim.
e nomeio as luzes das coisas estranhas. nomeio as levadas de águas fugidas do musgo onde deitei os braços. agarrei-me ao invisível, ao sagrado, ao noturno, para reencontrar as linhas de ferro de todas as partidas. falo-te dos prados e das ruas ascendentes do esvozeamento da voz. e do enchimento da mágoa. e do espanto sereno de te procurar sempre, nas ruas desavindas dos espectros e dos saberes das feiticeiras.
saberes dos dias, nada te ensinou sobre as noites. saberes das noites, nada te iluminou os dias. permaneceste água fugidia e mar revolto em contradança.
os passos das bailarinas são vozes sem cor. entregas-me as mãos. de súbito, tremem as nozes no ventre da terra. e voam aves ao núcleo do sagrado. depositas flores nos lábio, e entregas lábios ao vento. vento. voa. sê. desflora as florestas encandeadas por tremores ocultos de outras eras.
falo-te de ti, e falo-te de mim. não sabes que a cor dos olhos é a mesma das dúvidas. não sabes, ainda, que a cereja que comes, é a rubra transição do sangue sobre mágoas milenares. mas sabes que as noites, e os dias, sucedem-se na imensa perturbação do tempo, e na perpétua vontade de sermos aves, e na inscrição deixada nos nenúfares, e no sol de todas as palavras que, antes, dissemos. palavras. estranheza no ventre. desassossegada inevitabilidade. sofreguidão dos dias de sol. ser, em cada um de nós, o som de todas as primaveras anteriores.

Susana Duarte
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«Angel» - Mário Lima



"... Deixa-me ser o pássaro da tua gaiola"

Mário Lima

É um pedido ou uma ordem?

Pacote de café descafeinado espanhol "Mama Inés".
Oferta da malta da Bota Cansada para a colecção.



A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
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