22 dezembro 2018

«Voo» - Susana Duarte

voo,

talvez, no voo abrupto

das aves

melancólicas

e nas fragas

por onde

rolam desejos.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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«Cry to me» - Mário Lima



"Não chores, queres caminhar comigo?"

Mário Lima

Parecem máquinas a fazerem sexo

Baralho de cartas do Sex Machines Museum (Praga), com ilustrações eróticas.
Junta-se a muitos outros baralhos de cartas na minha colecção.



A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

20 dezembro 2018

«Diário de Mim» - Áurea Justo

Reconheço a tua voz grave,
Dos sonhos eróticos que tenho contigo,
Por vezes um sussurro aromático na eternidade,
Ecoa emoções de um único momento que contradigo...

A tua imagem enche-me o espírito,
Rumorejando desejos algures escondidos,
Que o meu corpo sacode num aperto lírico,
Maravilhado com o poder onírico desconhecido...

Sou culpada até provar a minha inocência,
Ergo o rosto e vejo o teu retrato absorto,
Cruzo-me com o teu olhar na breve carência,
Sem eira nem beira, esquecido no pó solto...

No espelho morde o reflexo,
De realidades paralelas, recordas?
Daquela vida eu apenas confesso,
O amor que memorizei na infância sem horas...

Cumpro sempre as ordens,
A não ser, quando as não cumpro,
Aquelas que inamovíveis se tornaram legado de homens,
E eu sentada no trono da vida, me pergunto...

De onde vem este sentimento,
De pertença a alguém que nunca vi,
Cujo rosto está esculpido no momento,
De uma história erótica que um dia vivi.

In Nostalgia em Folhas de Chá

Áurea Justo
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«Homos» - Adão Iturrusgarai


Pirilau mágico

Pirilampo mágico de 2018, com uma antena de aspecto fálico.
Desde o seu início, os Pirilampos mágicos de anos anteriores eram em peluche e com uma antena de arame retorcido. Em 2018, inovaram… e ficou algo que não seria suposto ser erótico... na minha colecção.




A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

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Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

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19 dezembro 2018

Da «Origem do mundo à «Origem da guerra»

DiciOrdinário - ainda estás a tempo de oferecer esta excelente prenda de Natal...

... principalmente se for a ti próprio(a)!

Faz a tua encomenda aqui.
Se quiseres, basta mencionares no formulário e posso enviar-te o DiciOrdinário com uma dedicatória.


Cavalheiro do pinanço

Por vezes recebemos sinais muito evidentes que só conseguimos perceber depois da asneira feita. Esta achava que me conhecia de algum lado. Cismava e cismava que já tínhamos sido apresentados. "Foi naquele bar", dizia. "Aquele... ai, estou com o nome na ponta da língua...". Do momento em que estava com o nome na ponta da língua até ter lá a minha pichota foi um tirinho. Assim que entrámos na sua casa lançou-me para cima da cama, pronta para se lambuzar com o Pacheco, e pelo ar de sofreguidão brocheira que apresentava, acredito que marchava o Pacheco e mais um par de chotas. E foi quando estava entretido com o meu fellatiozinho, que reparei no estado gasto e decadente dos lençóis de cama. Não se convida ninguém para uma cambalhota épica com este enxoval de terceiro mundo. Sou um artista da pinada e preciso de condições. Pequenas coisas como uma má iluminação, um jogo de cama turco com borboto ou umas cuecas com o elástico lasso, são elementos capazes de colocar em risco uma prestação de nível cinematográfico, que é a isso que me proponho sempre. Como sei de antemão que não vamos voltar a pinar, pois "Uma vez é ocasional,duas é relacional", empresto uma vivacidade e autenticidade únicas, pois é um momento que não se vai voltar a repetir e quero que fiquem com uma memória histórica de uma queca digna de tela de cinema. Coisa impossível de atingir tendo como palco uns lençóis turcos de uma cor há muito levada pela voragem do tempo. Agora que penso nisso, devia ter percebido que me estava a meter em maus lençóis naquele preciso momento. Sempre tive particular atenção à idade das mulheres que vou pinando. É que se as mais novas são demasiado idealistas, as mais velhas são demasiado cínicas. É preciso articular cuidadosamente um meio termo. E descuidei-me com esta, pois tinha um corpo tão hipnotizante que mal liguei aos sinais de evidente tenra idade.
É como diz o provérbio: Rapariga nova é como o ananás. Em cima está verde, mas em baixo está capaz.
Com o idealismo próprio da casa dos vintes a pulular hormonas acima, haviam de ver a batalha que tive de enfrentar para sair daquele redemoinho de lençóis ainda mais aviltante do que na hora em que entrei. Os lençóis devem facilmente ter triplicado os borbotos com a intensidade do esfreganço e até a cor parecia mais enfadonha depois de ter sido exposta ao meu ritmo frenético de bombada. Se bem que aquilo já nem sequer era cor. Aquilo era o máximo que a cor pode fazer quando quer renunciar a ser cor. E eu, que só queria entra nos meus lençóis de cetim francês, perfumados e sem uma única ruga de tecido. Mas não. Insistia que tinha de dormir lá, "aninhadinhos", que lhe devia isso depois dela me ter dado a cona. Ela não disse bem assim, mas estão a ver a ideia. Já idealizava novas pinadas completamente abismada com a quantidade de orgasmos que tinha tido. Parece que há meses que só apanhava tipos que se vinham antes dela atingir o clímax e agora, de papo-cheio, fazia planos de futuro sem pedir licença. Toma lá que é para aprenderes. Mas convenhamos. É o apanágio de ser um cavalheiro do pinanço. Nunca atiro o meu foguete antes da fresta.

Patife
@FF_Patife no Twitter

18 dezembro 2018

«em cada...» - Susana Duarte

há mistérios no dorso
proeminente
das aves surdas,

e sacrilégios em cada plúmula.

das nuvens às árvores,
as aves perdem os dias
e os dias desencontram-se

das quimeras.

há, nas aves negras, as toadas
silenciadas pelo ritmo
das vozes.

em cada voz, um vôo perdido

em cada plúmula, um corpo
desencontrado de si

em cada ave, um amor suposto,
e em cada um, um futuro desaparecido
nas brumas

Susana Duarte
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