"Sou de um tempo em que não existia SMS, Telegram, Messenger, Signal, Whatsapp ou sequer e-mail para as massas. Existia papel, um envelope e um selo, que podia lamber-se ou fixar-se com cola. Era um ritual moroso, envolvia colocar um papel numa posição adequada e sobre ele manejar um instrumento de escrita, que para a maioria seria uma esferográfica mas, para mim, era uma caneta de aparo.
Sou de um tempo em que todo o meu mês de Agosto era passado longe dos amigos e das raparigas de quem eu gostava, mais eu delas do que elas de mim, sempre existiu uma generosa dose de desequilíbrio nos afectos. Não existiam telefones móveis, e eu nem sequer tinha telefone fixo na casa onde passava as férias. Havia uma carripana da telecom que estacionava junto à praia e tinha umas cabines telefónicas, algo exótico para as gentes de hoje, mas que eu bem conheci.
A rapariga de quem eu gostava tinha prometido que escrevia. É certo que isso lhe custaria uns largos minutos, dependendo da minúcia até umas horas, mas ela prometera. Todos os dias, pela hora a que passava o carteiro, eu descia aqueles dois andares com excitação, de chave na mão, para rodar a pequena fechadura que segurava a porta da caixa de correio, de madeira escura por fora e clara por dentro. Aquele instante ao rodar a chave fazia da caixa uma espécie de schrödinger postal, a carta que eu desejava tanto estava quanto não estava. Durava pouco esse estado, porque abrir aquilo era rápido, e a excitação com que descera a escada, veloz, depressa se transformava numa profunda tristeza. Subia a escada vagaroso, às vezes com a dúvida sobre se o carteiro teria mesmo passado, mas sempre triste e muito cinzento. Talvez amanhã. Mas o amanhã estava a 24 horas de distância, e isso custava. Distância para repetir a tristeza, como havia de repetir-se todo o mês, à espera de uma carta que nunca veio.
Quanto esforço seria necessário para pegar num papel e escrever umas palavritas? Seria falta de envelopes? Dinheiro para o selo? Se fosse hoje seria mais fácil, mais rápido, em poucos segundos podia enviar uma coisa simples que fosse. Serviram-me bem todos aqueles dias de cara fechada e desconsolo a subir as escadas, porque pela vida fora havia de encontrar a caixa vazia muitas mais vezes, e ainda que não sentisse menor tristeza por isso, ao menos não me era sentimento estranho."
João
Geografia das Curvas
23 outubro 2019
22 outubro 2019
Com propriedade
Uma vez fiz sexo sem compromisso e fiquei vazio e sem amor próprio.
Alberto até de madrugada
@ate_alberto
E eu fiz mais do que uma vez, pelo que me transformei num buraco negro a transbordar de amor impróprio.
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
Alberto até de madrugada
@ate_alberto
E eu fiz mais do que uma vez, pelo que me transformei num buraco negro a transbordar de amor impróprio.
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
A transparência do erotismo
Caixa com 16 cartas (algumas repetidas) dos anos 30-40 que, à transparência (em contraluz), revelam figuras eróticas.
Mais uma pérola para a sexão de «mecanismos e segredos» da minha colecção.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...
... procura parceiro [M/F]
Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.
Visita a página da colecção no Facebook.
Mais uma pérola para a sexão de «mecanismos e segredos» da minha colecção.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...
... procura parceiro [M/F]
Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.
Visita a página da colecção no Facebook.
21 outubro 2019
Eu e do meu Olimpo
Agarra na minha mão...
Aperta-a durante uns segundos que se irão transformar em eternidade. Durante essa eternidade estarás em mim, serás eu, terás a minha essência, suga-a para todo o teu ser a ter... Ouve essa melodia que se transforma num cheiro, num calor, numa humidade. Gosto do todo, do total, do mau e do bom, gosto de ti.
Sejas tu quem fores, estás no teu trono monte Olimpo à minha espera... Olha em volta e vês-me, respiras-me, dá-me mais, quero mais... Não largues a minha mão e serás bem guiado num rodopio de beijos, de corpos, de paixão e de intensidade.
Toco o violino, choras, contas a tua história, igual a tanta outras mas tão especial para mim, serás um Deus do monte Olimpo ou estás ao virar da esquina?
Tem sede de mim, tem ânsia em ter-me, beija-me, beija-me mais, com mais intensidade, até a minha boca ser a tua e a tua ser a minha. Vem sempre guiado pela minha mão, terás em mim o teu lado intocável e eu serei a tua senhora paixão... Dá-me um mundo para viver nele, dá-me saudavelmente, dá-me música, dá-me todo o conforto e a minha mão guia-te. às profundezas do meu prazer, às maiores profundezas do que há de bom no ser humano. A maneira como respiras, a forma como andas, a forma de te expressares, serás com certeza um Deus, humilde habitante do Monte Olimpo, serei eu a tua folha tábua rasa para começares uma teoria, um tema. Eu sou a tua história, crê em mim...
20 outubro 2019
O fundo Baú - 39
O baú que deu início à colecção de arte erótica «a funda São» |
Em 11 de Maio de 2004, a Gotinha quis despertar a curiosidade das visitas e dos visitos do blog:
O que acham que o puto vai fazer?
Cliquem na imagem para verem o momento seguinte
«não tenho mais palavras» - Susana Duarte
não tenho mais
palavras
[esgotaram-se
as coisas por dizer]
sobram as serranias
do peito, e as imagens
de tudo. ondas revoltas
do ventre, e de todas
as frases incompletas
[onde acreditava ser
mais do que ausência]
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Facebook
palavras
[esgotaram-se
as coisas por dizer]
sobram as serranias
do peito, e as imagens
de tudo. ondas revoltas
do ventre, e de todas
as frases incompletas
[onde acreditava ser
mais do que ausência]
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
19 outubro 2019
«Tempestade» - Fernando Gomes
A paixão relampejante acabou num casamento tempestuoso. Não houve anticiclone que valesse a tamanha depressão.
Fernando Gomes
Fernando Gomes
Subscrever:
Mensagens (Atom)