23 outubro 2019

«Caixa vazia» - João

"Sou de um tempo em que não existia SMS, Telegram, Messenger, Signal, Whatsapp ou sequer e-mail para as massas. Existia papel, um envelope e um selo, que podia lamber-se ou fixar-se com cola. Era um ritual moroso, envolvia colocar um papel numa posição adequada e sobre ele manejar um instrumento de escrita, que para a maioria seria uma esferográfica mas, para mim, era uma caneta de aparo.

Sou de um tempo em que todo o meu mês de Agosto era passado longe dos amigos e das raparigas de quem eu gostava, mais eu delas do que elas de mim, sempre existiu uma generosa dose de desequilíbrio nos afectos. Não existiam telefones móveis, e eu nem sequer tinha telefone fixo na casa onde passava as férias. Havia uma carripana da telecom que estacionava junto à praia e tinha umas cabines telefónicas, algo exótico para as gentes de hoje, mas que eu bem conheci.

A rapariga de quem eu gostava tinha prometido que escrevia. É certo que isso lhe custaria uns largos minutos, dependendo da minúcia até umas horas, mas ela prometera. Todos os dias, pela hora a que passava o carteiro, eu descia aqueles dois andares com excitação, de chave na mão, para rodar a pequena fechadura que segurava a porta da caixa de correio, de madeira escura por fora e clara por dentro. Aquele instante ao rodar a chave fazia da caixa uma espécie de schrödinger postal, a carta que eu desejava tanto estava quanto não estava. Durava pouco esse estado, porque abrir aquilo era rápido, e a excitação com que descera a escada, veloz, depressa se transformava numa profunda tristeza. Subia a escada vagaroso, às vezes com a dúvida sobre se o carteiro teria mesmo passado, mas sempre triste e muito cinzento. Talvez amanhã. Mas o amanhã estava a 24 horas de distância, e isso custava. Distância para repetir a tristeza, como havia de repetir-se todo o mês, à espera de uma carta que nunca veio.

Quanto esforço seria necessário para pegar num papel e escrever umas palavritas? Seria falta de envelopes? Dinheiro para o selo? Se fosse hoje seria mais fácil, mais rápido, em poucos segundos podia enviar uma coisa simples que fosse. Serviram-me bem todos aqueles dias de cara fechada e desconsolo a subir as escadas, porque pela vida fora havia de encontrar a caixa vazia muitas mais vezes, e ainda que não sentisse menor tristeza por isso, ao menos não me era sentimento estranho."

João
Geografia das Curvas

Boa forma



HenriCartoon

Postalinho de fruta da época

"Dióspiros com maminhas e outros que parecem... 😅😅?"
Patrícia Vicente





22 outubro 2019

Com propriedade

Uma vez fiz sexo sem compromisso e fiquei vazio e sem amor próprio.
Alberto até de madrugada
@ate_alberto

E eu fiz mais do que uma vez, pelo que me transformei num buraco negro a transbordar de amor impróprio.

Sharkinho
@sharkinho no Twitter

«Jubileu Pride»

A transparência do erotismo

Caixa com 16 cartas (algumas repetidas) dos anos 30-40 que, à transparência (em contraluz), revelam figuras eróticas.
Mais uma pérola para a sexão de «mecanismos e segredos» da minha colecção.











A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook.

21 outubro 2019

«Unidos» - Cara Trancada


Cara Trancada
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Eu e do meu Olimpo

Agarra na minha mão... 
Aperta-a durante uns segundos que se irão transformar em eternidade. Durante essa eternidade estarás em mim, serás eu, terás a minha essência, suga-a para todo o teu ser a ter... Ouve essa melodia que se transforma num cheiro, num calor, numa humidade. Gosto do todo, do total, do mau e do bom, gosto de ti. 
Sejas tu quem fores, estás no teu trono monte Olimpo à minha espera... Olha em volta e vês-me, respiras-me, dá-me mais, quero mais... Não largues a minha mão e serás bem guiado num rodopio de beijos, de corpos, de paixão e de intensidade.
Toco o violino, choras, contas a tua história, igual a tanta outras mas tão especial para mim, serás um Deus do monte Olimpo ou estás ao virar da esquina?
Tem sede de mim, tem ânsia em ter-me, beija-me, beija-me mais, com mais intensidade, até a minha boca ser a tua e a tua ser a minha. Vem sempre guiado pela minha mão, terás em mim o teu lado intocável e eu serei a tua senhora paixão... Dá-me um mundo para viver nele, dá-me saudavelmente, dá-me música, dá-me todo o conforto e a minha mão guia-te. às profundezas do meu prazer, às maiores profundezas do que há de bom no ser humano. A maneira como respiras, a forma como andas, a forma de te expressares, serás com certeza um Deus, humilde habitante do Monte Olimpo, serei eu a tua folha tábua rasa para começares uma teoria, um tema. Eu sou a tua história, crê em mim...
Ou nunca me conheças... 


Postalinho da Ana Teresa abençoada

"Uma árvore, quando fica aluada, dá nisto!"
Gotinha


20 outubro 2019

O fundo Baú - 39

O baú que deu início à colecção de
arte erótica «a funda São»








Em 11 de Maio de 2004, a Gotinha quis despertar a curiosidade das visitas e dos visitos do blog:

O que acham que o puto vai fazer?

Aqueles olhinhos em bico não enganam...
Cliquem na imagem para verem o momento seguinte

«não tenho mais palavras» - Susana Duarte

não tenho mais
palavras

[esgotaram-se
as coisas por dizer]

sobram as serranias
do peito, e as imagens
de tudo. ondas revoltas
do ventre, e de todas
as frases incompletas

[onde acreditava ser
mais do que ausência]

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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Ex-voto 42


19 outubro 2019