Há um ror de anos que nos conhecíamos e ultimamente, esbarrávamos constantemente um no outro, no médico, na farmácia e até no supermercado. Trocávamos receitas para uma vida mais saudável que somos da colheita do mesmo ano, embora ele tenha mais uns meses por ser do início do ano e eu do fim.
Permutávamos também olhares e compreendi que ele me media o volume das mamas e o traçado das pernas tal como ele entendeu que lhe galei o rabo e tentei descortinar o tamanho do seu zézinho pelo que passámos à receita saudável seguinte de dar uns amassos e umas quecas cheias de desejo acumulado, tão intensas e tão rápidas que tocarmos nos sexos um do outro era uma excitação desmesurada e mal havia penetração, havia clímax.
Passado um mês cada vez precisava de mais minutos para chegar ao mesmo objectivo e comecei a sentir necessidade de preliminares e foi aí, Senhor Doutor, que pela primeira vez na vida conheci alguém que não recebia nem fazia sexo oral, alegando que tal destruia o respeito entre ambos e foi como se uma nuvem negra chovesse sobre mim a frase daquela abécula do Telmo do primeiro Big Brother que não queria que mulher dele pusesse a boca com que beijaria os seus filhos no seu pénis.
Já não bastam os venturas e chicões deste país para me catapultarem para a infância que ainda me faltava agora ter amantes tão retrógrados como esses conservadores fascitóides. É por isso, Senhor Doutor, que este país não avança.