03 março 2020
«Nazdrave» - bagaço amarelo» - Ivar C
Sou um homem de meia idade. É assim que se diz, não é? Meia idade. Como se a vida soubesse sempre quando vai acabar e qual o princípio, o meio e o fim. Vejo-me, sem se me ver, no espelho da pequena farmácia da casa de banho. O que quero é o pormenor e não a face. Procuro na minha pele os sinais de como aqui cheguei. Os meus dedos percorrem-na como se lessem braile e na sua textura pudessem descobrir algo: uma memória ou uma história. É a minha pele, pá. Deve ter alguma coisa escrita.
Tenho um copo de uísque pousado no lavatório, o que indica que estava a beber quando decidi vir aqui procurar os caminhos vazios do meu passado. Não percebo nada disto, pá. Como é que vim aqui parar? Não era suposto a vida ser um dos muitos sonhos que tivemos em jovens? Eu nunca sonhei viver aqui, nesta casa longe da minha infância e com uma namorada que escreve num alfabeto que não é o meu.
Sou um homem de meia idade. Não tenho a certeza que a luz que decidiu entrar pela janela e deitar-se no meu corpo saiba disso. Gostava que sim. Assim podia aceitar esse gesto como uma carícia, como uma lógica apaziguadora da Natureza. Como um gesto. É isso, gosto de gestos. A última vez que me apaixonei foi por um gesto. Já me lembro.
Foi num jardim da cidade de Sófia. As árvores estavam a dançar no silêncio do vento e eu tinha-a acabado de conhecer. Estávamos num velho banco de madeira a dividir o tempo e uma garrafa de vinho branco barato. O mundo estava todo ali condensado. Um casal de namorados deitado na relva num beijo que parecia ser eterno, um bêbado adormecido num muro baixo que parecia ter sido construído exactamente para bêbados, um yuppie numa conversa com um telemóvel nervoso e um pedinte que ziguezagueava no espaço pedindo moedas.
Os nossos copos eram de plástico e o vinho já estava quente. Então ela quis brindar. Nazdrave, disse. Depois aproximou o copo dela do meu e eu o meu do dela. As nossas mãos pararam perto uma da outra e por fim brindaram sem saberem muito bem porquê. Vi-a a beber com a delicadeza de um deus, como se uma barragem enorme pudesse por opção deixar passar apenas uma gota para hidratar-lhe os lábios. Foi esse o gesto. Nazdrave, repeti. Depois esbocei um Sorriso.
É ela que aparece agora na porta da casa de banho. Traz dois copos de vinho e encosta-se à parede a ver-me a ler a minha pele. Pergunta-me o que é que estou a fazer. Não sei, respondo.
Sou um homem de meia idade. Para além dos cabelos brancos que se insurgem na minha cabeça contra o que ainda permanece da minha juventude noto duas ou três rugas. Não sei, repito. A vida não é muito mais do que um gesto. Ela passa-me um copo para a mão. Brindamos. Nazdrave, dizemos.
Ivar C
Blog «Não compreendo as mulheres»
Leda e o cisne
Prato grande em latão moldado, com suporte para parede.
Leda (em grego: Λήδα), na mitologia grega, era rainha de Esparta, esposa de Tíndaro. Certa vez, Zeus transformou-se num cisne e seduziu-a. Dessa união, Leda chocou dois ovos, e deles nasceram Clitemnestra, Helena, Castor e Pólux. Helena e Pólux eram filhos de Zeus, mas Tíndaro adoptou-os, tratando-os como filhos de sangue.
Junta-se a outros objectos da colecção sobre este mito: um canivete, uma pequena taça, um prato, uma placa e uma bengala.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...
... procura parceiro [M/F]
Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.
Visita a página da colecção no Facebook.
Leda (em grego: Λήδα), na mitologia grega, era rainha de Esparta, esposa de Tíndaro. Certa vez, Zeus transformou-se num cisne e seduziu-a. Dessa união, Leda chocou dois ovos, e deles nasceram Clitemnestra, Helena, Castor e Pólux. Helena e Pólux eram filhos de Zeus, mas Tíndaro adoptou-os, tratando-os como filhos de sangue.
Junta-se a outros objectos da colecção sobre este mito: um canivete, uma pequena taça, um prato, uma placa e uma bengala.
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02 março 2020
Postalinho do Jarmelo
"Um talefe à janela, no meu Jarmelo, em duas variantes.
Edição especial para a minha amiga São Rosas (curadora da FundaSão)."
Leonel B.
Edição especial para a minha amiga São Rosas (curadora da FundaSão)."
Leonel B.
01 março 2020
O fundo Baú - 58
O baú que deu início à colecção de arte erótica «a funda São» |
24 de Junho de 2004, véspera do primeiro encontro do blog «a funda São», foi um dia cheio de...
Quadras de S. João e S. Rosas
A Gotinha queixou-se das sardinhas a um euro e mostrou mais uma vez o rabo. Como se o OrCa precisasse disso para oder:
Deste um euro p'rà sardinha
Dois te dava eu a gosto
Mesmo sem ter ventoinha
P'ra comer o peixe exposto...
A Gotinha ganhou coragem e quadrou:
Eu não aprecio sardinha
Tão cara está a tadinha
Mais vale ficar em casa
E comer uma pilinha!
Que mais era preciso para o OrCa re-oder?...
Se o sexo é o melhor da vida
E se o sabe A Funda São
Fundamo-nos de seguida
Co'alho porro na mão
Dá-lhe forte c'o martelo
Mergulha na confuSão
Mas ode... não sejas camelo
Na noite de S. João!
P'ra ver a malta, S. João
Meteu-se na grande alhada
De levar A FUNDA SÃO
Ao leitão da Mealhada.
A Espectacológica também saltou a fogueira:
O melhor sexo escrito
É aqui na Funda São
É nisto que eu acredito
O resto é mas é... leitão!
A Quenguita juntou-se à sardinhada (uma ninhada de sardos):
mnemónicas são as mamas
fazem o corpo crescer
"são grandes" exclamas
"são de um homem se benzer"
no meio das minhas mamas
a tua carne gosto de ter
gosto quando por mim chamas
gosto de contigo foder.
Eu também quero. Sai uma da S. Rosas:
Pediste-me um fado corrido
Porque o fado está na moda
Mas eu sou dura de ouvido
Não te dei fado. Dei-te uma foda...
A Gotinha mandou esta:
Vem-te lá com as chamuças
E chega p'ra lá o alho
Deita-te aqui ao meu lado
Que eu lambo-te o __________
(preencher com a hipótese que achar mais conveniente)
O OrCa observode:
A coisa aqui não é fácil
Olho e olho e nada vejo
Aquilo será retráctil
Ou é só um percevejo?
Ou então pior um pouco
Coitado, o homem cansou-se
E o Zezinho já louco
Foi à vidinha... Pirou-se!
O Victor Lazlo continua a mandar a métrica p'ró caralho:
Este homem pila não tem,
Ora então como é que ele se vem?
Quem o conhece é a Gotinha,
Será que ela gosta de homem sem pilinha?
A ler isto fiquei com ela dura,
E agora preciso de aviar,
Sei que queres foda pura,
Com a São vamos afundar.
Dá-lhe duas, dá-lhe três,
Dá-lhe as que aguentares,
Deve ser uma de cada vez
Digo isto só para te calares!
Espectacológica
Pois é, São, isto é só rir
Papo cheio que nem ovo
Ode tudo p'ra cá vir
Ganda poeta é o povo!
OrCa
Quem vem à funda São,
Aprende até a versejar,
Brincam com a tesão,
E as quadras tão a dar!
Espectacológica
Odi, odeste, odeu
São três formas de dizer
... E é que nem sou só eu
Desatou tudo a oder!
OrCa
A São é um Mundo
Cheio de imaginação.
Também hoje, S. João ,
Até no que escreve me dá tesão.
João Silva
Oder tal como eu, perdidamente
Como se vê aqui por esta FUNDA SÃO
Com uns por trás, outros por cima ou pela frente
Odemos todos em quadras de S. João...
OrCa
Não odemos todos não
Porque alguns não sabem oder
E se não aprendermos na Funda São
Também nunca o conseguiremos fazer
Isso Agora...
Com o alho porro tenho que oder
Não sei como, mas cá vai esta,
Para o Mergulhador satisfazer,
E assim continuamos a festa!
Espectacológica
com o alho porro nunca experimentei
e com martelos também não
aqui são os cavalos e os toiros
que nos fazem ter tesão.
Quenguita
Farta-se um homem de oder
Odendo como quem canta
Ainda havemos de ver
Quanta da oda é garganta...
OrCa
Eu vi o S.João
com uma granda bebedeira
Arrojei-me pelo chão
Rompi-me todo.
Dimitri Apalpamos
S. João casamenteiro
Tinhas muito que contar
Em muitos foste o primeiro
A doce noiva provar.
Viktor Lazlo
Eu ficava aqui a oder
Oder, oder sem parar
O problema é não poder,
Ficar aqui a gozar, a gozar...
Espectacológica
Ainda não sei oder
Porque sou pequenininha
Para não ficar só a ver
aqui fica uma odinha
Sónia
«vaga possibilidade» - Susana Duarte
[sussurrar palavras
no eco do silêncio]
de retorno, apenas
a vaga possibilidade
Susana Duarte
(a poesia não resolve os problemas humanos, mas faz com que a beleza do mundo seja maior, sobretudo quando somos gratos pela beleza humana, se somos confrontados com a necessidade de a encontrar. Estou rodeada de pessoas bonitas)
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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no eco do silêncio]
de retorno, apenas
a vaga possibilidade
Susana Duarte
(a poesia não resolve os problemas humanos, mas faz com que a beleza do mundo seja maior, sobretudo quando somos gratos pela beleza humana, se somos confrontados com a necessidade de a encontrar. Estou rodeada de pessoas bonitas)
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
29 fevereiro 2020
fake coronas
depois do bebé do ano, tem sido uma correria para o "primeiro português (não emigrado) a contrair o covid-19"
Raim on Facebook
«Grito» - Fernando Gomes
Chegado ao topo da Torre Eiffel, gritou:
— Meu amor, sem ti nada faço aqui!
E não fazia mesmo. Segundos depois, voltou para casa.
Fernando Gomes
— Meu amor, sem ti nada faço aqui!
E não fazia mesmo. Segundos depois, voltou para casa.
Fernando Gomes
Fragmentos - poesia erótica
Livro de poemas de Cristina Rocha.
Editora Paciência de Elefante, Fânzeres, 2017.
Mais um livro de poesia para a minha colecção.
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28 fevereiro 2020
Sabes o que é "Calho"?
O DiciOrdinário ilusTarado explica:
Calho– piça demasiado curta.
Faz a tua encomenda aqui.
Se quiseres, basta mencionares no formulário e posso enviar-te o DiciOrdinário com uma dedicatória.
Na editora (Chiado) podes comprar em formato eBook (€ 3).
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