19 abril 2021

«Alvuras» - António F. de Pina


Amei-te como quem trinca
Um pomo rubro e reluzente de vontade
Sentindo sempre o saciado insaciado.

Amei-te como quem tacteia
O crescente crepitar dos poros claros
A incendiar o macio da pele nua
Em cada gesto de dedos estelares.

Amei-te como quem ouve
O eco do grito linear desse desejo
O som efervescente de um beijo
E o som do brilho vertical do teu olhar
A deslizar
Pelas paredes desmaiadas do meu rosto.

Amei-te como se fosse
Um pavio esbraseado e solto
Na morfologia complacente do teu corpo
Entre cortinas de crepúsculo e luar.

Só não sei
De onde vieram todas as asas livres
Que nos fizeram emergir e planar.

___

António F. de Pina (2021)
© todos os direitos reservados

Ex-voto 120

A colecção de arte erótica «a funda São» integra um conjunto de imagens em suporte digital. É o caso destes ex-votos humorísticos e eróticos.



Mulher com casaco de peles e a fumar… com segredo

Pequeno espelho de bolso que, rodando 180º a face com a gravura, mostra uma outra faceta da senhora.
De França para a «sexão» de mecanismos e segredos da minha colecção.





A colecção de arte erótica «a funda São» pode ser visitada aqui.

18 abril 2021

A Enrabada - Nuno Saraiva


Ilustração de Nuno Saraiva para 
o «Inimigo Público» (2021-04-16)

O fundo Baú - 117

O baú que deu início à colecção de
arte erótica «a funda São»


Em 28 de Outubro de 2004, tivemos mais uma boa adeSão a um desafio, a propósito da Festa das Latas de Coimbra desse ano.

Arre, fêmeas!...

 Na passada terça-feira foi o cortejo da Festa das Latas, em Coimbra.
- E o que é que nós temos a ver com isto? - perguntais.
- Algo há! - respondo eu.
É que, pelos vistos, um dos gritos de ordem de algumas meninas era:

"O sexo oral é Serviço Social!"

Não sei qual tem sido a média de entrada na licenciatura em Serviço Social, mas seguramente vai passar a ser menor que 10... e maior ou igual a 8...
Entretanto, puxem o cordelinho da imagem para verem a reacção dos colegas da academia cona_imbricense:


Esta estudantada é de Coimbra ou é das Caldas?!

E, já agora, o desafio da semana é completar o slogan "O sexo oral é Serviço Social...":
... mas com sexo escrito eu não regurgito!
... mas sexo escrito não dá cabo do pito!
... e sexo anal também não rima nada mal!

... ofereço-me já para fim experimental!
... e o sexo sentado não é reconhecido pelo Estado!
... e o sexo deitado não está comparticipado!
... e o sexo desprotegido não está reconhecido!
... e no sexo oral a três não é preciso esperar pela vez!
(Super Tongue)
... e o sexo virtual já é banal!
... e o sexo tântrico é romântico!
... e diz o melro ao picanço: "na peida é um descanso!"
... e reclamação por falta de tesão é que não!
... e sexo anal não rima mal, aguenta e não chora que está gente lá fora!
(Tantam)
... logo, sexo anal só pode ser da Medis!
(Mergulhador)
... e as meninas que lá estudam, dão a cona ao pessoal!
(Yourero)
... e sexo anal... exigência sindical!
... e sexo em grupo... colectividade do bacanal!
... e sexo vaginal é demasiado banal!
(Karla Vainessa)
... e alargamento rectal é o que dá em Portugal!
(PortoCroft)
... e o novo cu d'A Funda São é simplesmente fenomenal!
... e uma sarapitola bem esgalhada é iniciativa privada!
(Jorge Gomes da Silva)
... e o cu da São dá uma enorme satisfação!
... e sexo em público é... um serviço lúdico"
(Bruno)
... e como é uma medida genial, ao Santana ofereço um botão rectal!
Não é a pedra filosofal, mas recomendo-lhe uso pontual!
(Ocasional)
... mas do sexo escrito eu não abdico!
(Sónia)

Josef Suk - Česká Filharmonie, Libor Pešek ‎- Serenade Es Dur Pro Smyčcové Nástroje, Op. 6 / Pod Jabloní

LP de música clássica, Checoslováquia, 1986, na minha colecção. Com folheto interior.






A colecção de arte erótica «a funda São» pode ser visitada aqui.

17 abril 2021

Do falo à falácia

Isto de andar sem dar uso ao falo faz-me enervar com coisas de forma algo aleatória. Não é este o caso, porque sabem bem que fico com urticária psicossomática sempre que brincam com a língua portuguesa. Esta semana deparei-me com o uso recorrente do conceito falácia, usado como um mero sinónimo, mais elevado porém, de mentira. Ouvi na televisão por duas vezes, e ontem, em conversa, uma amiga contava-me as zangas com o marido e desbarata: "Ele diz que me ama mas isso é uma falácia”. Três vezes numa semana é o meu limite por isso perguntei meio gozão: “Uma falácia, qual? E de que ordem?”  Ela é de ciências, não sei bem o que fazem as pessoas de ciências, mas certamente não é perder tempo a identificar paralogismos em discussões conjugais e sofismas em conversas de café. Por isso acalmo-me e como também não sei distinguir um glóbulo vermelho de uma plaqueta, explico calmamente que uma falácia não é necessariamente uma mentira, mas um raciocínio erróneo e logicamente inconsistente que aparenta ter, para o ouvido destreinado, uma argumentação sustentada e válida. Acho que ela não me ouviu porque continua a vociferar: “Ele faz de propósito! Eu sei que ele faz de propósito!” Apanho a deixa e acrescento que as falácias que são cometidas involuntariamente designam-se por paralogismos e as que são produzidas de forma a confundir intencionalmente alguém numa discussão chamam-se sofismas. Ela continua a argumentar com base unicamente no que sente. E eu continuo somo se estivesse num teste oral: “Os argumentos falaciosos podem ter validade emocional, íntima, psicológica, mas são desprovidos de validade lógica”. Explico-lhe que é importante conhecer os tipos de falácia para evitar armadilhas lógicas na própria argumentação e para analisar a argumentação do seu-mais-que-tudo durante uma discussão. Depois decide contar-me a última discussão conjugal ao detalhe, expondo as fragilidades emocionais e de raciocínio de ambos em contexto de relação. Por momentos penso que tive menos intimidade com a maioria das raparigas com que fui para a cama. Enquanto solteirão inveterado devia ser poupado a isto. Mas os amigos são para estas ocasiões, por isso, com base nas discussões que me relatou, identifiquei três falácias recorrentes, que me aprontei a recordar-lhe e que partilho para todos os casadinhos deste mundo:

Derrapagem (bola de neve)

Para demonstrar que uma proposição é inaceitável, apontam-se consequências negativas dessa proposição e consequências das consequências. Mas as consequências são hipotéticas e de probabilidade pouco elevada. A falsidade de uma ou mais premissas é ocultada pelo operador proposicional “se... então...” que constitui o todo do argumento.

Exemplo teórico: Nunca deves jogar às cartas. Se começares a jogar às cartas verás que é difícil deixar o jogo. Em breve estarás a perder todo o teu dinheiro no jogo e, inclusivamente, podes virar-te para o crime e para as drogas para pagar as dívidas.

Exemplo empírico à Patife: "Ai, não. Se metes isso tudo dentro da minha coninha apertadinha vou ficar tão estragadinha da pachachinha que não vou conseguir voltar a pinar com outro homem ou vou ficar com a bocarra da chona tão lassa para o resto da vida que não volto a ter prazer sexual."

Na prática: Peguei, trinquei e meti-o na fresta. Riu-se e dei-lhe a volta à cabeça. Continua a ter prazer sexual com outros homens, porém não tanto como com o Patife.

Falso dilema

É dado um limitado número de opções (por norma duas), quando de facto há mais. O falso dilema é um uso ilegítimo do operador “ou”. Colocar as opiniões em termos de “ou sim ou sopas” gera, com frequência esta falácia.

Exemplo teórico: Ou concordas comigo ou não. (Porque se pode concordar parcialmente.)

Exemplo empírico à Patife: "Ou ela, ou eu!"

Na prática: Foram as duas nessa noite. E foram-se as duas nessa noite. Sempre juntas. Nunca uma ou outra.

Argumentum ad hominem

Ataca-se a pessoa que apresentou um argumento e não o argumento apresentado.

Exemplo teórico: Podes dizer que Deus não existe mas estás apenas a seguir a moda porque não tens opinião própria.

Exemplo empírico: "Tu não percebes nada porque só pensas em pinar!"

Na prática: Só é efectivamente uma falácia porque, apesar de grunho da picha, percebo muito disso do pinar. De tudo o resto, percebo muito pouco ou mesmo quase nada.

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«Elo sagrado» - Cara Trancada


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L´album pornographique de Michel Simon

Edição La manufacture de livres, França, 1ª edição, 2020.
"Desde o início da fotografia, os amadores dedicaram-se à pornografia. Verdadeiro museu das escapadelas libertinas de nossa sociedade, a colecção inicialmente constituída por Pierre Louÿs foi enriquecida pelo actor Michel Simon, que não escondeu os seus gostos e os seus apetites pelo assunto. Dois anos após a morte desta lenda do cinema francês, nada menos que treze mil peças que pertenceram ao actor são dispersas pelos seus herdeiros. Fotos mas também edições originais de Sade, dildos, autómatos,... compõem o que constituiu a maior coleção do mundo sobre o assunto.
Não satisfeito em apenas coleccionar, Michel Simon queria enriquecer o seu património com memórias da sua sexualidade extraordinária. Este álbum apresenta pela primeira vez ao público as fotos pessoais do famoso pornocrata. Complexo, às vezes assustador, muitas vezes cativante."
Um levantamento de uma pequena parte da colecção curiosíssima do actor francês Michel Simon, na minha colecção.













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16 abril 2021

Sabes o que é "Cucu"?

O DiciOrdinário ilusTarado explica:

Cucu – chamamento utilizado para acasalamento à retaguarda por aves trepadoras da família dos cucos. Quando estas aves ficam emproadas diz-se que estão armadas aos cucos.

Faz a tua encomenda aqui.Se quiseres, basta mencionares no formulário e posso enviar-te o DiciOrdinário com uma dedicatória.
Na editora (Chiado) podes comprar em formato eBook (€ 3).

Kiwisex ‎- Homefucking Is Killing Prostitution

"Foder em casa está a matar a prostituição". Maxi-single, Alemanha, 1989, na minha colecção.





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