19 abril 2021

«Alvuras» - António F. de Pina


Amei-te como quem trinca
Um pomo rubro e reluzente de vontade
Sentindo sempre o saciado insaciado.

Amei-te como quem tacteia
O crescente crepitar dos poros claros
A incendiar o macio da pele nua
Em cada gesto de dedos estelares.

Amei-te como quem ouve
O eco do grito linear desse desejo
O som efervescente de um beijo
E o som do brilho vertical do teu olhar
A deslizar
Pelas paredes desmaiadas do meu rosto.

Amei-te como se fosse
Um pavio esbraseado e solto
Na morfologia complacente do teu corpo
Entre cortinas de crepúsculo e luar.

Só não sei
De onde vieram todas as asas livres
Que nos fizeram emergir e planar.

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António F. de Pina (2021)
© todos os direitos reservados

2 comentários:

  1. O som efervescente de um beijo...

    hummm deu saudade...

    Beijinhos

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    1. Deu mesmo, Cléo.

      Beijinhos e um abraço maior que o oceano Atlântico

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