12 janeiro 2023

11 janeiro 2023

«Sossega» - António F. de Pina

Sossega
De nada te vale turvar o olhar
Imbuindo a chuva miudinha na areia
Ou encrespar a suave neve cristalina
Eriçando os pelos nos poros dormentes
Crispando as unhas no assombro luzidio.

Sossega
Não toques a esquina da angústia
Com os dedos ansiosos de penumbra
Não fujas da planura envolta em brisa
Nem te mostres no concerto começado
Com o som que sai singelo do conceito.

Sossega
Deixa-me desatar-te os nós cerrados
Que te impedem os movimentos serenos
E ver quanto mar pode abarcar o teu peito.

© todos os direitos reservados



10 janeiro 2023

Mulher a ver-se ao espelho... com segredo

Cartão com segredo, com publicidade a uma empresa de eletrodomésticos. Calendário de 1996 no verso.
Tapando a cara da senhora e o espelho, rodando o cartão 180º, tem-se outra perspetiva...
Doação de Jorge Correia para a coleção.



09 janeiro 2023

«A patroa» - Neca Rafael

Fado cantado por Lourenço M.
no 21º Encontra-a-Funda
Apesar de estarmos velhos
Eu disse assim à patroa
Usa a saia p'los joelhos
Porque ainda estás bem boa

As outras são bem felizes
Por trazerem pernas nuas
Tu quase nem tens varizes
E as que tens são só tuas

Porompom pón, 
poropo, porompom pero, peró,
poropo, porom pompero, peró,
poropo, porompom pon
(bis)

Apesar de estarmos velhos
Eu disse assim à patroa
Usa a saia p'los joelhos
Porque ainda estás bem boa

As outras são bem felizes
Por trazerem pernas nuas
Tu quase nem tens varizes
E as que tens são só tuas

Porompom pón, 
poropo, porompom pero, peró,
poropo, porom pompero, peró,
poropo, porompom pon
(bis)

07 janeiro 2023

O DiciOrdinário também são Provérbios Populares (ou p’ra pulares)

O DiciOrdinário ilusTarado tem centenas de provérbios sugeridos pelos membros e membranas do blog «a funda São». Aqui ficam só alguns exemplos:


Ladrão que enraba ladrão tem cem anos de tesão.  
Quem não tem cão caça com a rata.
Quem não tem cão coça com a mão.
Quem não se desenrasca com uma queca, pois que fique em casa, com a breca! 
Faz bem ao vilão, morder-te-á a mão; se te abaixares tu, 'inda te vai ao cu. 
Foder e folgar, tudo é trabalhar.
Para bezerro mal desmamado, cauda de vaca é maminha.
Primeiro o bucho, depois o luxo, se queres no fim um bom repuxo. 
Para que te vestes tu, se o que queres é ficar nu?
Banana madura em pé pouco dura.
Casa de mulher feia... às vezes nem fazem ideia!...

Faz a tua encomenda aqui. Se quiseres, basta mencionares no formulário e posso enviar-te o DiciOrdinário com uma dedicatória.
A editora (Chiado) já não tem este livro à venda. Só o encontras aqui!

06 janeiro 2023

De amoribus Pancharitis et Zoroae, poema eroticon

Livro em latim com 188 páginas de Philippe PETIT-RADEL, Apud Molini, Paris, 1792.
Edição original com um frontispício alegórico assinado Clément. Philippe PETIT-RADEL foi um cirurgião e escritor, responsável por vários livros sobre erotismo, com destaque para «Érotopsie, ou um olhar sobre a poesia erótica». Um prefácio do editor apresenta o autor. Poesia latina inspirada em autores latinos, com um erotismo suave e sentimental.
Apud Molini, Parisiis, Anno Republicae Gallicae VI (1798), In-8 (13x20,5cm), xxiv, 286pp. (2), encadernado. Lombada inteira e capas em pele de bezerro marmoreada decorada com motivos dourados.
Um pequeno livro belíssimo na minha coleção.









04 janeiro 2023

«Olhar-te» - António F. de Pina

Olhar-te
É ter a Primavera florida a despontar
Da timidez crepuscular que se finita.

   É como olhar para o Sol intensamente
   Com o brilho ocelar liquefeito em lágrima.

Olhar-te
É penetrar a densa opacidade do teu conforto
E sentir o peso subtil do silêncio da atitude.

   É libertar todas as sinfonias inacabadas
   E sentir-me leve e planar numa cortina de som.

Olhar-te
É sentir fantasmagóricas ondas de luz
A clarear ardósias negras no pensamento.

   É transpor a barreira do som em apneia
   E sentir-me esmaecer no abraço que me dás.

© todos os direitos reservados

03 janeiro 2023

Cartão de identidade para casados

Cartão humorístico dos anos 80 e 90. Calendário de bolso promocional do Pronto-a-vestir Zanova no verso.
Doação de Jorge Correia para a coleção.



02 janeiro 2023

«Serapião Pimenta» - José Castro Carvalho / Álvaro Martins

Fado cantado por Lourenço M.
no 21º Encontra-a-Funda
O Serapião Pimenta
Que já passou dos oitenta
P’ro que lhe deu, vejam bem
Foi pedir em casamento
A filha do Chico Bento
Que nem vinte anos tem (bis) 

Com tal diferença de idade
Havia necessidade
A fim de evitar sarilhos
De fazerem ambos testes
E lá foram um dia destes
Saber se teriam filhos (bis)

Exames fizeram então
Seguindo a prescrição 
Tudo muito estudado
Uns vinte dias depois
Lá compareceram os dois 
P’ra saber o resultado (bis)

A sua análise está bem
Nenhum problema contém
É o que assinala esta cruz
Está a menina um espanto
E está apta portanto 
P’ra casar e dar à luz (bis)

Ao ver o seu resultado
O Pimenta entusiasmado
Logo ali pediu a Deus
Que tudo lhe perdoasse
E lá do alto mandasse 
A bênção prós filhos seus (bis)

Tenha calminha Pimenta
Porque o seu teste apresenta 
Uma cruz, mas mais um “i”
Boa saúde, de facto
Para casar está apto
Mas só p’ra fazer xixi (bis)