Amanhece quando nos teus olhos claros
Esvoaçam pássaros pelos prados verdejantes.
Amanhece quando toco a brandura da tua boca
E os olhos se cerram incondicionalmente.
Amanhece quando o ciciar incandescente do sol
Te quer beijar os níveos quadris aquietados.
Amanhece quando cai uma folha fulgente e rubra
Do pensamento florido que há no geminar da alma.
Amanhece quando a dissonância é derrubada
Por um eco paralelo no vértice de uma palavra.
Espontaneamente tudo em mim amanhece
Quando te sinto presente e resplandecente
Nas sílabas doces que o beijo silencia.
«Na tarde liquefeita dos teus olhos», 2023
© todos os direitos reservados