Ficção de Rafael Saar - 2008 - 12 min
Com Ney Matogrosso e Nildo Parente
Ney Matogrosso e Nildo Parente. O que eles mais querem é estar juntos e um dia basta para esperarem pelo próximo.
Link directo para o filme aqui.
12 dezembro 2010
11 dezembro 2010
A Morte do Brilho
Um destes dias,
quando tentava lembrar-me de mim,
percebi;
Percebi que sepultei o meu brilho algures e,
esqueci.
Foi nesse dia que encontrei a morte em mim.
Procuro desesperadamente o lugar onde o escondi...
Malditos sentidos apagados!
Quero renascer, aquecer e brilhar.
O brilho e Eu morremos em mim;
e um dia, até em Ti irei apagar-me.
quando tentava lembrar-me de mim,
percebi;
Percebi que sepultei o meu brilho algures e,
esqueci.
Foi nesse dia que encontrei a morte em mim.
Procuro desesperadamente o lugar onde o escondi...
Malditos sentidos apagados!
Quero renascer, aquecer e brilhar.
O brilho e Eu morremos em mim;
e um dia, até em Ti irei apagar-me.
Espuma
Que me marque
uma vaga branca de espuma
e o mar deixe o verde odor
da maresia.
Que me lembres
os passos na areia
e as conchas
me ensinem
o que não sei.
Desejo navegar
e perder-me em cada porto
que não encontro.
Poesia de Paula Raposo
10 dezembro 2010
Duo MainTenanT
Nicolas Besnard e Ludivine Furnon (medalha de prata em Paris no 31º «Festival Mondial du Cirque de Demain»), que já fizeram parte do Cirque du Soleil, em actuação ao vivo no programa de televisão «Benissimo» em 2010.
Terça-Feira (Outubro)
Quando escrevo, acredito. Dói-me pois essa incapacidade que agora averiguo, essa venda molhada de silogismos, seca de fé, insultar o oximoro tomando-o por volubilidade, e eu que morro assim quando me inscrevo na ternura fria, na paixão serena, na bradicardia emocionada. Ainda penso no que ficou para trás, vou muitas vezes espreitar só para ver se vive; nunca sei o que faria se me chamasse, até para mim sou imprevisível, eu hei-de perguntar a alguém se sabe o que eu haveria de fazer. Afinal tenho medo de tudo mas não tenho medo de mim e talvez devesse ter. Tenho coisas feias aqui dentro, coisas que nem sempre tento ou sei matar. Acontece alguma coisa bonita e eu logo a vejo a tornar-se feia e sou eu que feia me torno. De bom grado eu diria a alguém que já não sou quem sou faz algum tempo e que me procuro aqui, não sei o que resultará de mim mas as minhas linhas estão um pouco de luto por quem as ajudou a gatinhar. Chegarei a Outubro onde tudo vai mudar, eu sempre soube disso, quem comigo aqui estiver que chegue a Outubro comigo pois é de lá que partirei e só levo comigo quem lá estiver. Eu já sei que sou mesmo estranha, estranhar-me-ia agora se não fosse mas esta felicidade nostálgica é assim, é aquela que nasceu da dor, de todas as dores que acarinho e guardo, as dores são coisa viva e entristecem sem ternura. De boa vontade largaria tudo se sentisse que poderia fazer algo de muito bom mas depois de sentir tudo completo, logo me iria embora e toda a gente que encontro se quer completar. Não me aprendes se me prendes mas podes fazer a cama que eu também queria aprender a encostar-me só um bocadinho sem pousar. De duas respostas paradoxais que precisem de coexistência procurarei o oximoro encerrado na felicidade trágica, na explosão serena, é a resposta terceira que me encontra e me resolve e quando escrevo, acredito; uma resposta estagna a questão, várias são movimento.
09 dezembro 2010
Ponto G - Um ponto final na sua interrogação
Já há uns tempos falei aqui de um dos mais populares mitos urbanos, o célebre Ponto G. Na altura não vinha nada a propósito, tal como agora, mas dada a importância que a malta acaba sempre por atribuir a estas coisas da anatomia e do seu manancial recreativo entendi por bem repescar o assunto.
Até porque de política não percebo nada. E de sexo também não, como esta posta ajudará a confirmar.
Do Ponto G salta à vista o facto de se tratar de uma zona específica do corpo (e da mente, arriscaria eu) de uma mulher que funciona, diz-se, como uma espécie de lado on de um interruptor. Ou seja, um tipo dá com aquilo sem querer e a parceira transita de icebergue a vulcão num abrir e fechar de olhos, sendo garantido o prazer absoluto à fêmea em causa. Pura mitologia, portanto.
Todavia, a fé neste mecanismo miraculoso que tantas horas tem ocupado aos mais crentes e laboriosos (tão escassos que correm o risco, eles próprios, de se tornarem tão utópicos como o mito de que vos falo - falo não no sentido erecto da expressão) terá pois um efeito quase imediato na, digamos, predisposição da proprietária desse território mais procurado do que o petróleo no Beato.
Naturalmente, alguns machos da espécie parecem quase obcecados com a descoberta desse santo graal da coisa e concentram boa parte do seu empenho na busca incessante do tal ponto G ao ponto, passe a redundância, de se esgotarem nesse esgravatar sendo essa uma das explicações possíveis para que a duração média de um acto sexual se cifre nos três minutos (subsequentes às três horas entretidas na exploração que mais parece uma procura de unicórnios).
Por outro lado, a estatística associada ao ponto G não favorece os mais fervorosos. De acordo com a informação disponível, e apesar de existirem até diagramas que localizam o dito ponto num local específico no interior da dita cuja - alvo de contestação por parte de quem acha que isso seria fácil demais e por quem até não se importa nada com os esforços dedicados a tal causa, o ponto G não está sempre localizado no mesmo local em cada pessoa. Pior ainda, estamos a falar de uma pessoa do sexo feminino e aí as variáveis tendem para o infinito, como qualquer matemático de pacotilha consegue calcular.
Existe ainda uma corrente que defende uma proliferação de pontos G por todo o corpo, bastando apenas certificar-se o explorador de que nenhum centímetro quadrado fica por sondar nessa demanda pelo botão mágico que transforma qualquer amante num sucesso sem precedentes (estou a rir mas é dos nervos, não levem a mal). Os mais cépticos, no entanto, contestam essa abordagem por considerarem tratar-se de uma versão oportunista (nada feminina, nesse caso) destinada apenas a funcionar como uma espécie de cenoura pendurada diante dos, digamos, menos clarividentes.
Alguns estudiosos deste tema fascinante, nomeadamente os mais dados ao trabalho de campo, reclamaram para si os louros da descoberta deste tão prodigioso eldorado do sexo, embora nunca faltem as vozes oponentes que os acusam de se fiarem em demasia nas manifestações exteriores de satisfação cuja fiabilidade se sabe hoje (como ontem já se sabia) ser sobremaneira questionável.
E se os mais veteranos escarnecem os que ainda se dão a tais trabalhos de pesquisa do que a sua experiência de vida lhes ensina não passar de uma metáfora ou pouco mais, já os mais novos, a geração playstation, provavelmente desistirão do ponto G no momento em que se aperceberem de que nunca irão dispor de um comando à distância para a sua activação.
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