Quando escrevo, acredito. Dói-me pois essa incapacidade que agora averiguo, essa venda molhada de silogismos, seca de fé, insultar o oximoro tomando-o por volubilidade, e eu que morro assim quando me inscrevo na ternura fria, na paixão serena, na bradicardia emocionada. Ainda penso no que ficou para trás, vou muitas vezes espreitar só para ver se vive; nunca sei o que faria se me chamasse, até para mim sou imprevisível, eu hei-de perguntar a alguém se sabe o que eu haveria de fazer. Afinal tenho medo de tudo mas não tenho medo de mim e talvez devesse ter. Tenho coisas feias aqui dentro, coisas que nem sempre tento ou sei matar. Acontece alguma coisa bonita e eu logo a vejo a tornar-se feia e sou eu que feia me torno. De bom grado eu diria a alguém que já não sou quem sou faz algum tempo e que me procuro aqui, não sei o que resultará de mim mas as minhas linhas estão um pouco de luto por quem as ajudou a gatinhar. Chegarei a Outubro onde tudo vai mudar, eu sempre soube disso, quem comigo aqui estiver que chegue a Outubro comigo pois é de lá que partirei e só levo comigo quem lá estiver. Eu já sei que sou mesmo estranha, estranhar-me-ia agora se não fosse mas esta felicidade nostálgica é assim, é aquela que nasceu da dor, de todas as dores que acarinho e guardo, as dores são coisa viva e entristecem sem ternura. De boa vontade largaria tudo se sentisse que poderia fazer algo de muito bom mas depois de sentir tudo completo, logo me iria embora e toda a gente que encontro se quer completar. Não me aprendes se me prendes mas podes fazer a cama que eu também queria aprender a encostar-me só um bocadinho sem pousar. De duas respostas paradoxais que precisem de coexistência procurarei o oximoro encerrado na felicidade trágica, na explosão serena, é a resposta terceira que me encontra e me resolve e quando escrevo, acredito; uma resposta estagna a questão, várias são movimento.
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Uma por dia tira a azia