14 dezembro 2010

é mais uma... vá, é mais um encontro que faz parte do ciclo sobre o amor e a sexualidade


desta feita o tema é o amor platónico. ahhh! havia tanto a dizer sobre isso. o amor ideal. ahhh! o amor pela ideia do amor presente nas 'ssoas.
mas por vezes o amor não é platónico. é plUtónico. e ainda que plutão não seja «tão enorme» quanto o Platãozito, há que lhe reconhecer quadraturas e quicôncios e umas coisas que ando a aprender nas aulas de astrologia. um dia destes conto-vos. combinado?

Coisas de gaja

Tenho um amigo que diz que gosta muito de sair comigo porque as mulheres voltam a olhar para ele.
(Claro que isto é ele a ser um falso modesto, porque é giro que se farta e pode dizer estas coisas)

Tenho a dizer ao gajedo que olha para o P. quando saímos juntos, pensando que está a catrapiscar um tipo comprometido, que:
1.º: ele não é comprometido (lalalalalalaaaa!);
2.º : se ele fosse comprometido, estavam a fazer um papelão, ó galdérias dum raio, a fazer-se ao piso a um fulano que leva outra ao lado, sim senhoras...;
3.º: se ele fosse comprometido comigo, não olhavam para ele duas vezes, que à segunda já tinham o olhinho inchado e não viam a mais de meio palma de distância;
4.º: se ele fosse comprometido comigo (que não é, pelo que estão à vontadinha) e vos devolvesse o olhar de forma não inocente, deixava de ser comprometido e V.as Ex.as ganhavam um compincha para vos emprestar (para porem no olhinho à Belenenses) o gelo com que tenta que o inchaço nos queixos diminua;
5.º: é graças a comportamentos desses, caras meninas, que se diz que as gajas são umas cabras umas para as outras (os gajos fazem o mesmo, mas entendem-se entre eles e, no fim, acabam aos abraços e a beber uns finos, cagando para vocês);
6.º: eu, que sou arraçada de gajo, quando apanho um gajo acompanhado (mesmo que por uma amiga, sei eu lá bem qual é a natureza da relação de um gajo acompanhado por uma gaja) a galar-me, apetece-me ir ter com a gaja que está com ele (amiga ou não) ao WC (sim, ela está no WC ou no bar, este tipo de gajo só olha para as outras quando não tem a madame por perto) e denunciá-lo, incitando-a subliminarmente a dar-lhe cabo dos queixos ou das vistas, conforme os gostos.

E é tudo o que tenho a dizer sobre o assunto.
Mais soco, menos soco.

Águas

Deixo que a noite caia sobre a terra;
que a profunda lucidez se evada:
quero escuridão.

Adormeço na baía
quando os barcos
já se fizeram ao mar.

Se, acaso, acordar
pergunto onde estou.
Não obterei resposta.

Não estou:
talvez tenha estado
navegando as águas geladas
da solidão.

Aí:
regresso à Vida!

Poesia de Paula Raposo

As Caldas da Rainha e a oportunidade... perdida?

Vocês sabem que eu sou confreira da Confraria do Príapo, desde a sua fundação (isto está mal escrito, não está?!) em 8 de Maio de 2009.
Recentemente, o professor José Nascimento, que presidiu à Confraria do Príapo, escreveu o artigo «De Braços Abertos – Garrafa das Caldas » para a «Gazeta das Caldas»:
"Caldas da Rainha é terra de invulgar e distinta riqueza cultural. (...)Apesar das dificuldades e insuficiências, a terra das termas e da cerâmica procura adaptar-se à evolução dos tempos e encontrar novos rumos, conjugando as oportunidades proporcionadas pela modernidade com os elementos mais ricos da tradição herdada. Entre estes, a “Garrafa das Caldas” e toda a cerâmica burlesca de natureza sexual é, sem dúvida, a mais famosa, mesmo não sendo a de maior valor cultural.
Sendo óbvio o cariz sexual e paródico desta cerâmica, entretanto alargada a outros materiais, já não é tão consensual o seu carácter erótico, ou até mesmo pornográfico. Tal dever-se-á ao facto de não ser clara a definição destes conceitos, nem rigorosa a sua utilização corrente, permitindo todo o tipo de interpretações. Entendo este défice conceptual e representação polémica como uma oportunidade para o debate e o esclarecimento. Na verdade, esta notória tradição das Caldas da Rainha carece de estudo e investigação apropriados, designadamente sobre as suas origens, natureza, características, objectivos e evolução, merecendo maior atenção por parte das entidades autárquicas, académicas e associativas do concelho. A 1ª Mostra Erótica-Paródica das Caldas da Rainha, realizada há cerca de um ano pela Confraria do Príapo, deu uma importante contribuição para esse desiderato.
Uma breve passagem pelos dicionários diz-nos que o erótico se refere à expressão sexual do amor ou do prazer, quando afirmada de forma sensual, artística ou simplesmente significativa, por vezes até ilícita e libertina, tendo em vista excitar ou satisfazer a libido. Por sua vez, o pornográfico cobre um leque alargado de manifestações sexuais, desde as coincidentes com o erótico até às propositadamente explícitas e obscenas, com fraco ou nulo mérito artístico, em grau que atinja o pudor, a moral ou os costumes, causando um intenso desejo sexual ou uma forte repulsa (ou ambos, ocorrendo então uma dissonância cognitiva). Como se vê, estas definições não são claramente delimitadas e, também por isso, não merecem generalizada concordância.
Parece-me que a representação fálica da “Garrafa das Caldas”, intencionalmente caricatural, tem cabimento na intersecção das duas categorias, com objectivos mais de paródia e provocação, do que de excitação ou satisfação sexual. Naturalmente que o resultado final dependerá da interpretação artística do objecto fálico ou afim, do contexto ou situação social em concreto e, decisivamente, do significado que lhe for atribuído por cada pessoa. De facto, nem toda a gente tem o mesmo sentido de humor e a mesma relação de cumplicidade ou conflito com o sexo. O essencial, numa sociedade livre e tolerante, é que as diferentes sensibilidades sejam acomodadas, de forma adequada e na medida do possível, permitindo a realização dos legítimos desejos e preferências de cada um. Afinal, a sociedade é isso mesmo, um mosaico de personalidades, valores e estilos de vida.
A “Garrafa das Caldas” é o símbolo de uma tradição que merece ser defendida e apoiada. Dela podem beneficiar muito mais a cidade e o concelho, os artistas, os artesãos, os comerciantes e a população em geral. Além da reputação que possui e do interesse que desperta na opinião pública nacional e internacional, esta tradição pode proporcionar o desenvolvimento de uma economia interessante, geradora de postos de trabalho e bem-estar social. Por aquilo que me é dado ver, a generalidade dos caldenses tem orgulho e apoia este seu património histórico, sobrando aqueles que, por razões que só eles verdadeiramente conhecem, se lhe opõem ou o desprezam. A esses, gostaria apenas de dizer que, em matéria de obscenidade, é muito mais reprovável o comportamento elitista, arrogante e hipócrita de alguns, do que a representação grotesca de um dom da natureza, ao qual devemos a nossa existência e com o qual lidamos todos os dias, com maior ou menor benevolência."
O Paulo Moura, outro confrade, deixou lá um comentário:
"Caro confrade professor José Nascimento,
Partilho da sua preocupação mas receio que a «classificação» da louça erótica das Caldas como sendo paródica é perigosamente redutora.
Espero dentro de algum tempo ter concluído o estudo «Religião e culto fálico na região Oeste», do meu amigo Carlos Almeida, para que possamos entender as origens pré-históricas e as vicissitudes por que os rituais de fertilidade passaram ao longo dos séculos, com especial destaque para a «guerra santa» feita pela igreja católica.
As Caldas – e toda a região Oeste – têm uma envolvência há milhares de anos considerada mágica. As águas curativas das termas… Fátima…
O falo das Caldas não é paródico. Essa componente paródica é muito recente (poucas dezenas de anos) e, em minha opinião, tem a ver com uma forma inteligente que os artesãos das Caldas adoptaram e mantêm para conseguir fazer passar o seu artesanato pelas malhas da Censura (antes do 25 de Abril) e da censura social que se mantém nos nossos dias.
Também por isso, sempre defendi que se deveria mostrar, nas Caldas da Rainha, que os rituais de fertilidade e a arte/artesanato eróticos existem desde há milénios e em todas as partes do mundo. Isso só valorizaria ainda mais os méritos da «louça das Caldas». Mas receio que a Confraria do Príapo, assim como a Câmara Municipal das Caldas da Rainha, optem por uma solução mais «caseira».
A minha colecção, muito provavelmente, irá para outra cidade. Tenho pena."

Que pai nunca enganou um filho?


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13 dezembro 2010

A posta que nunca, ou mesmo depois


Palavras finais deixadas por dizer no caminho interrompido sem uma despedida sequer, agora sem sentido algum.
Quem de dois tira um com a certeza de que depois ainda sobra metade para completar um todo que restar viável entre as cinzas da desilusão.
A vida continua enquanto o coração não parar de bater, congelado, pela exposição ao frio que entra por todo o lado, pelas feridas abertas no interior (que a fachada está sempre um primor), apenas mais uma facada para encaixar com a dignidade possível, a aparência sofrível de um orgulho que se tenta preservar por detrás de uma história diferente para contar a quem afinal nem interessam os pormenores.
Palavras finais quando acabam os amores ou outro tipo de ligações daquelas que pressuponham emoções ainda que sejam fingidas, para que não fiquem defraudadas as ilusões criadas por quem arrisque apostar.
Quem de um tira dois com a ideia de que resolve com essa panaceia um problema que mal consegue identificar, mais fácil deixar cair tudo aquilo que não se compreenda, simplificar ao máximo uma vida que no mínimo é sobrevivida porque a realidade passa o tempo a fugir pelos atalhos da verdade que se quer encobrir e esse aspecto dificulta a secagem de um verniz que é quanto baste para se parecer feliz como um sorriso insistente, talvez, presumidamente, traduz.
Palavras finais no escuro, com falta de luz nos cantos onde jazem escondidos os tempos mal investidos ao longo de um caminho que termina de forma abrupta, arrumadas na prateleira das coisas esquecidas, a única maneira de as impedir de poderem um dia servir de peso na consciência, o preço da arrogância de quem se acredita capaz de moldar alguma espécie de paz que possa viabilizar uma nova tentativa frustrada à partida pela falta de vontade de mudar tudo aquilo que se possa revelar prejudicial no futuro que se impõe tal e qual o padrão pré-definido, com o final planeado por inerência na mais do que provável ausência de qualquer tipo de esforço ou de fé.
Palavras finais, deixadas por dizer até ao dia em que passou tempo demais para serem ditas com o efeito desejado, o preço a pagar ignorado porque a factura só chegará amanhã ou depois.
Quando apenas restar a palavra jamais.

Capítulo

Abri o livro, quis reler o último capítulo;
Já tinha acabado de o ler, mas... antes de passar ao próximo, quis recordar as mais marcantes passagens da degustação dessas linhas.
Longo, sinuoso e preponderante no desenrolar do restante enredo, capítulo rico de memórias horrivelmente belas.
Belas na vivência, mágoas da memória.
Ferem...
Fui ler algumas passagens antes de passar ao próximo; Quis memórias vivas para compreender o restante texto; preferia não as ter e começar o seguinte como se de um novo livro se tratasse... ou não.
Quis apenas guardar em gotas salgadas as memórias do último capítulo.

PenetraSões


Klaxons 'Twin Flames' from Trim Editing on Vimeo.

Há uns coraçõezinhos mai'lindos que outros


Crica para veres o coração em todo o seu esplendor

O mundo ao léu



HenriCartoon

12 dezembro 2010

"Palavras leva-as o ventre"

"Palavras leva-as o ventre", que o vento,
esse tonto inteiro, foi namorar a madrugada;
só ele me levará completa, abandonada,
como um ponteiro abandona um momento
ao tempo de um relógio de corda.

"Palavras leva-as o ventre"; eu escuto
e das tuas ouvi um poema, nada
mais simples,a frase assim nascida
do ventre é tão filha do teu peito
que é como eu, só pelo ventre levada.


(Poema para o João Moreira de Sá, pai da frase "Palavras leva-as o ventre". Daqui Umbilical nasceu o poema. Muito obrigada, João! )

«Sétimo Céu» - por Rui Felício


O 61º Festival de Cannes exibiu o filme Sétimo Céu, do alemão Andreas Dresen que me fez reflectir sobre o amor.
De que tanto falamos, sem porém nunca o conseguirmos entender completamente. Ninguém se pode gabar de nunca ter amado. As paixões da adolescência que brotaram de nós, sem explicação, explodindo como verdadeiros vulcões, cortando-nos a vontade de comer, de estudar, de pensar noutras coisas para além daquele intenso desejo que nos despertou os sentidos, que nos fez bater descompassadamente o coração.
Quantas dessas paixões nos levaram a fazer sinceras juras de eterno amor, de antes desejar a morte à perda do ente amado? Quem de nós nunca disse que aquele era o amor para toda a vida? Mas depois, quantas dessas juras não quebrámos quando o entusiasmo inicial arrefeceu? Com a mesma convicção e facilidade com que antes as fizéramos? Ainda jovens, mas mais maduros, estabelecemos uma relação conjugal e convencemo-nos igualmente que ela, essa sim, seria para o resto da vida. Os frutos dessa relação, os nossos filhos, eram a prova da estabilidade, a prova do verdadeiro e tranquilo amor. Julgámos então ter apreendido o verdadeiro significado desse complexo sentimento. O tempo ia correndo, a idade avançando, a beleza física que proporcionava a atracção ia desaparecendo. A vida vivida em comum durante décadas provava-nos, aparentemente, que o amor é muito mais que o fogacho irreprimível da paixão.
Não! Não havia dúvidas! Na nossa sobranceira e sábia maturidade, achámos que finalmente tínhamos percebido que o amor era a interacção de sensibilidades, de compromissos, de estabilidade, de sedimentação de rotinas de vida. É certo que uma ou outra vez sentimos a tentação, a atracção por outra pessoa, mas racional e pragmaticamente achávamos que isso não passava de mero e condenável desejo carnal, que rapidamente se desvaneceria no conforto e na intimidade do lar onde, aí sim, pairava o verdadeiro amor. E afastávamos a tentação, dizendo para nós próprios que essas coisas são próprias dos jovens. Não acontecem aos mais velhos e experientes, calejados pela vida. E com idade para terem juízo...
Este filme mostra que não é assim... Só a nossa presunção nos leva a pensar que o amor não está sempre latente, que a qualquer momento pode romper a crosta protectora que construímos à nossa volta em obediência às convenções que nos regem. Este filme mostra como uma mulher quase sexagenária, mãe de família, sem qualquer razão para questionar o seu casamento de mais de 30 anos, subitamente, sem que nada o fizesse prever, se apaixonou por um homem de mais de 70 anos. Vivendo com ele momentos de intensa felicidade, de verdadeira paixão, ambos fazendo amor como se fossem adolescentes, sem vergonha dos seus corpos já velhos. Antes descobrindo neles a beleza e o fulgor da juventude. O amor é realmente eterno.
E não é apanágio da juventude. Mas continuo sem o saber explicar. E sem compreender porque está tanto tempo adormecido e, num ápice, se pode revelar em toda a sua pujança.

Rui Felício
Blog «Encontro de Gerações»