17 setembro 2012

«pensamentos catatónicos (273)» - bagaço amarelo

azeitonas

Eu podia escrever um livro apenas sobre as mulheres que, estando à minha frente na fila do supermercado, saíram para ir buscar mais qualquer coisa de que se esqueceram. Normalmente são simpáticas, essas mulheres, até pedem desculpa quando deixam as coisas as compras a marcar lugar. Mas atrasam tudo e todos.
Hoje aconteceu-me mais uma vez. Eu só tinha um molho de agriões, um frasco de azeitonas recheadas e uma alface no cesto dum supermercado que só tinha duas caixas abertas. Escolhi uma delas à sorte e tive azar. Ou sorte, depende do ponto de vista.
A cliente que estava à minha frente, quando o rapaz da caixa já tinha lido praticamente todos os códigos de barras dos seus produtos, lembrou-se que também queria comprar alhos. Lá foi ela aos saltinhos, prometendo ser rápida, buscar os alhos. Demorou mais do que seria expectável. Quando voltou trazia um chocolate, um conjunto de três copos para vinho e uma embalagem de bolachas. Não trazia alhos.
O rapaz ia fechar a conta quando ela me perguntou se as azeitonas que eu tinha eram boas. Que sim, respondi. Diga-me só onde estão para eu não demorar muito a ir buscá-las, pediu-me fazendo também sinal ao rapaz para aguardar um pouco. Dei-lhe o meu frasco, mais por achar que as pessoas que estavam atrás de mim iam explodir do que por me sentir atrasado.
Depois de fazer as compras ela chamou-me. Tinha pedido um café num balcão ali perto da caixa mesmo sem saber se eu queria de facto bebê-lo. Mas bebi-o, enquanto mantive uma conversa animada sobre a razão de não ter posto açúcar, como é que costumo comer aquelas azeitonas, e fiquei também a saber que ela conduz sem ter carta de condução.
Ofereceu-se para me levar a casa. Não é preciso, respondi. A minha namorada vive aqui perto, conclui. E ela lá foi, com um estranho sorriso que nunca lhe saiu da cara durante este tempo todo. Não cheguei a perceber se fui propositadamente gozado ou não.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Lambidelas em grande



Via EclecticaErotica

A inocência dos brinquedos

Andy cresceu, amigos.



Todos adolescentes rolam os dados no colo.

Capinaremos.com

16 setembro 2012

Medida anti-troika: restaurante espanhol cria menu de 8 euros com stripper à sobremesa

Salvo melhor opinião



Cruzei a perna que não fora à toa que trouxera saia justa e meias de liga e o plágio da Sharon Stone tem efeito garantido. Reparei que ele mexeu a sua cadeira ligeiramente para trás para conseguir um melhor enquadramento visual da minha profundidade. Já quando para ler em conjunto a notícia que me indicara me debruçara sobre o seu jornal percebera os seus olhos a escorrerem pelo meu decote até me ensoparem o soutien.

E parecia-me certo que a traquitana do Hi5 para encontros pingava gajos que alinhavam frases escritas e uma meia dúzia de conversas à cata de substituir a insuflável de qualquer loja da especialidade por uma de carne e osso que era um objectivo similar ao que me trouxera aquele cafézinho para não gastar o meu tempinho a fantasiar um gajo de carnes rijinhas ávido por me lamber enquanto lhe tricotava caracóis nos cabelos e depois em soluços de pénis se introduzia em mim até descarrilar como se eu fosse a linha do Tua.

Com os dedos a dar a trigésima quinta volta ao papel do pacote de açúcar ele comentou a falta que fazia um elixir do amor que poupasse tempo e um monte de sarilhos às nossas vidas agitadas e retorqui-lhe que era uma pena não me conseguir embebedar. E perante a sua interrogativa mão direita a acolchoar-se ao fecho das calças precisei que as minhas hormonas me conduziam naturalmente ao sexo puro e duro salvo se ele ali presente visse inconveniente nisso.

Grandes males, grandes remédios




Via Dick Art

Osmar (IX)



Ricardo - Vida e obra de mim mesmo
(crica na imagem para abrir aumentada numa nova janela)

15 setembro 2012

A palavra de ordem de hoje


Webcedário no Facebook

Para quem não saiu à rua, pode saber aqui do que estamos a falar.

Homens, aprendam a reparar um buraco numa parede de pladur

«piano» - bagaço amarelo

Estou numa casa que não é minha. Não sei de quem é, para ser sincero. Sei que tem um piano e que entrei aqui com uma mulher que acompanhei desde um restaurante na baixa da cidade, enquanto os candeeiros das ruas cochichavam em segredo sobre nós. É natural que o fizessem. Eles têm-me visto todas as noites por aí, sozinho que nem um cão, à deriva pelas ruas labirínticas de Aveiro.
Convidou-me a entrar. Aceitei na condição de ter dois copos e uma garrafa de vinho, como que a dizer-lhe que esperava sentar-me com ela a conversar antes de irmos para a cama. Se é que vamos para cama, pergunto-me em silêncio. Ela estende-me um copo generosamente servido com um vinho que diz ser do Douro. Reparo nos dedos dela, que de tão finos me espantam por conseguirem segurar um copo tão grande e cheio. O piano deve ser dela. A pianista deve ser ela. Talvez a casa seja dela também.
Dou o primeiro gole e sento-me num sofá de um só lugar que me parece demasiado limpo para a roupa que trago vestida desde manhã. Ela puxa uma cadeira de madeira e senta-se perto de mim, talvez para evitar que as paredes ouçam a nossa conversa. Sou eu quem está mais desconfortável, apesar de tudo. Começo a sentir-me um monstro na casa duma bela qualquer. É a primeira vez que me apetece beijá-la.
Nada lhe falha nos gestos, como se os tivesse ensaiado uma vida inteira. Já eu, a pousar o copo na mesa de vidro da sala tenho que fazer três tentativas para não entornar vinho. O som do vidro com vidro parece-me uma bomba a atingir o solo. Fico nitidamente em desvantagem. Estou inseguro, intimidado. Ela não.
As mesas do restaurante estavam todas ocupadas. Ela chegou sozinha e perguntou-me se podia sentar-se. Foi o empregado que moderou o nosso encontro, assim que nos viu juntos. Pelos vistos somos os dois clientes habituais do mesmo sítio, apesar de eu nunca a ter visto na minha vida. Não sabia que eram amigos, disse ele. Eu também não, respondi. Ela sorriu. A conversa entre nós continuou a partir daí, do simples facto de estarmos juntos por uma casualidade. Jantámos, bebemos, saímos dali.
Pego no copo de novo. As marcas redondas que foi deixando na mesa de vidro fazem o símbolo dos Jogos Olímpicos. Costumo fazer isso várias vezes, pousar o copo de forma a fazer um desenho qualquer. Talvez, afinal, eu não esteja assim tão nervoso.É a primeira vez que me recosto para trás. Sinto o veludo do sofá a segredar-me coragem enquanto ganho ângulo suficiente para lhe ver o corpo quase todo. É bonita. Não sei bem de quem é esta casa, mas uma conversa com um bom copo de vinho é a melhor forma de o descobrir. Tocas Piano? E ela sorri.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Amor na carroça

Taça em bronze dos anos 20 do séc. XX, com 12,5 x 11 x 2 cm.
Em relevo, estão um soldado a abraçar uma senhora com chapéu de chuva, em cima de uma carroça puxada por um burro, observados por um cão e um gato. Em segundo plano , vê-se um homem em pé (a fazer o quê?) e outro sentado.
Esta carroça já chegou à minha colecção.

Um sábado qualquer... - «Criações»



Um sábado qualquer...