Estou a caminho dos quarenta e quatro anos e olho para a minha experiência como algo que contribuiu para a minha formação e o meu crescimento. Foi através, também dessa violência, que me tornei naquilo que sou. Entre outras coisas, um pacifista.
Não, não estou a dizer que devemos aceitar o bullying como se fosse uma coisa normal, deixando os putos agredirem-se mutuamente como se fossem animais numa jaula. Devemos, todos nós estar lá, presentes. Até porque, adivinhem, nós também fazemos parte da formação e do crescimento desses putos.
Da minha professora, de quem tenho saudades, levei uma chapada ou duas, mas não foi isso que me fez parar (bem, houve uma reguada que ajudou bastante). Foi a vida toda e o facto de ter crescido. Recuso-me a esta visão simplista e maniqueísta da violência dividir bons e maus. Isso é falso.
A revelação final que vos tenho a fazer, e que eu pensava que Darwin já tinha feito antes de mim, é que Adão e Eva nunca existiram. Nós vimos mesmo de um antepassado em que a agressão foi uma forma de organização social (hoje ainda é). Está escrito nos nossos genes, nos lóbulos frontais e temporais e também numa ou outra hormona.
A boa notícia é que se passa exactamente o mesmo com o Amor, que também é algo em que se evolui. Na verdade, se me lembro hoje de ter chorado e rido intensivamente muitas vezes, foi sempre por causa do Amor e não dos murros que dei ou levei. Esses foram apagados pelos abraços de quem me Amou e nunca me condenou a ser uma pessoa má.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»