23 outubro 2016

Luís Gaspar lê «Vi eu, minha mãe…» de Nuno Fernandes Torneol

Português moderno

Vi eu, minha mãe, andar
as barcas no mar,
e morro d’amor!

Fui eu, mãe, ver
as barcas nas ondas,
e morro d’amor!

As barcas no mar,
e fui-as aguardar,
e morro d’amor!

As barcas nas ondas,
e fui-as esperar,
e morro d’amor!

E fui-as aguardar,
e não o pude achar,
e morro d’amor!

E fui-as esperar,
e non o pude aí ver,
e morro d’amor!

E non o achei aí,
o que por meu mal vi,
e morro d’amor!

E non o achei lá
o que vi por meu mal,
e morro d’amor!

Português antigo

Vy eu, mha madr’, andar
as barcas eno mar,
e moyro-me d’amor!

Foy eu, madre, veer
as barcas eno ler,
e moyro-me d’amor!

As barcas eno mar,
e foi-las aguardar,
e moyro-me d’amor!

As barcas eno ler,
e foi-las atender,
e moyro-me d’amor!

E foi-las aguardar,
e non o pud’achar,
e moyro-me d’amor!

E foi-las atender,
e non o pudi ueer,
e moyro-me d’amor!

E non o achey hy,
o que por meu mal ui,
e moyro-me d’amor!

E non o achey lá
o que ui por meu mal,
e moyro-me d’amor!

Nuno Fernandes Torneol
Quase nada sabemos sobre este autor, cujo nome tem dado origem a alguma discussão. Seja como for, o que parece certo é Nuno Fernandes ter desenvolvido a sua atividade trovadoresca por meados do século XIII, muito provavelmente na corte castelhana de Fernando III ou Afonso X.
Este poema faz parte do iBook “Coletânea da Poesia Portuguesa – I Vol. Poesia Medieval”
disponível no iTunes.
Transcrição do Português antigo para o moderno de Deana Barroqueiro.

Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

«coisas que fascinam (213)» - bagaço amarelo

a sombra de um abraço

Existem histórias de Amor e da falta dele, histórias de vitória e de derrota, histórias de esperança e de desesperança. De certa forma, existem histórias de tudo, cada uma com vários momentos mais ou menos importantes. Esta é uma história ao contrário porque só tem um momento: o do primeiro abraço que dei na Bulgária. Na verdade, talvez nem seja bem uma história. É mais uma marca que me ficou no corpo como uma impressão digital, mas sobretudo na alma como um doce que se prolonga no tempo.
Numa das mesas do café estava um homem que não fumara um cigarro. Esquecera-se de o fazer e o tempo fizera-o por ele, deixando um longo e frágil pau de cinza preso entre os seus dedos. O seu olhar também estava preso na janela do bar. Do outro lado passavam sombras irrequietas e a luz do Sol colara-se ao vidro como o olhar curioso duma criança. Apesar disso, pareceu-me que o olhar dele ia mais longe, talvez para o infinito, como se tivesse posto debaixo da língua um pequeno selo de LSD e agora pudesse mesmo ver a criança de luz que nos espreitava.
As sombras das pessoas apressadas sempre me pareceram loucas. Se eu fosse uma sombra, não ia acompanhar alguém que corre na cidade por ter pressa de chegar a mais um dia ou momento efémero. Compreendo as sombras que vão para a cama com os seus donos, que fazem Amor com eles e que os acompanham preguiçosas deitadas na relva de um jardim. Nunca aceitei a fidelidade canina que faz uma sombra seguir um tipo stressado para o emprego, por exemplo.
Foi com este pensamento que ela chegou e se sentou à minha frente sem me beijar. Na Bulgária, uma mulher e um homem não se beijam se não se conhecerem muito bem. Por isso limitámo-nos a cruzar olhares e a dizer olá. Tive a breve sensação, no entanto, que a sombra dela me acariciou. Soube-me bem. Entretanto olhei para o homem na outra mesa do bar. O pau de cinza ainda lá estava.
Não percebi o que ela me estava a dizer. Os olhos dela eram negros como um poço sem fundo e eu mergulhei neles. Tentava tocar esse fundo com a ponta dos meus dedos, mas não conseguia. Era a solidão a empurrar-me para baixo e a voz dela abstracta à superfície. Quando finalmente me senti a afogar, esbracejei rapidamente para voltar à superfície. Respirei sôfrego e a voz dela penetrou-me como um gigante a penetrar uma virgem. Sangrei da alma, talvez por a voz vir acompanhada de um sorriso constante.

- Estás a gostar da Bulgária?

O que é que eu ira responder a uma mulher de quem não fazia a mínima ideia de nada, para além da profundidade dos seus olhos? Nada. Era uma pergunta de circunstância e eu não me sentia pronto para retórica e banalidades. Mudei de assunto.

- A clientela deste bar é só pedintes e pessoas sem-abrigo, não é? - Perguntei, enquanto olhava para o cigarro queimado pela terceira vez.
- É, por isso é que achei estranho quereres encontrar-te aqui com uma mulher que conheceste na internet...
- Senti-me bem quando aqui entrei a primeira vez. Também sou um pedinte, de certa forma...
- Por isso é que imigraste?
- Não. Primeiro imigrei para aqui, depois transformei-me num pedinte. Ainda não abracei uma mulher desde que cheguei...

Finalmente a cinza caiu como o galho duma árvore apodrecida. O homem acordou do que me pareceu ser uma espécie de hipnotismo, pousou a cabeça nos seus braços sobre a mesa e adormeceu de novo. A S. levantou-se e contornou a mesa num percurso de cinco segundos que me pareceram meia-hora. Abraçou-me e eu morri.
Quando ressuscitei ainda estava nos braços dela. Tenho esta sensação de que pedir, ser sem abrigo ou marginal numa cidade é muito mais do que precisar de comer. É também, talvez antes de tudo, precisar da sombra de um abraço.
Eu avisei que isto não era uma história. Era apenas um momento.
Ainda vou a este bar de vez em quando, ainda vejo a cinza a queimar lentamente nos cigarros dos pedintes, ainda me perco na profundidade do poço de solidão em que mergulhei antes desse dia. Sobretudo, ainda mantenho o esse abraço como um hábito regular.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

PI de Conã, a mulher-rã


Maitena - Condição feminina 50



22 outubro 2016

Eva portuguesa - «30 euros»

Oh, pá, a sério! Já não é o primeiro nem o segundo, e ainda por cima numa sexta feira à noite... não há pachorra!
Meus amigos, quando ligam a meio da tarde a saber as condições, fiquem esclarecidos que elas se mantêm durante todo o dia. Não adianta ligar à 1h da manhã a perguntar novamente os valores e quando eu (coerentemente) respondo "são as mesmas de há pouco, querido: meia hora 60, 1h 100".
Tentarem impor vocês os preços dizendo "não. Dou-te 30€"?! Ahahahahah!
Mas mesmo a sério?! Haja arrogância, prepotência e pobreza!
Quer dizer, querem usufruir de um serviço que eu presto e ainda impõem as condições?! Se não fosse patético, dava vontade de rir! Amanhã vou ao stand da Ferrari com essa técnica, à hora do fecho, a ver se resulta.
30€... puffffff! Vão alugar um filme porno com isso, pá!


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

«Boa como o milho!» - por Rui Felício

Há dias, a minha amiga Vera Duarte, Professora de História publicou esta fotografia, interrogando-se sobre a origem da expressão "Boa como o milho".
Prometi-lhe que a descobriria.
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INVESTIGAÇÃO
Confesso que me sinto exausto mas ao mesmo tempo satisfeito, por, finalmente, ter levado a bom porto o meu trabalho, após aturadas pesquisas histórico-cientificas, em que até o Carbono 14 foi utilizado.
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AS ORIGENS DA EXPRESSÃO “BOA COMO O MILHO”
Esta expressão remonta aos longínquos tempos da Antiguidade. Nefertiti, jovem Deusa egípcia, de uma beleza inigualável, raiando a perfeição suprema, a certa altura quis casar, o que, sendo normal nos seres humanos vulgares, não abona muito à propalada inteligência divina. Mas enfim, isso é outra história...
Mas seu pai (sim, porque os Deuses antigamente tinham família...) queria casá-la com um Deus rabugento, grosseiro e mal encarado ( antigamente os Deuses não eram todos belos...), muito mais velho que ela.
Nefertiti sofria, como é bom de ver, e propôs ao seu pai que lhe desse uma oportunidade de tentar casar com outro que não aquele que lhe estava destinado. O pai aceitou mas, matreiro (nos Deuses antigos também se encontrava esse humano defeito da matreirice...), disse à filha que ia realizar uma prova de selecção, com a condição de que se nessa prova ninguém a conseguisse realizar a contento, a bela Nefertiti acederia definitivamente a casar com o tal Deus rabugento e mal encarado.
E determinou:
Que fossem espalhados editais a convocar os candidatos à bela deusa, para participarem na prova de selecção do futuro noivo. Mas a beleza de Nefertiti era tal que no dia marcado apareceram dezenas de candidatos. Só então ficaram então a saber qual era a prova que teriam de realizar:
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A PROVA
A prova consistia em comer, num só dia, todo o milho que jazia espalhado em grande quantidade, numa enorme eira fronteira à casa do tal Deus. Raio de prova, pensou a maioria.
Impossivel! Desisto!, diziam alguns. Ainda por cima quase ninguém gosta de milho cru, diziam outros. E um por um todos foram desistindo abandonando descoroçoados o local...
O último dos candidatos ficou expectante e o pai de Nefertiti, perguntou-lhe:
- Então, és capaz de comer este milho todo?
O belo jovem, sorridente, que desde que nascera era doido por milho (certamente como macaco o é por banana...), perguntou:
- Se eu comer o milho todo, caso com a Nefertiti?
O pai da bela deusa, com um irónico sorriso, acenou afirmativamente com a cabeça.
O jovem candidato, já certo que iria juntar o útil ao agradável, lançou-se à sua tarefa de comer aquele milho todo, o que para ele era o melhor dos petiscos, exclamando eufórico:
- BOA!
e de seguida:
- COMO O MILHO!
E comeu-o... todo!

«Girls suck» (as raparigas não prestam... ou... as raparigas chupam)

Fivela de cinto com frase de duplo sentido e seta com… sentido único... na minha colecção.


A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

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Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

Filhos da pauta


Ontem à noite senti-me como um autêntico Rachmaninoff da pachacha. Até escalas perfeitas consegui sacar-lhe em gemidos.

Patife
@FF_Patife no Twitter

21 outubro 2016

Model Society Magazine - «O corpo humano não é crime»

"Muitas plataformas sociais consideram que o teu corpo nu é obsceno.
O meu marido diz: "É apenas o Facebook, querida"... mas não é apenas o Facebook.
Esta é a sociedade em que vivemos. Este é o clima de crítica e de vergonha que tu encontras quando compartilhas imagens de nudez humana como arte.
É punível que compartilhes imagens de obras de arte clássicas ou de um desenho académico ou até mesmo de uma mãe amamentando o seu filho.
A censura no Facebook é apenas um reflexo da batalha maior que tu irás enfrentar quando desenhares, pintares ou esfotografar um ser humano nu.
Nós não criamos estes corpos de nus artísticos para chocar, ofender ou despertar um desejo irracional. Criamos para que todos nós possamos vir a ver a nossa humanidade compartilhada como uma milagrosa obra de arte.
O que achas? O teu corpo nu é obsceno? É um crime compartilhar imagens artísticas da humanidade nua? Recuperar a experiência da beleza humana?"
Christa Maier
Model Society Magazine

«Rua» - Rubros Versos

Desde 25 de Janeiro deste ano, tive o enorme prazer de publicar neste blog, com a amável autorização do autor, a banda desenhada de Tiago Silva publicada em «Rubros Versos».
Como os blogs deste tipo não dão qualquer retorno financeiro, compreensivelmente o Tiago Silva deixou de fazer publicações em «Rubros Versos» e procura agora apoio financeiro numa página brasileira de crowdfunding.
Boa sorte, Tiago. E obrigada pelos 39 deliciosos momentos que me deixaste partilhar com os membros e membranas d'a funda São.

Tiago Silva

#issoétãofeio #camarinhaslowcost - Ruim




O mínimo que se espera de um gajo que tenha a mania de pôr a mão na anca de uma mulher ao falar com ela, é que lhe dê a outra mão e comecem a dançar kizomba.
Só para elevar o nível.

Ruim
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«Vamos experimentar algo novo» - Shut up, Cláudia!



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