Vi eu, minha mãe, andar
as barcas no mar,
e morro d’amor!
Fui eu, mãe, ver
as barcas nas ondas,
e morro d’amor!
As barcas no mar,
e fui-as aguardar,
e morro d’amor!
As barcas nas ondas,
e fui-as esperar,
e morro d’amor!
E fui-as aguardar,
e não o pude achar,
e morro d’amor!
E fui-as esperar,
e non o pude aí ver,
e morro d’amor!
E non o achei aí,
o que por meu mal vi,
e morro d’amor!
E non o achei lá
o que vi por meu mal,
e morro d’amor!
Português antigo
Vy eu, mha madr’, andar
as barcas eno mar,
e moyro-me d’amor!
Foy eu, madre, veer
as barcas eno ler,
e moyro-me d’amor!
As barcas eno mar,
e foi-las aguardar,
e moyro-me d’amor!
As barcas eno ler,
e foi-las atender,
e moyro-me d’amor!
E foi-las aguardar,
e non o pud’achar,
e moyro-me d’amor!
E foi-las atender,
e non o pudi ueer,
e moyro-me d’amor!
E non o achey hy,
o que por meu mal ui,
e moyro-me d’amor!
E non o achey lá
o que ui por meu mal,
e moyro-me d’amor!
Nuno Fernandes Torneol
Este poema faz parte do iBook “Coletânea da Poesia Portuguesa – I Vol. Poesia Medieval”
disponível no iTunes.
Transcrição do Português antigo para o moderno de Deana Barroqueiro.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa