Reconheço a tua voz grave,
Dos sonhos eróticos que tenho contigo,
Por vezes um sussurro aromático na eternidade,
Ecoa emoções de um único momento que contradigo...
A tua imagem enche-me o espírito,
Rumorejando desejos algures escondidos,
Que o meu corpo sacode num aperto lírico,
Maravilhado com o poder onírico desconhecido...
Sou culpada até provar a minha inocência,
Ergo o rosto e vejo o teu retrato absorto,
Cruzo-me com o teu olhar na breve carência,
Sem eira nem beira, esquecido no pó solto...
No espelho morde o reflexo,
De realidades paralelas, recordas?
Daquela vida eu apenas confesso,
O amor que memorizei na infância sem horas...
Cumpro sempre as ordens,
A não ser, quando as não cumpro,
Aquelas que inamovíveis se tornaram legado de homens,
E eu sentada no trono da vida, me pergunto...
De onde vem este sentimento,
De pertença a alguém que nunca vi,
Cujo rosto está esculpido no momento,
De uma história erótica que um dia vivi.
In Nostalgia em Folhas de Chá
Áurea Justo
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