"Um cartão da «BTT Team The Understands», para a tua colecção."
Carla Cristo
17 março 2016
16 março 2016
«respostas a perguntas inexistentes (330)» - bagaço amarelo
Amanheço com o dia. O que me distingue dele é que ainda não dormi.
Na montra duma loja chinesa, dois manequins femininos olham para mim com ar desconfiado. Estão vestidos de cores garridas e com quilos a mais de bijutaria barata. Perguntam-se porque é que, a esta hora da manhã, percorro sozinho as ruas da cidade com uma cerveja numa mão e um pão com um rissol de camarão na outra. Porque sim.
"Porque sim" é a resposta a quase tudo na minha vida neste momento, a não ser quando tenho que responder "porque não". Tenho quarenta e quatro anos e, tecnicamente, a vida nunca me correu tão mal. No entanto, acho que nunca estive tão bem. Percebo o que se passa comigo, o que me está a acontecer e o que devo fazer. Preciso de tempo e de alguma força. Os manequins chineses não merecem resposta. Avanço.
Acho que foram manequins assim que tentei engatar uma ou duas vezes, numa noite qualquer em que bebi mas não comi rissóis. É a busca do primeiro sexo, o sexo que se tem como se se jogasse computador, em busca de pontos até chegar o "game over" e ficar a olhar para um tecto branco sem palavras no corpo que queiram sair pela boca húmida da saliva alheia.
Talvez eu prefira o décimo sexo, aquele que não existe sem o décimo primeiro e por aí adiante. Aquele que deixou de ser uma reunião de tupperwares e passou a ser um vício, porque um corpo e uma presença alheia podem ser um vício quando se Ama. Quando se chega ao décimo sexo talvez se chegue ao infinito. Nunca se sabe, a não ser que não se chegue. É como a utopia.
Nas reuniões de tupperwares demonstramos que o produto é bom, funciona e merece ser comprado. No décimo sexo não demonstramos nada. Injectamo-nos de Amor nas veias e temos uma trip em que o tecto deixa de ser branco. É por isso que é o melhor, o décimo e a partir daí. Pelo menos até deixar de o ser.
O meu rissol não tem camarão mas tem muito creme. A minha cerveja não tem engate mas tem espuma. Consumo esta manhã como se consome qualquer outra coisa numa sociedade que já se chamou de consumo imediato, mas que agora se consumiu a ela mesma e parece perto de um fim qualquer. Já me apaixonei tantas vezes, talvez me apaixone mais uma um dia destes. Ou isso, ou terei o primeiro sexo dez vezes e por aí adiante.
Porque sim. Ou porque não.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Alma e coração
imagem minha sem permissão para partilhas |
Abre-se a porta imaginária do coração. O que seria do ser humano sem o coração? Que nos permite viver, sentir, amar...
Um coração sem alma de nada nos serve, que sejamos então pessoas de alma: ensinaram-me que a cor da da alma é o laranja. Começa- se por sentir um som de fundo, como se de um túnel viesse, até que te encontro. Não adianta sermos a luz de alguém sem alguém ser a nossa luz. De que adianta arrepiar sem arrepiarmos?
E foi num desses túneis que a minha retina dilatou, que o meu coração buscou a sua alma e ali estavas. Amar com orgulho.
Com dedicação.
Sem limites, sem restrições, sem impedimentos como uma melodia que insiste em encher-me os ouvidos e que eu não consigo parar.
O amor é uma segurança secreta, onde nos refugiamos e brincamos com os outros por não terem noção da nossa felicidade.
Se isto é certo? Quero que sim. Se não, devia ser. Pode ser errado, pode ser contra as marés, contra o sentido único, contra o sentido em que se escava um buraco...
Nunca durar.
Durar para sempre.
Um beijo.
Carne contra carne.
15 março 2016
Postalinho imobiliário
"Estava eu a ler o jornal «as Beiras» quando passei pela secção de anúncios de imobiliário...
... e pareceu-me ver, num dos anúncios, uma tipologia inovadora e original de tectos, que seria mais natural encontrar nas Caldas da Rainha do que na Figueira da Foz...
... e eram mesmo tectos totalmente fora do comum!"
Paulo M.
... e pareceu-me ver, num dos anúncios, uma tipologia inovadora e original de tectos, que seria mais natural encontrar nas Caldas da Rainha do que na Figueira da Foz...
... e eram mesmo tectos totalmente fora do comum!"
Paulo M.
Piropos de proximidade
Sou um viciado em piropos, assumo. Mas tenho tomates para criar proximidade com as destinatárias em vez de os cuspir à distância.
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
Dois casalinhos enroscados
Par de botões de punho metálicos com encaixe tipo parafuso... dos Estados Unidos da América para a minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
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14 março 2016
«Fode-me» - João
"As escovas varrem o vidro apressadas a tirar a água que cai do céu com força como se fosse eu a vir-me em ti, e eu tenho as mãos no volante, e eu tenho as mãos em ti, e deslizo na estrada como se deslizasse na tua cona, como se o teu corpo fosse manteiga ao qual não me conseguisse segurar sem as unhas espetadas na minha carne, como anzol, como aperto de tesão, e o telefone vibra, o meu corpo vibra, como tu vibras, como tu tremes, e eu não olho, não posso, mas quero, mas olho, e vejo, vejo que queres fazer tudo comigo, e eu de mãos no volante, e eu de mãos nas tuas mamas onde escreves fode-me com todas as letras e murmúrios, e queres fazer tudo, queres engolir-me o caralho entre os lábios húmidos, queres que me venha a chamar pelo teu nome como sedento por água num deserto qualquer, e de mãos no volante, e eu de mãos nas tuas coxas, e eu de mãos nas tuas nádegas a puxá-las para mim, a entrar mais fundo, a enterrar-me no teu corpo como se ele fosse terra a engolir-me, a chuva a cair no vidro com violência, eu a deslizar, os corpos a ir um contra o outro, eu a puxar-te o cabelo num movimento de aqui e agora, de o teu corpo ser tão meu quanto o meu teu, os corpos a tremer, um frio a tomar conta do calor, de uma cona que pinga, de um caralho que correu como um rio, e eu não posso, não quero, não devo, mas olho, e vejo, fode-me, dizes, fode-me."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
Postalinho de Peso da Régua
"Hospital da cidade do Peso da Régua, que foi fechado por causa da Legionella."
Pedro Miguel C. V.
Actualização fresquinha (16 de Março de 2016):
"Hoje teve mais capítulos."
Pedro Miguel C. V.
Pedro Miguel C. V.
Actualização fresquinha (16 de Março de 2016):
"Hoje teve mais capítulos."
Pedro Miguel C. V.
13 março 2016
Luís Gaspar lê «Invisível» de Al-Mu’Tamid
Invisível a meus olhos,
Trago-te sempre no coração
Te envio um adeus feito paixão
E lágrimas de pena com insónia.
Inventaste como possuir-me
E eu, o indomável, que submisso vou ficando!
Meu desejo é estar contigo sempre
Oxalá se realize tal desejo!
Assegura-me que o juramento que nos une
Nunca a distância o fará quebrar.
Doce é o nome que é o teu
E aqui fica escrito no poema: Itimad.
Al-Mu’Tamid
Al-Mu'Tamid Beja, Silves, Sevilha e Agmat (Marrocos), este o percurso de um príncipe que viveu no século XI e foi senhor de um dos mais brilhantes reinos muçulmanos da Península. Chamava-se Al-Mu'Tamid Ibn Abbad, era poeta e deixou alguns dos mais belos versos da Literatura árabe. Al-Mu'Tamid nasceu em Beja, foi governador de Silves, cujo castelo tomou em nome do pai, o rei da taifa de Sevilha, a quem mais tarde sucedeu no trono. Ibn Abbad foi o último rei da taifa de Sevilha. Os tempos eram de confronto entre os muçulmanos do sul e os cristãos do norte e a poderosa Sevilha situava-se entre duas sociedades guerreiras. Nesta guerra perdeu-se Al-Mu'Tamid, que morreu exilado em Marrocos.Trago-te sempre no coração
Te envio um adeus feito paixão
E lágrimas de pena com insónia.
Inventaste como possuir-me
E eu, o indomável, que submisso vou ficando!
Meu desejo é estar contigo sempre
Oxalá se realize tal desejo!
Assegura-me que o juramento que nos une
Nunca a distância o fará quebrar.
Doce é o nome que é o teu
E aqui fica escrito no poema: Itimad.
Al-Mu’Tamid
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
«respostas a perguntas inexistentes (328)» - bagaço amarelo
Nega-se a contagem constante do tempo, esse assassino de juventudes, para encostá-lo à parede e dizer-lhe violentamente que ele não interessa, que é apenas uma adereço como uma pulseira qualquer.
Quando temos um relógio no pulso é porque não damos por ele (o tempo) em mais lado nenhum, nem sequer no Amor que vamos vivendo da forma que sabemos ou, mais interessante ainda, da forma que não sabemos. Eu acho que às vezes o Amor me falha porque não uso relógio de pulso. Talvez quando usar um eu aprenda que tempo não faz um Amor.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
12 março 2016
Puro Êxtase - «Episódio 2 - Tomie Akemi e a Tatuagem Orgástica»
Dois brasileiros convidaram algumas mulheres a realizarem tarefas quotidianas, mas enquanto recebem sexo oral por baixo da mesa.
Hás-de ficar sempre solteiro...
Patife
@FF_Patife no Twitter
«Flagrantes esquecidos da vida real» - por Rui Felício
Esfregava os braços no corpo, batia com os pés no chão empedrado daquela esquina de um cruzamento de movimentadas ruas da cidade.
Chovia se Deus a dava e ela ali estava, na borda do passeio, sem arredar pé, encharcada até aos ossos.
A roupa ensopada colava-se ao seu corpo esguio de adolescente.
O tecido fino do vestido acompanhava a ondulação suave de dois seios pequenos, bem desenhados, das curvas das ancas e das pernas altas e firmes.
Apertava debaixo do braço dois livros escolares e um caderno, completamente empapados.
Não devia ter mais de dezasseis anos.
Abrigado a uns dez metros, sob o toldo de um café, observei-a. O cabelo preto escorria-lhe pela cara e pescoço, sobre os bonitos olhos azuis.
Pareceu-me que chorava, mas com a chuva diluviana que se abatia sobre ela, provavelmente não eram lágrimas. Era certamente a água da chuva que lhe escorria em bica.
A cabeça pendente, a boca entreaberta, o olhar triste, aquela rapariga misteriosa e com tão estranho comportamento era o retrato de uma figura trágica.
Sim, trágica era a palavra adequada para a descrever.
Tentei adivinhar qual seria a dor que a dilacerava.
Um desgosto de amor?
Um mau ambiente em casa?
O sofrimento de pais desavindos?
As dificuldades de uma família pobre sofrendo a crise e a austeridade?
Perdido nas minhas conjecturas, decidi-me ir ter com ela para a convencer a abrigar-se da intempérie e conversar, acarinhá-la.
Ainda nem tinha saído do meu lugar e vejo-a dar dois passos rápidos e decididos para a rua no exacto momento em que um automóvel se aproximava veloz do local. O chiar dos travões e uma forte buzinadela não impediram o violento embate que projectou o corpo da jovem a grande distância.
Pouco tempo depois o INEM chegou e ouvi dizer aos circunstantes que a rapariga estava morta. Não havia nada a fazer.
Dias mais tarde, investiguei e procurei descortinar as razões que estariam na origem de tão funesto desenlace.
Estive em casa dela, falei com os pais inconsoláveis, vi as confortáveis condições da sua habitação, mostraram me o quarto da moça, onde nada faltava.
Namorava e, segundo os pais, parecia feliz.
Só depois da sua morte os pais vieram a saber, através de alguns colegas da escola, quem era o seu namorado.
Um homem de quarenta e tal anos de idade. Um crápula por quem ela se apaixonara e que a obrigava a prostituir-se em seu proveito, chantageando-a sob ameaça de ir contar tudo aos pais.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Chovia se Deus a dava e ela ali estava, na borda do passeio, sem arredar pé, encharcada até aos ossos.
A roupa ensopada colava-se ao seu corpo esguio de adolescente.
O tecido fino do vestido acompanhava a ondulação suave de dois seios pequenos, bem desenhados, das curvas das ancas e das pernas altas e firmes.
Apertava debaixo do braço dois livros escolares e um caderno, completamente empapados.
Não devia ter mais de dezasseis anos.
Abrigado a uns dez metros, sob o toldo de um café, observei-a. O cabelo preto escorria-lhe pela cara e pescoço, sobre os bonitos olhos azuis.
Pareceu-me que chorava, mas com a chuva diluviana que se abatia sobre ela, provavelmente não eram lágrimas. Era certamente a água da chuva que lhe escorria em bica.
A cabeça pendente, a boca entreaberta, o olhar triste, aquela rapariga misteriosa e com tão estranho comportamento era o retrato de uma figura trágica.
Sim, trágica era a palavra adequada para a descrever.
«A prostituição através dos tempos na sociedade ocidental» Nickie Roberts, editorial Presença, 1ª edição, Lisboa, 1996 Colecção de arte erótica «a funda São» |
Um desgosto de amor?
Um mau ambiente em casa?
O sofrimento de pais desavindos?
As dificuldades de uma família pobre sofrendo a crise e a austeridade?
Perdido nas minhas conjecturas, decidi-me ir ter com ela para a convencer a abrigar-se da intempérie e conversar, acarinhá-la.
Ainda nem tinha saído do meu lugar e vejo-a dar dois passos rápidos e decididos para a rua no exacto momento em que um automóvel se aproximava veloz do local. O chiar dos travões e uma forte buzinadela não impediram o violento embate que projectou o corpo da jovem a grande distância.
Pouco tempo depois o INEM chegou e ouvi dizer aos circunstantes que a rapariga estava morta. Não havia nada a fazer.
Dias mais tarde, investiguei e procurei descortinar as razões que estariam na origem de tão funesto desenlace.
Estive em casa dela, falei com os pais inconsoláveis, vi as confortáveis condições da sua habitação, mostraram me o quarto da moça, onde nada faltava.
Namorava e, segundo os pais, parecia feliz.
Só depois da sua morte os pais vieram a saber, através de alguns colegas da escola, quem era o seu namorado.
Um homem de quarenta e tal anos de idade. Um crápula por quem ela se apaixonara e que a obrigava a prostituir-se em seu proveito, chantageando-a sob ameaça de ir contar tudo aos pais.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
11 março 2016
«coisas que fascinam (186)» - bagaço amarelo
A explicação é simples. Não me apaixono facilmente, mas desapaixono-me mais dificilmente ainda. Nas mudanças abruptas devíamos conseguir chegar a um cruzamento e virar noventa graus. Pelo menos, devíamos ter evoluído por aí.
Eu não evoluí. Salto de estrada para percorrer outro caminho, sim, mas as minhas estradas são quase paralelas. Percorro-as afastando-me muito lentamente da estrada que sempre percorri no passado e, ingenuamente, dou-me à esperança de voltar ao percurso anterior.
O Amor interessa-me assim, lento. Quando me encontro num caminho sem saída possível, é porque já o percorri durante muitos quilómetros.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
10 março 2016
Postalinho da mercearia do bairro
"Na mercearia do meu bairro, por 0,70€, é só pinoca nos ouvidos para toda a família"
Pedro Miguel C. V.
Pedro Miguel C. V.
A primeira vez dos brasileiros
Ensaio «Coisas eróticas - a história jamais contada da primeira vez do cinema nacional», de Denise Godinho e Hugo Moura (Editora Original Ltda, S. Paulo - Brasil, 2012) sobre o filme brasileiro «Coisas eróticas», estreado no cinema em 1982 e que foi o primeiro filme pornográfico (de sexo explícito) a ser exibido no Brasil e que teve um estrondoso sucesso.
Um livro recheado de episódios curiosos. Por exemplo, o primeiro cartaz do filme (ver abaixo) originou uma enorme debate sobre quem seria a proprietária daquele traseiro. Quase no final do livro, revelam-nos que... era um travesti.
Um pedacinho erótico da História do Brasil... na minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
Um livro recheado de episódios curiosos. Por exemplo, o primeiro cartaz do filme (ver abaixo) originou uma enorme debate sobre quem seria a proprietária daquele traseiro. Quase no final do livro, revelam-nos que... era um travesti.
Um pedacinho erótico da História do Brasil... na minha colecção.
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09 março 2016
«coisas que fascinam (185)» - bagaço amarelo
A aproximação física é um dos condimentos principais do Amor. Sem ela, estamos a comer um prato sem sal. Acho que consigo, com a devida e inerente margem de erro, perceber se duas pessoas vão estar muito mais tempo juntas. Depende da forma como se tocam quando estão próximas. Acima de tudo, depende do toque.
O nevoeiro que esta manhã cobriu a minha cidade de mistério dissolveu-se para me mostrar um beijo numa passadeira. Estavam ali, no meio duma rua deserta, a beijarem-se só porque sim. Como qualquer condutor que regressa do trabalho comecei por lhes chamar nomes. Ia buzinar e acender os máximos quando percebi que era um beijo.
Esperei talvez dez segundos. Deram as mãos, disseram-me adeus e desapareceram na imensa neblina.
Obrigado.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Sou vento em ti
imagem minha sem permissão para partilhas |
Sou vento que entra pela tua janela, embora fechada entra aquela brisa.
Num edredon verde água, agito as águas, agito-te os pensamentos, excito-te, mexo-te, abraço-te cheia de saudades.
Saudades de coisas que não foram apenas.
Nostalgia do que foi mais profundo que que o que se julga, o que se pensa na sociedade. Nós sabemos, que o vento que sou quando entro na tua casa, prova isso mesmo.
Não és arejado de pensamento, és pesado em memórias quem um dia voltarão.
Do meu mundo
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