Quando foi que demorei os olhossobre os seios nascendo debaixo das blusas,
das raparigas que vinham, à tarde, brincar comigo?...
... Como nasci poeta,
devia ter sido muito antes que as mães se apercebessem disso
e fizessem mais largas as blusas para as suas meninas.
Quando, não sei ao certo.
Mas a história dos peitos, debaixo das blusas,
foi um grande mistério.
Tão grande
que eu corria até ao cansaço.
E atirava pedradas a coisas impossíveis de tocar,
como sejam os pássaros quando passam voando.
E desafiava,
sem razão aparente,
rapazes muito mais velhos e fortes!
E uma vez,
de cima de um telhado,
atirei uma pedrada tão certeira,
que levou o chapéu do senhor administrador!
Em toda a vila
se falou, logo, num caso de política;
o senhor administrador
mandou vir, da cidade, uma pistola
que mostrava, nos cafés, a quem a queria ver;
e os do partido contrário
deixaram crescer o musgo nos telhados
com medo daquela raiva de tiros para o céu...
Tal era o mistério dos seios nascendo debaixo das blusas!
(Manuel da Fonseca)
Gostosamente tenso e grosso
de minúscula nascente.
E por fim, na incandescente urgência do desejo,