18 dezembro 2009

Ocaso (By: Florlinda Espancada)

Um travo de ti em qualquer tapete
em que o meu corpo se deite;
eu procuro-te em qualquer amante
que o meu corpo contenha e aceite
mas não encontro sequer atenuante,
nada sinto que a memória não suplante;
quando me enchem sinto-me ausente,
quando estou vazia, tudo em mim te sente;

Vem! Vem! Vem! Não faças caso
de mais vidas que estejam por viver
de mais almas que estejam por apreender;
aceito e submeto-te o meu ocaso.
Aceita e entrega-me o teu cansaço
pendura-o em mim, e passo a passo,
será casaco no meu peito - teu espaço;
mangas compridas para melhor te ter.

1000 lugares para conhecer antes de morrer


Alexandre Affonso - nadaver.com

17 dezembro 2009

Pássara aos saltos

Reproduzo uma pérola que encontrei no Expresso, e manifesto a minha solidariedade para com a senhora. Não me apetece recorrer ao supremo vernáculo, embora saiba que aqui o poderia fazer, mas isto é assim como... ter a pássara sempre aos saltos.

Original aqui.

Mulher sofre acidente e fica com libido insaciável

Um dano num nervo da pélvis, provocado por um acidente de automóvel, mudou para sempre a vida de Joleen Baughman: aos 39 anos sente um "insuportável" desejo sexual... 24 horas por dia.

O sismo desta madrugada explicado pelo Bartolomeu


"Seria... uma-e-tal da madrugada
Tremeu a terra, fodia eu, a minha amada
Gemeu, içou a cona enlangonhada
e disse: Oh, Bartolomeu, que foda tão bem dada!

De manhã, no carro, ouvindo o rádio:

Dizem as notícias numa voz muito alarmada
Ocorreu um sismo numa área afundada
Sorri-me e falei mentalmente ao camarada
Qual sismo, qual caralho, era eu, que fodia a minha amada!"

Bartolomeu

História do dedo apontado

Acordas-me e já não é de manhã, meu amor; será? Dizes que acabaste de chegar, que a viagem foi imensa, que estiveste nos extremos de tudo e de ti e que eu estive contigo. Não estive, meu amor. E tu sabes bem, porque me ouviste, várias vezes, chamar-te. Na mudança de estação pendurei-te no armário. Um dia, vais dizer que me afastei de ti. E eu sei que apenas me larguei onde me deixaste ficar. Mas não te vou explicar. Nem vai haver nada para explicar, porque eu, meu amor, acredito sempre em ti e , por consequência, nas tuas acusações.

Acasos


Encontros fortuitos,
acasos desencontrados,
o estar no sítio errado
à hora menos apropriada…

Tomarem-nos de assalto
o corpo e o coração
e deixarem-nos à deriva
quando menos esperamos
(acaso o esperamos?).

O tempo é de invenção
e enquanto o amor não acontece
contentamo-nos, talvez,
com as imperfeições
dos casuais eternos
mal amados...

Foto e poesia de Paula Raposo

O andaralho

Esta estatueta em bronze com 19cm de altura, da autoria de P. Leroux, chegou agora de França e nem mostra sinais de cansaço.
Tem uma serpente enrolada ao... tronco do... andaralho. E a serpente é amovível.
Mais um miminho para a minha colecção.




Jaxtraw especial na tal



Como seria de esperar, o desempenho no trabalho do Pai Natal começou a sofrer pelo tempo todo que ele gasta a fazer oh-oh-oh...

16 dezembro 2009

É só isto?

Eram de camurça e de um salto que, a mim, me parecia bastante alto. O cano ficava-te um pouco acima do meio da perna, não eram botas muito altas. As paredes eram de um cinzento bastante escuro, mas não chegavam a ser antracite, e o tecto, provavelmente falso em pladur, pintado de preto. Não era um preto amedrontado, muito menos um cinzento demasiado escuro, era um preto abissal, do mais preto que um preto pode ser. Com a iluminação imbutida junto aos rebordos, numa luz ténue, regulável, que jorrava pelas ondulações das cortinas brancas. Como brancos eram os lençois da cama e do edredon que a tapava.

Se o meu olhar fosse perfeitamente calibrado, poderia dizer que as tuas pernas se abriam de tal modo que os teus pés, fincados no chão com esse salto bicudo, distavam entre si uns bons cinquenta centímetros. Estavas sentada na beira da cama, do lado direito da cama para ser mais preciso, com os teus braços apoiados nas coxas e as mãos juntas. Pendendo a cabeça, os teus cabelos cediam à gravidade e tapavam-te o rosto. Longos, entre as tuas pernas, passavam o plano imaginário das coxas roliças e ondulavam ligeiramente. Porque o teu corpo, vivo, pulsava e respirava, e porque também as cortinas à tua frente ondulavam ligeiramente pela brisa que entrava, numa noite muito tranquila, quente, em que a porta do quarto para a varanda, deslizante e em vidro, de alto a baixo, estava totalmente corrida para o lado. A barreira entre o nosso universo e o mundo dos estranhos, se lhes desse para olhar e alguém lá fora estivesse, seria apenas um tecido ondulante com sombras mal definidas mas, porventura, sugestivas.

Observava-te enquanto, com o telefone encostado ao ouvido, ignorava as palavras que me dirigiam. Sei que respondi qualquer coisa como «Pode ser, obrigado» e desliguei. Nas tuas costas, e no lado oposto da cama, permaneci em pé, a ver o teu cabelo ondular. Deixei-me encostar à parede, flectindo uma perna e apoiando a maior parte do peso na outra. Cruzei os braços. O clique do telefone que pousei fez-te virar a cabeça um pouco para a esquerda. Com o olhar acompanhei o contorno das tuas pernas, passando por aquela curva que tanto aprecio, quando as coxas se transformam em anca e depois em cintura. Continuavas imóvel. E eu também. Qualquer palavra minha, ou gesto, podiam interromper os teus processos neuronais, as ponderações, as avaliações que estavas a fazer. Como balança, pesando isto e aquilo. O conhecido e o desconhecido.

Mas então, finalmente, cruzas as pernas. Primeiro uma, para abrir o fecho, no lado interior das botas. Depois a outra. Com a prática de muitos anos demoras o que a mim me pareceram pouco mais de dois ou três segundos para desapertar e arremessar o soutien para o chão. E com um movimento muito fluído, ao mesmo tempo que o teu corpo se levanta e começa a descolar do colchão, as tuas mãos agarram a reduzida tanga e obrigam-na a contornar primeiro os glúteos, depois a descer pelas coxas e seguidamente a cair abaixo dos joelhos. Quando te viras para mim ostentas já a tua nudez. Talvez, ainda, ligeiramente desconfortável. Porque com o teu braço esquerdo, flectido, seguras os seios. Lembro-me de estranhar, na altura, como protegias os seios e, no entanto, nada fazias para tapar a púbis. Geométrica no corte, perfeitamente tratada. Feminina, presente, vísivel. Os teus lábios, grossos e com gloss, brilhavam naquela luz tépida e chamavam ao beijo. Não me engano. Era tépida sim, aos meus sentidos. Pela côr, por alguns contrastes e pela temperatura do ar, que nos permitia uma nudez sem arrepio.

Estavas, então, virada para mim, nós os dois em lados opostos, tu praticamente encostada à cama, e eu do outro lado, ainda apoiado na parede cinzenta. Deixaste então cair os braços porque gatinhaste sobre a cama até a navegar à outra margem. Olhavas-me fixamente, e então sentaste-te mesmo à minha frente. Disseste das primeiras palavras desde que tinhamos ali entrado, passavam então mais de três quartos de hora. «É só isto?», sim, que era só mesmo aquilo. Era esse o plano, como que num momento de ilusionismo, sem antes nem depois, mas com um durante elástico que se estende na memória mas não rompe, nem faz tropeçar. «E se quiser mais? Ou tu, e se tu quiseres mais?», como saber, que dizer? Se se quiser mais, se houver mais, vai ser preciso encontrar outras paredes cinzentas e tectos pretos, vais ter de gatinhar novamente até mim, ou eu, até ti. Vais ter de vir ao meu encontro sem roupa para vestir, porque é assim que te quero. Vais ter de vir ao meu encontro nestas noites de calor, quando te posso olhar sem tremer. Mas é muito improvável que isso aconteça. «Porquê?», porque, tu sabes, isto só acontece uma vez. A seguinte seria sempre diferente, e a outra depois disso ainda mais diferente, e à vigésima já isto seria nada. Já não virarias a cabeça quando ouvisses o clique do telefone, nem a ondulação das cortinas conferiria qualquer magia a este cenário. Isto era coisa para acontecer uma vez na vida. Com muita sorte e inteligência, duas. Talvez até três, se a vida fosse suficientemente longa e os corpos ainda firmes na determinação da alma.

Recuaste na cama até ocupar uma posição central. Depois deixaste que te colocasse uma venda sobre os olhos, e embora tivesses as pernas e os braços soltos, quem mandava neles era eu. Segurando-te pelos pulsos, acima da cabeça, debrucei-me sobre ti e disse-te que na minha cabeça existia muito sexo, demasiado sexo, todos os dias, a todas as horas, e que já te tinha fodido vezes sem conta, mesmo quando não sabias, e até mesmo quando sabias. Soltaste uma gargalhada, num momento de descontracção, algo que ainda não tinha acontecido até ali, e perguntaste-me «E então? Sabes o que fazer comigo?». Pausei um pouco. Apenas um pouco. E depois respondi-te, “vamos vendo, pelo caminho”. Depois de respirares fundo disseste-me «Está bem. Estou pronta», e com isso deixaste os teus lábios brilhantes descolar, a boca entreaberta e um ligeiro movimento no pescoço, de quem espera algo.

www.geografiadascurvas.net

Sugestão musical



Não é tão contagiante como "I've gotta feeling" do BEP mas... tem uma sonoridade muito própria para além da riqueza da letra, claro.

Tiger in the Woods



HenriCartoon

Como fazer uma boa propaganda

Esse post é para vocês, aspirantes a publicitários.
O uso da mulher em uma propaganda é bom, é inclusive recomendável. Mas é importante saber utilizar a imagem feminina em uma propaganda. Por que às vezes ela pode acabar tomando conta do espaço publicitário, e ofuscando o produto.
Tenho dois exemplos, do uso correto e incorreto, de uma personagem feminina em um comercial. Primeiro o uso incorreto, vejam como o produto fica totalmente ofuscado, muitas pessoas nem sequer verão o produto:


Viram o produto? É uma propaganda da Pepsi. Tem uma latinha na foto, eu juro.

E agora o uso correto, vejam como o produto se encontra em uma posição de destaque:


Pensou em Vodka, lembrou 42 Below.

Espero que vocês tenham aprendido.

Capinaremos.com