14 abril 2010

Depois

Guardo um bocadinho para depois
parto-o do teu sono de corpo macio
divido-te os sonhos em dois
dou-te metade do meu silêncio.
Guardo um bocadinho para depois
para não sentir a tua ausência
sente-a a gaveta da minha fantasia
na página rasgada de um livro de heróis.
Guardo um bocadinho para depois
bocadinhos mansos de estrelas ao sol
dormem e esperam no meu céu de lençol
de peito a sonhar-se despido por girassóis.

E agora, que já não sabemos ser dois
o que guardo eu para depois?
Mostro-te o peito já queimado do sol
dos teus dedos nus nas minhas fantasias
magoado pelo frio do lençol
em lugar do teu corpo, nas tuas ausências.
Guardei um bocadinho de ti para depois
já gasto no ventre cheio de tanto silêncio
as pernas envolvem um convés já vazio
já nem naufrago resta para guardar depois,
na onda das ancas um toque de olhar macio
um colo que se alaga e te guarda para depois.

É a vez de Natália Bonnaud Nunes...

... ter a sua poesia erótica lida por aquela vozinha de ouro do Luis Gaspar.
É o

nº 48 da Poesia Erótica do Estúdio Raposa

Os cinco poemas que o Luisito escolheu serão brevemente publicados no livro «Chaves, fechaduras, sinos e outros simbolos», na Palimage Editores.
Pessoalmente, não classificaria esta poesia como erótica. Talvez apenas, "de raspão", o poema «Música». Mas essa é uma das características que tornam o erotismo uma delícia: depende de cada um de nós... e de cada momento...

Preservar a harmonia na relação com o simples apertar de um botão

As coisas azedaram entre os membros do casal, o último ramo de flores foi totalmente ineficaz, o makeup sex não é opção e paira já no ar a ameaça da inoportuna intervenção dos sogros como se de capacetes azuis se tratassem? Não desesperem!
Nesta imagem que a Paulinha há uns tempos me fez chegar por e-mail, propõe-se uma solução que promete eficácia total com o máximo de simplicidade. Segundo as instruções que chegaram em anexo ao aparelho, basta apontar à menina e pronto! Paz instantânea.

Leia atentamente as instruções do aparelho e em caso de dúvida ou persistência dos sintomas de crise, consulte um conselheiro ou um advogado.

13 abril 2010

Regressa a ti

Regressa, não deixes que se despeça de ti a pessoa que foste, a pessoa que és para lá das conjunturas e circunstâncias. Olha para dentro e recua no tempo para encontrares a pessoa que falta, adiciona à pessoa que ambiciona ser mais e melhor, acrescenta uma forma de sentir o amor que não queres perdida pelas vielas para onde a vida tentou empurrar, a pessoa que foste, a pessoa que és na essência, recupera a consciência e abandona esse torpor.
Regressa, vasculha o interior dessa alma inquieta e filtra enquanto desperta do sono apenas aquilo que te faça sentir mais feliz. Descarta tudo o que se diz e pega fogo às memórias malditas, incendeia as lembranças proscritas e redescobre-te no meio desse calor. Aprende a dar valor ao que verdadeiramente te interessa, não deixes que se despeça de ti a pessoa que foste, a pessoa que és para lá das contingências, de infelizes coincidências cujo preço já pagaste com o pouco que recebeste em troca de tanto que tens para oferecer.
Regressa, que o tempo está a passar depressa e essa tua viagem é de ida e volta.
E não deixes mais à solta essa pessoa que te fugiu, acredita que com o tempo aprendeu, neste presente mais perto do coração, o teu futuro mais certo.
A tua própria lição.

Beijo fatal


O beijo que anseio
é mesmo este - o teu - tão puro;
claro, transparente de ti.

Esse beijo quase me mata
- transcendente - fulminando-me.
É o beijo perdido
que me perturba, enlouquece
e me lança no abismo.

Beija-me enquanto inventas
o subterfúgio da fuga.

Foto e poesia de Paula Raposo

Abismos (By: Anzio Lìthica)

Atracção pelo abismo onde moras
morro na água, em cada reflexo
e mais morro se não me afogas
o abismo é um lugar sem nexo.
Mas quem ainda quer, tremendo,
esse nexo em todas as coisas
se sem a atracção, só vai morrendo
morrerei, mas de braços nas tuas costas.
Quem quem assim não sabe a morte
nesse abismo, não tem sabor a turbilhão
dou-te o peito, eu não invejarei tal sorte
e morrerei, assim mesmo, sem coração.




A Espadamorte


1 página

oglaf.com

12 abril 2010

Te quiero



HenriCartoon

O clítoris e a masturbação na rádio?! Pecado, dizem alguns!

Foi criado um Grupo no Facebook a que eu aderi - «O clítoris na RDP - apoio à crónica de Raquel Freire na rubrica Este Tempo»:
"A dezasseis de Março de 2010, na sua crónica semanal na Antena 1, Raquel Freire atreveu-se a falar do clítoris e disse a palavra masturbação duas vezes. Mas há a escuta e há a audição selectiva. E as notícias lá vêm dizer que há queixas ao provedor por causa da hora a que a crónica «sobre a masturbação feminina» foi transmitida. Quem gosta de cantos escuros manifestou-se. Agora é a vez dos que gostam de janelas abertas fazerem o mesmo.
Escrevamos ao provedor da RDP em defesa da nossa liberdade de ouvintes e de uma sociedade mais saudável na sua relação com o sexo e na sua capacidade de se exprimir. O clítoris também tem direito às ondas hertzianas!
As mensagens devem ser deixadas aqui:

http://ww1.rtp.pt/wportal/grupo/provedor_ouvinte/contactos.php"

Deixei uma mensagem ao provedor do cliente da RTP:
"Se querem uma sociedade saudável, tratem o sexo com naturalidade.
Pornográficas são a guerra, as ofensas pessoais, a violência, destruição da auto-estima, a corrupção, a intolerância, a hipocrisia, o terrorismo, a injustiça, o racismo,... não a sexualidade.
Tenho muita ...pena das pessoas que olham para o sexo como pecado. Considero-as doentes. Devem tratar-se... mas não tentem contagiar-me!"

Lê a informação sobre o caso na página do Provedor do Ouvinte. E a notícia no «Correio da Manhã».

«Terapia matrimonial induzida» pela Kikas

A propósito de pesquisa feita a casais com mais do que o 9º ano, o Santoninho falou-nos dos "casais que vão almoçar fora ao domingo e passam duas horas no restaurante sem se falarem".
A Kikas deu a solução:
"Mas nós quando assistimos a cenas dessas em restaurantes, temos uma obrigação «pedagógica» de resolver o assunto e incentivar os casais ao diálogo.
Há uns tempos atrás, estava eu numa esplanada com uma amiga e assistimos incomodadas a uma «cena muda» entre um casal. Ele lia «A Bola», ela bebericava um refresco de uma mixórdia qualquer e fumava cigarro atrás de cigarro. Duas horas após, e profundamente intrigadas com aquele tipo de relacionamento, resolvemos fazer «marcação cerrada» ao dito cujo. Quando a madame topou que «A Bola» deixou de ser prioritária, arregalou os olhos, arrumou o SG filtro na mala D&G de contrafacção e começou a falar. Passou um minuto e ei-los apressados a caminho do seu Audi A4, dialogando entusiasticamente. De certeza que há meses não tinham uma conversa tão estimulante.
Chama-se a isto terapia matrimonial induzida!"

Sofia (By: Anzio Lìthica)

Sofia
mora na estrada pasmada
na esquina da nostalgia
na casa construída em escada
na porta, o nome Sofia.
Um lance, um milímetro por dia
Sofia, em sua escalada,
perdeu-se enquanto subia
em cada lance que trepava
descobria que trepava por nada
Sofia subia e logo descia
a cada nada onde chegava.
Sofia
viveu na rua esmagada
na vila tragédia da ironia
na casa nunca habitada
sem porta, o nome Sofia.

Lingerie Football League

Papagaio azarado


Alexandre Affonso - nadaver.com