06 fevereiro 2011

Paixões



A paixão pode ser um adorno
e nós os seus dedos anelares,
semi-preciosos, enterrados
bem fundo nas carnes;
as rotundas intermináveis
as vagabundas indomáveis
oscilam em movimentos
e tempos bem ritmados,
sabem que são dádivas,
pacientes e ávidas,
das espirais contra a letargia;
eu nunca desmentiria
sequer uma sombra do anelar,
sequer por mil anos,
de manhãs sem arestas...


Bryan Ferry - «You Can Dance»

«Subitamente ao acordar» - por Rui Felício


Está em minha casa desde há quinze dias...
Quando acordo e acendo a luz, ela ignora o frio, abre a caixa onde guarda as pinturas e os cremes e começa a maquilhar-se, a pentear-se. Parece que receia que eu a veja descomposta.
Ainda meio ensonado, vejo-a sorrir para mim, entreabrindo aquela boca bonita. Mesmo com este frio, veste-se com uma lingerie finíssima azul celeste, transparente, que me deixa entrever, por baixo, o corpo esbelto, bem desenhado.
Sentada em frente ao espelho da cómoda do quarto, passa o baton vermelho cereja nos lábios, com uma precisão milimétrica.
Com maestria, revira as pestanas e engrossa-as com rímel. Vou correndo o olhar pela pele lisa das suas costas, pela curva côncava da cintura, pelos longos cabelos louros encaracoladas caídos ao longo do corpo.
Ainda deitado na cama, observo-a a pintar as pálpebras com um pó esverdeado que lhe realça os lindos olhos azul marinho.
Lentamente, pega na escova e corre-a pelo cabelo sedoso, demoradamente. De vez em quando, suspira suavemente.
Volta a sorrir-me, deixa-me indeciso...
Mas não! Já estou atrasado.
Levanto-me, visto o roupão e dirijo-me para a casa de banho. Ouço-a desejar-me um bom dia, numa voz gutural que parece vir das suas entranhas.
Não lhe respondo.
E desligo o interruptor daquela linda boneca automática, a pilhas, que são activadas pela luz e que eu comprei para oferecer à minha neta quando ela cá vier.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações

A pancada de Paulo Sérgio



HenriCartoon

Ser social... e sociável

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05 fevereiro 2011

«Lírica para queimar» de Galo Porno (Rodrigo Coelho dos Santos) - extractos dos Volumes IX e XI


A Daisy e o Alfredo Moreirinhas passeavam na Guarda e viram "numa feira uma banca que toda a malta contornava. Parecia que o homem tinha lepra". Ambos os livros têm gatafunhos que é suposto serem dedicatórias à Daisi.
Um excerto dos extractos do vol. IX (pág. 39):
"quando pequenos bebemos muito leite para grandes o ejacularmos, assim dos homens nascem obras cândidas e gordas enquanto das mulheres obras gordas e cândidas também; assim do homem o falo é o símbolo enquanto da mulher o mamilo erecto. a ambrósia da vida o leite da fecundação traz prosperidade e saúde aos deuses que se tornam humanos no orgasmo; e sempre que uma criatura geme espumante de prazer uma ejaculação se celebra como fonte do ser vivo"
E um excerto dos extractos do vol. XI (pág. 39):
"Logo me lembrou o peito minha amada ponderando o modo como lhe havia isto de dizer: bombom, fui a um bailarico e vi o pessoal dançar. O João e o Ramón atacaram separando um casal de fêmeas e unindo cada parte a si até ao final duma esplêndida sequência sem paragem dos grandes êxitos de Emanuel, seguida mais tarde duma de Quim Barreiros: chupa a Teresa, rapaziada, e nós pimba, aquela que houve de dar o nome ao estilo de música portuguesa pop-pular, digna unicamente de ser cantada à noite por um mariolas sob uma tempestade de labregos mijões com cheiro a cerveja esporrada".
Obrigada, Daisi e Alfredo Moreirinhas, por mais estes dois miminhos para a minha colecção.

Jardim

No acoitar pleno da noite
vislumbro um eco:
já não é saudade,
é só uma flor
desabrochada
de um jardim
outrora meu.

Poesia de Paula Raposo

Será que assim haverá quem compre cigarros electrónicos?...

Assumir...



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04 fevereiro 2011

Postalinhos fresquinhos do Eros Porto

A nossa sexóloga favorita, Vânia Beliz, está por estes dias na feira Eros Porto 2011.
E mandou-nos estas fotos da Feira, tiradas pelo André C. (um excelente fotógrafo, diga-se, que se fosse eu as fotografias ficavam todas tremidas):










A Vânia Beliz (à direita, para quem sobe) com a Ana Monte Real (à esquerda, para quem continua a subir) e a Carla Cox (deve soar mal, alguém dizer-lhe "I love Cox").



Tomem lá, meninas não lésbicas, antes que peçam o livro de reclamações. Também há lá machos.

Agridoce

Encostou-a à parede e levantou-lhe a saia, fincando os dedos nas nádegas generosas. Sem parar de a beijar na nuca, no cabelo e no rosto, desapertou as calças e deixou-as cair pelas pernas, uma urgência, e começou a fazer pressão com o seu corpo no dela para que o percebesse pronto e capaz.

Apenas desviou para o lado a parte das cuecas que lhe atrapalhavam a rota e seguiu o seu caminho, por dentro, até onde nada mais havia para percorrer.
Pressionada contra a parede ela nada mais podia fazer, nem queria, do que deixar-se ficar ali a sentir-se mulher à sua maneira que era a de se entregar por completo quando confiava.
E ele bem se mostrava merecedor, um perfeito conhecedor que se revelava num apurado sentido das proporções, firme mas gentil, forte mas meigo o bastante para que ela se quisesse impotente para o travar nas suas investidas.

Tic... Tac... Tic... Tac...


O tempo tem manchas, não passa sem nódoa, sem cheiro,
quanto mais ele me beija, mais se enrugam os meus lábios...
Mas, se não me beija, apenas fico de olhos vazios,
olhos sem calor de Agosto ou frio de Janeiro...
Beija-me, Tempo, somos mais que retratos fugidios,
mais que pretos e brancos, somos cores, calores, frios...


Devia haver sempre sobressalentes!


A cidade imaculada


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