27 maio 2011

Atrevimento

Divagar é ausentar-me do ventre, ventre-eu ou ventre-Mundo. Divagar é ausentar-me do ventre, ventre-espaço ou ventre-tempo. Divagar é viajar sem dimensão, sem tamanho; quando volto, escrevo; quando não volto, deixo as mãos, elas escrevem, intermitentes. E agora, meu amor, agora que me atrevi a divagar por ti, agora que me atrevi a traduzir o Amor - julgo, será este o maior dos atrevimentos humanos - agora, de que tens ainda medo, a que julgarás tu que eu não me consiga atrever?

Como disfarçar a barriguinha com maquilhagem

Movimentos do rato do computador

Não adianta dizer que não, eu sei que com você é assim também.




E provavelmente em visita a uma página de entretenimento adulto.

Capinaremos.com

26 maio 2011

Pink Freud, please!



- Doutor Segismundo, o meu namorado é professor universitário e gosta muito de fazer citações filosóficas enquanto fazemos sexo.
- Concordo que essa situação é desconfortável porque pode ser incompatível manter simultaneamente a actividade intelectual e a actividade hormonal (em linguagem mais abrangente, a menina fica com os neurónios fodidos, certo?).
- Nem mais, ainda ontem, estava eu prestes a …, diz-me ele ao ouvido: "As novas gerações estão dentro dos colhões e o novo Portugal, nasce dum tomatal".
- Deduzo que seja uma citação dum filósofo contemporâneo…
- Ele desculpou-se, dizendo que é uma corrente filosófica pós-socrática mas já na semana passada, fazia citações de enrabadelas legislativas e minetes eleitorais. Arranjo outro namorado ou aguardo pelo fim da campanha eleitoral?
- É sabido que todos os professores universitários fazem citações durante o sexo. Porém, pelo seu relato, adivinho que esteja perante um caso terminal, o próximo estádio trará uma impotência insofismável!
- Conheci um trolha, que me anda a assentar um soalho flutuante, lá em casa ...
- O trolha não me parece boa ideia. Por norma, é o tipo de homem que mais não conhece que a “Alegria da Caverna”. Só querem sexo, sexo, sexo, de preferência em cima do andaime, e quando a mulher dá por si, está dentro de um contentor a protagonizar "A Divisão do Trabalho Sexual" (do Emílio Murcheim) com o grupo da comissão obreira local — haja betoneira que aguente! De mais a mais, não são pessoas que gostem de cimentar relações e, julgo eu, a menina quer mudar para algo sério.
- O que me apetece, sei eu ... apetece-me ser Bárbara e mandá-lo já a Guimarães (que é abaixo de Braga).
- Isso seria uma opção terminal. Pode ainda tentar o seguinte: comece a recitar a tabuada toda, combatendo as estiradas filosóficas com o estigma da apócope dos números. Ou então espanque-o severamente com "O Capital" do Marx durante o acto. Ou exija ter relações apenas durante o concurso "O Preço Certo".Ou declame-lhe poesia do Ruy Belo... não lhe faltam opções, minha querida, para alterar o seu desconforto.
- Concordo Doutor mas, em todo o caso, vou também consultar a "Caras", onde há sempre tantos e tão úteis conselhos para mulheres insatisfeitas com as políticas sectoriais do pirilau.
- Minha querida, há também outra alternativa que seria manter ambos. A sua vida sexual percorre uma grande distância entre estes dois modelos antípodas, ou, no caso em questão, antíphodas... de facto, para uma mulher, ele há alturas em que apetece jantar romântico, bem amesendado com cabernet sauvignon regado por laivos de grandiloquência, mas há outras, para ser agarrada pelos cabelos, cingida sobre o capot de um velho automóvel estacionado junto ao estaleiro da obra e possuída dessa forma frugal e singela, mas muito revigorante.
In extremis, mantenha os dois e vá à procura de mais...

Soft Paris - anúncio «Frutas sensuais»

Bem vindos ao... Campo da Rata!

Se explorando os contornos da Torre de Hércules, n'A Corunha, avistarem uma extensa área de vegetação razoavelmente aparada e relativamente frequentada, então encontram-se no Campo da Rata.

Acrescento ainda que é um local extremamente aprazível, onde vale sem dúvida a pena dar uma voltinha, nem que seja para desenferrujar o corpo ou praticar exercício, em modalidades à escolha de cada um.

Fodida na boca


25 maio 2011

O (eco)ponto final


Ficou a observar à distância que o tempo lhe permitia aquele passado que desconhecia quando estava presente naquilo que acreditava ser o princípio de imensos amanhãs.
Percebeu o que não percebia por entre o breu do que lhe dizia a imagem distorcida pelo calor da sua paixão assolapada, a cegueira que cobria os ângulos menos bons destapada pela poeira que entretanto assentou.
Ficou a ver o quanto lhe passou ao lado naquele tempo falsificado pelas emoções que transcendiam as desilusões no confronto directo, o olhar mais atento sobre os pormenores desconexos que a lógica desarmada pelos sentimentos complexos impedia de descortinar por entre a realidade paralela para lá do véu pintado da cor do céu despido das nuvens que afinal já o cobriam então.
Ficou a olhar, vendado o coração, as imagens que conseguira conservar desse tempo até chegar ao momento em que a mente lhe recomendou a abordagem ecológica, a reciclagem psicológica de todos os detritos acumulados.
Passou, então, a colocar cada imagem, cada emoção, no seu devido lugar. Espaços imaginários pintados nos tons necessários para distinguir o lugar mais indicado para despejar o que apenas atrapalhava a arrecadação atafulhada com caixas de papelão poeirentas.
Despejou no contentor verde os cacos do amor de verdade que afinal apenas sonhou e depois dirigiu-se ao amarelo para lá deixar cada imagem que percebia não passar de uma embalagem para presentes envenenados, para momentos condenados pela sua autenticidade de loja do chinês, plásticos baratos dos quais se desfez com enorme alívio interior, pintados com tintas tão tóxicas que faziam lacrimejar como cebolas aquele olhar de crocodilo que sorria para a objectiva fotográfica da memória que lhe permitia agora entender toda a história como uma fantasia juvenil que rasgava para dentro do espaço azul, o papel secundário, o mesmo que lhe merecia quem achava que podia escolher o elenco a seu bel-prazer e o guião gatafunhado com frases de um amor inventado à medida de um ciúme que dava jeito como um magneto instalado no peito para manter interessado um outro alvo qualquer do seu coração de metal e para manter as aparências que disfarçavam as evidências de uma natureza batoteira, profundamente desleal.

Janela Indiscreta

A lua espreita à janela da sua casa de nuvens feita de Janeiro
a Lua acende a luz do seu candeeiro
e espreita; só quando a Lua é beleza indiscreta
se mostra tão esplêndida, tão perfeita.
Ainda faltam onze dias para o mês de Fevereiro
mas o mistério da Lua já seduz, já despe o mês inteiro,
o que ainda lá vem, já a Lua nos grita
e dita; escuta e vê e sente e escreve, acredita, Poeta!

Um presente que salta



Não sei se há estes PopMate à venda por cá. Encontrei-os no Brasil.

Parabéns, letrinhas do Webcedário!

"A Editorial Bizâncio tem o prazer de o/a convidar a participar na verdadeira sopa de letras que será o lançamento do livro «Webcedário», dia 2 de Junho, pelas 18h30 nas Docas (Espaço Artes & Etc, Doca de Sto Amaro - Lisboa).
Venha passar um bom bocado na companhia das vogais mais sonantes e das consoantes mais famosas das redes sociais.
Descubra o poder das letras e, entre muitos copos, graças e graçolas e alguns desafios divertidos, descubra como afinal não é precisa muita ciência para se pertencer ao mundo das letras!"

24 maio 2011

Sátiras e erotismos de versos despidos - noite com poemas

O nosso Mestre Dom Orca organiza as Noites com Poemas e, para a 64ª edição, juntou dois temas que tanto se atraem como se repelem: sátira e erotismo.
Foi uma bela noite, com a sala bem composta para ouvir o Jorge Castro a declamar poemas, o Capê a apresentar o seu livro «Ó Simpático, Vai Um Tirinho?» e a nossa Miss Joana Well, que se apresentou e ao seu livro «Brinquedo de Estranhos, Marioneta de Sonhos» de forma literalmente brilhante.



Depois de um breve intervalo para autógrafos, os resistentes gramaram com algumas músicas da Tuna Meliches, numa verSão MineTuna (Paulo Moura e Carlos Car(v)alho). A malta alinhou toda no karalhoke, atenuando um pouco os falsetes do Paulo «Cigano» Moura.



O Eduardo Martins leu este poema de sua autoria, dedicado à noite de versos despidos e com bolinha vermelha ao canto superior direito (para quem entrava... embora ali ninguém entravasse ninguém):

"Soneto experimental

Neste mundo em que me meto
De desnudada temática,
Não tendo nenhuma prática,
Atiro-me logo a um soneto!

Escrita de Versos Despidos
Em Sátiras e Erotismos?
Onde estão os moralismos
Em que fomos instruídos?

Versos Despidos, com o frio,
E a neblina matinal!
E o vento que vem do rio!

Eu não lhes desejo mal!
Não os quero fracos, sem pio,
Vistam-se! Ponto final!

Eduardo Martins
Carcavelos, Maio 2011"



No blog Sete Mares, do OrCa, têm uma reportagem bem mais completa.
E a Miss Joana Well pôs por escrito o que lá disse... para quem não pôde estar presente.

Comprida-metragem do Ricardo Esteves

"Bonito, bonito..."

«Um dia no escritório»