15 março 2013

O segredo

Desenho-te curvas, reentrâncias húmidas,
nessa tela transparente onde me revejo nua…
São tuas estas mãos que te possuem
e este corpo inteiro que te circunda
como a brisa primaveril despertando-te
do sono profundo de Inverno…

Bebo-te a seiva que me escorre fluida e morna
em cada linha da pele invisível que me veste a alma.
Conheço-te o sabor a chuva e a terra queimada,
viajei nos teus movimentos perpétuos, curvilíneos,
bailarina que ama o sol mas seduz a lua!

Numa bipolaridade secreta acaricias-me o rosto cansado
enquanto deslizo para o teu colo sereno e verdejante!

O verdadeiro «cara de caralho»!



Via Dick Art

14 março 2013

Decameron: O véu da abadessa

(...) Sabei pois que havia na Lombardia um mosteiro cuja santa piedade assegurara a sua reputação. Isabetta, uma das religiosas que lá se encontravam então, era uma jovem de sangue nobre e de grande beleza. Um dos seus parentes foi um dia visitá-la à grade do parlatório. Acompanhava-o um rapaz de boa aparência, por quem Isabetta se apaixonou. A grande beleza da freira e o desejo que brilhava nos seus olhos inspiraram o mesmo ardor ao rapaz, e ambos sofreram durante algum tempo em silêncio essa paixão. Por fim, o jovem descobriu maneira de ver a freira secretamente e isso foi-lhes tão agradável que acharam maneira de repetir tais encontros.
    A intriga continuava assim. Uma religiosa, porém, surpreendeu uma noite o apaixonado no momento em que este se despedia da amante e participou a sua descoberta a outras freiras. A primeira ideia que lhes ocorreu foi comunicarem o que se passava à superiora, Usimbalda, que era, na opinião de todos quantos a conheciam, uma boa e santa criatura. Pensando melhor, acharam, porém, que seria preferível fazer com que a abadessa a surpreendesse com o amante e assim ela não pudesse negar o facto. Calaram-se pois e combinaram umas com as outras vigiarem-na alternadamente, a fim de a apanharem em flagrante delito. Isabetta, sem desconfiar de coisa alguma, mandou certa noite chamar o amante, facto de que as freiras que a vigiavam logo se deram conta. Quando o momento lhes pareceu propício, dividiram-se em dois grupos. Umas ficaram a vigiar a porta da cela, enquanto as outras correram ao quarto da abadessa e bateram à porta. Quando a superiora respondeu, as freiras insistiram:
   - Depressa, madre, depressa. Descobrimos um homem na cela de Isabetta.

Giacinto Gaudenzi

   Ora, nessa noite, a abadessa estava precisamente acompanhada por um padre que muitas vezes dava entrada no seu quarto metido dentro de uma arca. Ouvindo todo aquele barulho e receando que as freiras, com o entusiasmo, empurrassem a porta, saltou da cama e vestiu-se o melhor que pôde mesmo às escuras. Julgando, porém, que pegava no véu que as religiosas usam na fronte e a que chamam psaltério, pegou nas ceroulas do padre. A sua precipitação era tal que, sem dar por isso, as ajeitou na cabeça em vez do psaltério e saiu, batendo com a porta e perguntando:
   - Onde está essa maldita de Deus? E seguiu as freiras que tanto ardiam em desejos de apanharem Isabetta em falta, que nem repararam que a abadessa trazia aquele estranho véu. Usimbalda chegou à porta da cela de Isabetta e, com a ajuda das irmãs, arrombou a porta. Lá dentro, as freiras encontraram os dois amantes deitados e abraçados. Estupefactos e sem saberem que atitude tomar, a freira e o jovem não se mexiam. Isabetta foi então agarrada pelas outras e conduzida ao capítulo. O rapaz, tendo ficado só, vestiu-se, e pôs-se à espera dos acontecimentos, decidido a vingar-se de todas as que lhe passassem por perto, se alguma fizesse mal a Isabetta, e depois de levar a amante para longe dali. 

   A abadessa tomou o seu lugar no capítulo, em presença de todas as freiras que não olhavam senão para a culpada, e começou  por dizer a Isabetta as piores injúrias que jamais foram ditas a uma mulher, acusando-a de desacreditar a santidade, a honra e o bom nome do mosteiro, se tal escândalo viesse a transpirar lá fora. Às ameaças seguiram-se as injúrias. envergonhada e cheia de medo, a jovem parecia consciente da sua culpa e o seu silêncio começava a inspirar piedade às companheiras. A superiora continuava a falar, quando Isabetta levantou por fim os olhos e viu o véu da abadessa e os cordões que caíam de um e de outro lado. Percebeu logo do que se tratava e disse-lhe tranquilamente: - Madre Superiora, Deus vos tenha na sua Santa Guarda! Atai o vosso toucado e depois então dizei o que quereis. 
   A abadessa, que não a entendia, disse: - Que toucado, miserável? Tens o topete de gracejar num momento destes? Achas que o teu crime dá vontade de rir? - Madre - disse Isabetta uma vez mais - peço-vos que ateis o vosso toucado. Depois dizei então o que quereis.    Várias freiras olharam então para a abadessa, e a boa senhora, que também levara as mãos à cabeça, compreendeu logo o motivo por que Isabetta falava assim. Reconhecendo o seu erro e vendo que as presentes o haviam também reconhecido, compreendeu que não podia mais ocultá-lo. Mudou então de tom e acabou por dizer que ninguém podia defender-se dos aguilhões da carne. Concluiu dizendo que cada qual devia ocultar o melhor possível o seu prazer, como até aí se tinha feito. A abadessa mandou pois soltar Isabetta e voltou para o leito, onde o padre estava à sua espera. Isabetta fez o mesmo com o amante, que ali voltou muitas vezes, apesar dos ciúmes que isso provocava. As freiras que não tinham apaixonados esforçaram-se logo por arranjar, o melhor que puderam, as suas intrigas secretas.

Decameron, Nona Jornada - Segunda Novela  (tradução de Urbano Tavares Rodrigues)

blog A Pérola

«À falta de bico» - Patife

No outro dia abri a gaveta da minha secretária antiga de madeira e encontrei uma caneta sem bico. Precisava desesperadamente de uma caneta e aquela era a única caneta em casa. E estava sem bico. Naquele momento identifiquei-me de imediato com a caneta. Ainda olhei para baixo da secretária numa vã esperança mas nem vestígios de bico. Escusado será dizer que a ideia se plantou na minha mente com tal intensidade que saí à rua pronto para arranjar um bico e emendar a situação. Claro que quando dei por mim estava a tentar arranjar um bico, não para a caneta, mas para mim. Distraio-me muito facilmente. Sentei-me então numa esplanada do Chiado a avaliar potenciais sugadoras de sardões até que uma moça ficou instantaneamente caidinha por mim. E não estou para aqui a brincar às metáforas e com os seus efeitos de transposição. Eu tinha as pernas estendidas na esplanada, ela tropeçou em mim e ficou de joelhos prostrada a meus pés. Apressei-me a ajudá-la a levantar, pedindo desculpas pelo sucedido e aludindo ao tamanho exagerado dos meus pés, claramente a ver se ela estabelecia uma ligação à teoria que indica que o tamanho dos pés de um homem é proporcional ao tamanho do seu bacamarte. Quando a estava a levantar cheguei mesmo a dizer-lhe: Sempre posso contar aos meus amigos que uma mulher sensual ficou caidinha por mim esta tarde. Ela sorriu de forma tímida enquanto olhava para os joelhos esfolados. Confesso que também eu olhei, com elevada dose de preocupação, note-se, para os seus joelhos esfolados. Mas foi a pensar que isso iria dificultar o acto de ela me mamar no Pacheco. É que sou um homem com princípios e custava-me muito imaginá-la de joelhos no soalho debaixo da minha secretária a fazer-me o bico desejado, com os joelhos naquele estado. Por isso, quando a levei para minha casa para lhe fazer um curativo, tratei de lhe meter, estrategicamente, uma almofadinha para os joelhos no chão. A caneta, essa, continua sem bico e presumo que a morrer de inveja de mim. Um dia arranjo-lhe um bico tão bom como o que nesse dia recebi.

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Estórias de um passado-presente (IV)


Travessa Henrique Cardoso.
De telefone em punho, era guiada até à porta que havia de abrir uma parte do meu destino.
Toquei, abriu-se a porta do prédio, e tenho ideia de ter descido a uma cave. Tenho ideia, porque, de facto, não me lembro. Os pré-conceitos que tinha até então começaram a desfazer-se, mas eu não queria naquele momento percebê-lo. Era mais fácil achar que "isto não é o que parece".
Quem me recebeu - a madame (conceito que só entendi muito mais tarde) - era uma roliça figurinha, com um decote para lá de generoso e um vestido com um padrão... alegórico. Pôs-me a mão no ombro, e aproximou-me para me cumprimentar. Eu, alérgica a beijinhos e abracinhos de estranhos, fiquei meia aparvalhada e deixei-me ir. "Mas que raio?!?!?" - pensava eu.
A sessão de perguntas iniciada via telefone recomeçou. Pareceu-me interesse em perceber se eu era de facto maior de idade, e se de facto era "verde". Tentei responder, não percebendo muito bem a razão do questionário, mas, ainda assim, não me pareceu que fosse "educado" não o fazer. Seguiu-se um despejamento de informação. E aí a cabeça deu um nó. Mais uma cartinha que saia do castelo racionalizado que eu construíra.
Foram-me explicadas as "regras do jogo". Existiam taxistas que traziam turistas até ao apartamento, e que eram recompensados por isso. Existiam anúncios no jornal, mas esses "pagavam mal". Convívio normal, 40€. Convívio completo, 60€. Despachar os homens o mais depressa possível, porque se aparecesse algum "cliente dos táxis" não podia ficar à espera. E os "clientes dos táxis" pagavam melhor. Cem ou cento e vinte euros, dependendo. Com esses não se podia ter pressa, porque se gostassem de nós seriam generosos. Se fosse uma hora, o valor duplicava.
Devo ter perguntado tudo e mais qualquer coisinha. Tudo aquilo me estava a fazer curto-circuito. Estava a tentar pensar no que se passava com os "clientes" enquanto fazia contas aos euros que tinham acabado de surgir na conversa. Somava e subtraia-me enquanto tentava processar o facto de, não tardando muito, ter alguém a entrar pela porta que eventualmente quereria deitar-se comigo.
A conversa era interrompida pelo toque da campainha. Era um dos taxistas que viera falar com a C.. Lembro-me de estar encostada a uma mesa na cozinha, e, enquanto ela ia buscar qualquer coisa para lhe entregar (presumo hoje que o seu quinhão no acordo), ele dirigiu-se a mim. Tocou-me na anca, e disse-me que "um dia destes venho para estar contigo". Tremi. Tremi mais que alguma vez me lembro de ter tremido na vida. Eu era aquilo que até hoje gosto de catalogar-me como "patinho feio". E aquele homem, que na altura me pareceu asqueroso, dizia-me taxativamente que queria qualquer coisa comigo. Não era um príncipe encantado charmoso e cheiroso, como os dos relatos das meninas das revistas. Era um homem "normal", igual à maioria dos homens por quem nunca me passaria pela cabeça até à data ter qualquer tipo de envolvimento com. O que senti na altura (e confesso re-sinto agora ao lembrar) não cabe em nenhuma das dicotomias que uso para descrever sentimentos.
O meu estômago que se queixava desde que decidira sair de casa em busca do que achava que me servia naquele momento protestou com uma vêemencia tremenda. Senti-me mal, e pedi para começar no dia seguinte, com a desculpa que não tinha planeado ficar tanto tempo fora. Ficou aprazada a volta ás quatro da tarde, e até à meia-noite. Saí dali confusa, inquisitiva, a precisar desesperadamente de respostas aos trocentos pontos de interrogação que tinha dentro da cabeça. Voltaria, então, no dia seguinte... Fui para casa a perguntar-me se sim. E acho que só tive certeza, quando toquei novamente à campainha.

Mimi
blog «Sometimes It Happens...»

«Alien X» - por Luis Quiles


"Cada vez que veo Alien el octavo pasajero pienso que está lleno de simbolismo sexual. Y creo que es la película que mas veces he visto, y que nunca me canso de ver...

Este dibujo también me lo eliminaron de deviantART, según ellos por pornografía explícita :s Si quieren saber de verdad lo que es la pornografía explícita ya les pasaré unos links. Mierda de reprimidos sexuales."


Luis Quiles

13 março 2013

Playing with fire

Qualquer beijo clandestino pode revelar-se 
o cavalo de tróia de uma paixão proibida.

«conversa 1953» - bagaço amarelo

Ela - Dói-me a cabeça!
Eu - O que é andaste a fazer?
Ela - Não andei a fazer nada. Acordei com dor de cabeça e pronto.
Eu - Pensei que pudesse ser ressaca...
Ela - Só te disse que me doía a cabeça. porque é que raio partes logo do princípio que me meti nos copos?
Eu - Não parto. Apenas...
Ela - DETESTO INSINUAÇÕES DESSAS!
Eu - Tem calma!
Ela - É QUE ÉS SEMPRE ASSIM. JÁ ME LEMBRO PORQUE É NADA RESULTOU ENTRE NÓS!
Eu - Não precisas gritar, até porque não ajuda nada na dor de cabeça.
Ela - Já me passou!


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

O sanduíche da van é de que? #sandwichvan


Fonte: Gawker

Se você tem algum caso sexual com algum(a) colega de trabalho, então cuidado com as mensagens que envia para ele(a) através do e-mail corporativo.

Cuidados, por exemplo, que Melanie Anderson, uma recepcionista escocesa, não teve quando trocou mensagens bem quentes com um amigo do trabalho, que é seu namorado. Na mensagem trocavam elogios quanto à trepada que tiveram na noite anterior. Até aí, nenhuma falta tão grave assim, a não ser que alguém visse as mensagens. E acabaram vendo, por um descuido de Melaine.

Para avisar aos funcionários da empresa de que a van de sanduíches havia chegado, Melaine enviou uma mensagem de e-mail para o pessoal para informá-los sobre os sanduíches. Mas uma falta de atenção da recepcionista, respondendo aos demais funcionários, deixou escapar no final do corpo do e-mail as mensagens excitantes do casal, esquecendo de apagá-las. Os mais atentos (ou deveria dizer os mais curiosos?), indo até o final da mensagem, acabaram por saber sobre a noite de sexo dos dois, e todos ficaram sabendo o que rola entre os dois: "Eu adoro fazer amor com você, é um máximo" ou "Adorei a nossa transa ontem a noite, você estava toda molhadinha".

Com a falha de Melaine, e a sequência de equívoco dos demais que não perceberam o que havia no final da mensagem, os emails foram disparados para outras companhias petrolíferas e, consequentemente, se espalhou pela internet, virando um meme no twitter e ganhando até a hashtag #sandwichvan.

Tudo isto rendeu vergonhas ao casal, que abandonaram seus empregos, segundo noticiou um correspondente da BBC de Aberdeen.




Obscenatório
http://obscenatorio.blogspot.com.br/

Beleza, para que te quero?!...

Crica para veres toda a história
Inatingível


1 página

oglaf.com

12 março 2013

Arte Erótica

"Lust"

"Oral Exam"
Venham ao blog do Janus e Vejam:  Erotic Sketchbook

Eva portuguesa - «Procuras-me»

Olhas pela janela do teu escritório e observas o sol tímido mas firme que desponta neste dia frio de inverno. Sorris, perdido nas tuas divagações. Comparas-te a esse sol que, embora não tão quente nem tão imponente, teima em não se apagar. E pensas na tua vida pessoal... no que foi, no que é e no que querias que fosse...
Lembras com alguma tristeza e saudade a altura em que a tua vida sexual era como um verão escaldante, ardente, interminável... e como a tua vida sentimental acompanhava essa sofreguidão, essa paixão, esse vulcão...
Se o sexo era um dia de sol aberto com 40 graus, o romance era uma noite harmoniosa à beira mar, a ver as estrelas de mãos dadas...
Onde foi parar tudo isso?....
Não sabes. Algures pelo caminho perdeu-se...
Mas tu precisas disso!....
Precisas de voltar a sentir outro corpo a perder-se no teu, sedento, ardente, dando e recebendo como se não houvesse amanhã...
Precisas de voltar a ouvir gemidos de prazer sussurrados no teu ouvido, enquanto entras noutro corpo tão receptivo ao prazer como o teu....
E conforme estes pensamentos percorrem a tua mente, um arrepio de prazer percorre o teu corpo... o teu sexo responde, crescendo e tornando-se duro... firme...
E então procuras-me...
Procuras-me para voltares a sentir a chama do desejo.
Procuras-me para dares e receberes novamente prazer.
Procuras-me porque sabes que, mesmo por breves momentos, eu me irei entregar e serei tua.
Procuras-me, a mim, um corpo desconhecido, para nele te perderes e encontrares, sem expectativas nem ilusões.
E tornas a procurar-me...
Porque deixei de ser um corpo desconhecido e passei a ser uma segurança, um refúgio, um abrigo.
E sabes que comigo podes ser tu, sem receios, sem promessas.
E procuras-me...
Procuras-me pelo sexo, pela necessidade de saciares esse desejo animalesco que te corrói as entranhas.
Mas procuras-me também para poderes partilhar intimidade, para falares, para seres ouvido...
Procuras-me para voltares a ter o teu dia escaldante de verão e a tua noite mágica de romantismo e intimidade.
E procuras-me porque sabes que aqui, na minha cama, nos meus braços, os irás encontrar.


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

«descanso» - Susana Duarte

descanso
sob as asas ocultas
nos seios

dos teus braços;

sob o sol poente
da noite

do meu ventre;
sob as águas da tua boca
e da corporalidade
do teu ser
descanso
sobre as ondas

descalças

dos poemas
que jazem nas linhas
das axilas,
onde encosto as linhas
do rosto antigo,
e me permito sonhar

cálidas
rubras
manhãs
em que acordo em ti.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto