24 novembro 2013

Postalinho das buracas do Casmilo

Sim, sim, as buracas do Casmilo existem mesmo!








Soluções magnéticas


Deixei-o abrir-me a porta do carro. Foi o primeiro erro. A seguir, aceitei flores que até parecia uma menina educadinha a receber os galanteios de um cavalheiro como no tempo dos meus bisavós.

Estava a vender gato por lebre e porém ainda consegui piorar a má fortuna quando admiti que ele me despisse como quem desembrulha uma relíquia sagrada, sem me mexer um milímetro que fosse e como se ainda não bastasse, em atenção à sua esmerada educação de fornada pasteleira - a dos colégios para meninos queques e copos de leite,claro - nem uma asneirita proferi enquanto os nossos corpos se enroscavam como peças de roupa no tambor de uma máquina de lavar, numa esfrega constante mas apenas com ruído na torcidela final.

A sedução leva-nos pelo caminhos ínvios de não manifestar totalmente a nossa imagem de marca adornando-a com ofertas que aparentam fidelizar o potencial consumidor só que o meu feitio cigano de calcorrear cada dia ardentemente já estrebuchava e atirei fora os paninhos quentes para confessar que estava fodida porque me bastava o tempo profissional para fingir ser quem não era como uma puta e c'um caralho, nas relações pessoais sempre me comportara como um frigorífico: ou o outro sentia uma necessidade magnética de se colar a mim ou caía de vez.

O famoso "McSteamy"...



23 novembro 2013

«dance our way out (of trouble)»


dance our way out (of trouble) from queens of disco sleaze on Vimeo.

«Sentimento de Urgência» - João

"Lembro-me de ter, talvez, uns seis ou sete anos e ver nas telenovelas, na televisão, os beijos na boca – supõe-se que com língua – e pensar para mim que tardava o momento de também eu beijar assim (hoje sei que não desenvolvi da melhor forma esse talento, mas cada um especializa-se numas coisas em detrimento de outras, e o que não faço sentir no beijo, faço sentir em algo diferente). Recordo-me, também, de ser já adolescente e querer, muito, ter relações sexuais. Viria a tê-las numa idade que muitos considerarão tardia, o que fez com que durante alguns anos me sentisse, posso dizê-lo, desesperado. Mas elas vieram, e quando vieram não senti ter perdido nada. Ou antes, dito de outra forma, quando finalmente comecei a ter relações sexuais, não senti saudade de algo que não conhecia, e não lamentei as fodas não dadas antes da primeira. Dediquei-me a viver as fodas que tinha, e nada senti pelas que não tive antes. A vida dar-me-ia muitas fodas doravante. E, em abono do que então senti, posso dizer que desde então já muitas vezes me senti fodido.

Recordo palavras da minha mãe que muito me disse que esta juventude (a minha) queria viver tudo muito depressa. Que descobriam tudo muito depressa e não guardavam nada para depois do casamento. Era a maneira que ela tinha de dizer que se os jovens faziam, em solteiros, tudo quanto podiam, fodendo até partir, o casamento já não traria um objectivo novo senão a junção logística e partilha de aborrecimentos (o que em si mesma é uma visão discutível). Pretendia ensinar-me, de algum modo, que para tudo existe um tempo. Não tive esse talento (e já lá vão dois talentos inexistentes, o do beijo e o da espera).

Quando, passando por um corredor de supermercado, dou por mim a pensar neste sentimento de urgência, de tudo viver não agora mas mesmo ontem, não me alheio. Não projecto isto para outros. Os outros têm este sentimento, e eu também. Também eu tenho pressa. Também eu quero tudo a correr. Tenho medos diversos. Notem: tenho medo de morrer antes de; medo de adoecer antes de; medo de perder algo ou alguém antes de; medo de não ter a oportunidade antes de; medo de já não conseguir aproveitar se. É triste (não?) este sentimento de urgência alimentado pelo medo.

Não me atrevo, naturalmente, a negar que há momentos na vida que merecem que algumas coisas aconteçam. A nossa existência tem alguns compartimentos móveis onde mais facilmente se encaixam alguns dos nossos desejos e necessidades. Mas o sentimento de urgência que nos invade é muitas vezes estranho a esses compartimentos. E quase inexplicável. Insano, a espaços. Consome-nos a ideia de não poder ter já tudo quanto sentimos que nos pode trazer bons momentos. Sabor de felicidade.

E no entanto, talvez não precise ser assim. Nas voltas que a vida (nos) dá, não fechando portas com chaves que se atirem ao rio, talvez consigamos transformar os sentimentos de urgência em algo diferente. Levei muitos anos (à dimensão do meu desejo) até conseguir ter algumas coisas. Quando as tive, a espera como que desapareceu. Na minha mente, os dias de busca e desejo ardente esmoreceram, e todo o meu sentir se dedicou ao que efectivamente estava, já, a acontecer. Portugal aguarda D. Sebastião há séculos. Estou certo de que num qualquer dia de nevoeiro, se ele surgir, a nação esquecerá os séculos de espera, e rejubilará. E é assim que, entre um e outro corredor de supermercado, compreendo que numa vida razoavelmente longa, atirando para trás das costas todos os medos, de coisas que não controlamos e por isso não devem petrificar-nos, desde que em algum momento consigamos aquilo a que nos propomos, não é mais tempo, menos tempo, que verdadeiramente nos rouba o sabor que buscamos."

João
Geografia das Curvas

«Quem se deita sem ceia, toda a noite rabeia» - azulejo de Carmo Saúde (2003)

Azulejo (10x10 cm) pintado à mão, com caixa em cartão.
Desde 2003 na minha colecção.


Um sábado qualquer... - «Photoshop»



Um sábado qualquer...

22 novembro 2013

Boa malha, Scarlett Johansson!


«Sim, nós fodemos» - uma página corajosa (ainda por cima no antro da censura, o Facebook!)

(crica na imagem para acederes à página no Facebook)

A página «Sim, nós fodemos» foi criada em 6 de Novembro de 2013 para, como eles próprios explicam, abordar "a sexualidade em pessoas com diversidade funcional, os chamados deficientes. Porque todos são seres sexuais queremos dar o nosso contributo na informação e educação de toda a sociedade portuguesa, nesta temática que tanto se tem negligenciado. A Sexualidade é o motor mais potente de crescimento pessoal, desenvolvimento da própria personalidade e das relações sociais. Como tal devia ser central nos apoios sociais para pessoas com diversidade funcional".
Está ligada à página espanhola «Yes, we fuck», que - oh, admiração! - foi eliminada do Facebook, "según dicen, por incumplir reiteradamente las normas de uso. Según nosotrxs, censura cutre, sin más. Es cierto que no nos gustan sus normas de uso, pero no las hemos incumplido. Recurriremos y a ver qué pasa, pero de momento sólo podréis seguir el trabajo de «Yes, we fuck» en el blog y en Vimeo" (recomendo os videos).
A Noémia Pinto escreveu um texto excelente sobre esta página e este tema: «Um novo espaço de apoio às pessoas portadoras de deficiência».
É uma causa pela qual vale a pena lutar, como tantas outras ao longo dos 10 anos de existência do blog «a funda São».
Força, malta. Que não vos bloqueiem as rodas quando vocês precisam de andar!

Para além de broncos...

... Gajos que atribuem o uso da língua à falta de virilidade não deviam ser ciumentos ou possessivos.

Durante o sexo #2



Dançando sem César